... perigo.

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Fazem exatos, dois dias que estamos aqui, minha mãe esse meio tempo tenta entender a dinâmica do lugar. Conversa e distribui sorrisos por todos os cantos, assim como eu. Hoje ela literalmente me obrigou a vestir o que parece ser "alta moda". Nada mais é que um vestido azul escuro, com grandes peônias estampadas por ele. Meu cabelo está em um rabo de cavalo tão apertado que posso sentir as minhas veias pulsarem. Brincos de cristais e sapatilhas cor de nada, ou nude como ela costuma falar. Diferente de mim, ela usa um vestido cinza estilo tubinhos e saltos. O que me assusta, pois ela está dentro de casa.

"Hola muchachas"  Daniel aparece atrás da gente, vestido tão bem quanto. Blaze Versace, e calças cinza junto a uma blusa preta. "Vocês estão magníficas" ele dá um beijo em nossas mãos. "Gisella, gostaria de dar um volta pela não tão grande cidade?" Ele me olha e enfim consegue me tirar um sorriso sincero, olho para a minha mãe que assinala que sim.

"Por favor" falo a ele que estende seu braço para que o acompanhe e assim eu faço.
Andamos até a saída da casa e então paro a frente de um Camaro, um conversível vermelho. Meus dedos percorrem toda a lataria e o olho em surpresa "É realmente seu?" Indago.

"Era da minha mãe" ele me olha e coloca os óculos escuros. "Ela morreu que nem o seu pai" ele entra no carro e me deixa ali meio confusa.

Entro no carro e prefiro não entrar mais naquele assunto. Daniel abaixa o teto solar e saímos pelo portão do lugar.
Respiro, enfim o ar livre do. E em segundos estamos na região central. Vejo um mercado, padaria, confeitaria e lanchonete um do lado do outro. Parece um lugar normal e bem hospitaleiro.
Paramos em uma rua, e todos nos olham, não sei bem se pelo carro ou pela presença de Daniel que da bom dia a todos assim que começamos a caminhar pela calçada.

"Quer um?" Ele me mostra um cigarro, faço que não com a cabeça então ele tira o isqueiro dourado do bolso "Não é chato?" Paramos quando ele fala isso.

"O que?" O olho e vejo sua íris me encarar e olhos fecharem "O que?" Repito.

"Fingir..." ele volta a andar e dou uma pequena corrida até ficar novamente ao seu lado " Você fica dando sorrisos por aí, bom dia, boa tarde, boa noite. Mas no fundo você queria dar um grande foda-se pra tudo isso aqui. Eu sei, também faço isso" ele solta uma grande quantidade de fumaça no ar.

"Eu não estou fingindo" falo meio sem jeito, ele estava certo.

"Bom, você é péssima nisso" ele anda rápido e tento acompanhar seus passos.

Chegamos em uma espécie de clube, Daniel cumprimenta a todos com sorrisos beijos e abraços. Me apresenta a todos e os cumprimento falando meu nome. Sentamos em uma mesa, perto a uma pista de corrida de cavalos? Vamos realmente vê cavalos correndo em um sol quente, para pessoas ricas ficarem ainda mais?
Sento, bato palmas assim que o nome de alguns concorrentes são falados. Daniel está empolgado enquanto conversa com um rapaz de pele bronzeada com certa intimidade, Nate é o seu nome. Não que ele tenha se apresentado, apenas ouvir Daniel falar pelo seu nome na conversa. Será que tenho que avisar quando quero ir ao banheiro?
Sem pensar, levanto e sinto o gelado na minha costa junto ao grande barulho de taças e bandeja caindo ao chão.

"Ai meu Deus, me desculpa" tento ajudar ao rapaz com camisa amarela bebê e símbolo do clube estampado  "Eu ajudo você" pego um vidro e ouço a todos gritarem enquanto os cavalos começam a correr. Parece que eles nem notam o que acabou de acontecer, olho para o crachá do rapaz e digo seu nome "Troy? É seu nome né? Me desculpa eu não vi você" o menino parecia bem jovem, seus quinze ou dezesseis anos. Cabelos pretos, olhos castanhos escuros.

"Ah tudo bem" ele levanta e em seguida põe todos o cacos de vidro em sua bandeja se retirando dali.

Sigo meio atordoada pelo quantidade de pessoas em pé gritando, e falando sobre quem ganhou a corrida. Procuro algum tipo de placa que sinalize banheiro e bato em algo, ou alguém. Que se quer consigo olhar o rosto. Tem botas pretas, calças e uma jaqueta da mesma cor. Cabelos pretos, e não consigo ver seu rosto. Vejo alguns funcionários falando e olhando para algo, me aproximo e quando vou perguntar aonde é o banheiro, o barulho fica ainda maior e uma grande gritaria vem da mesa aonde estava sentada. Faço o sentido contrário e observo melhor a cena. Vejo o cara da jaqueta preta distribuindo vario socos no amigo qual Daniel conversava minutos atrás. Daniel tenta puxar o corpo no cara que segura o colarinho do seu Versace sem largar de seu amigo. Posso até apostar que ouvir o Daniel chamar pelo seu pai por alguns instantes, pelo medo em sua voz. Sem pensar muito, pego uma garrafa e sigo a direção da cena. Chego perto e enfim encaro o rosto dele, tem uma pele branca, barba cheia e escura. Seus olhos são castanhos e sua boca tem um tom rosado, na sobrancelha tem piercings e uma cicatriz abaixo dos olhos, qual me faz perceber que aquela não é sua primeira briga. Talvez tenha passado tempo demais analisando-o. Ele larga o amigo do Daniel e me olha.

"Larga ele, se não eu juro que vou quebrar isso na sua cara" falo em sua direção ainda segurando Daniel pelo colarinho.

Daniel pega uma taça de champanhe e joga em direção a ele qual cambalea e põe o braço na direção dos olhos "Corre!" Ele diz ao passar pelo meu lado, eu me encontro ali, parada segurando a garrafa como se fosse um taco de basebol com todos me encarando. Deixo a garrafa na mesa e corro em direção ao Daniel que já está bem longe de mim, posso sentir mesmo de costa que o olhar daquele homem me segue por todo o caminho.

"Meu Versace" Daniel lamenta mais uma vez no trajeto de volta para casa "Michael me deve um Versace" ele diz, rindo?

"O nome dele é Michael?" Disparo, e o encaro em confusão.

"É, mas é bem melhor você nem saber" ele volta a atenção na direção "Esse cara é o maior perigo de Hughs" ele dessa vez fala sério.

"E por que ele te bateu afinal?" Apoio minha mão em meu rosto sobre a janela aberta do carro.

"Ele não me bateu..." ele se acomoda no carro. Dou uma pequena gargalhada "E você ia fazer o que afinal com aquela garrafa?"

"Ajudar você... você ia levar uma bela surra. Mas não me respondeu, por que ele quis tanto bater no seu amigo? E em você?" Disparo e solto um sorriso.

"Posso te falar... eu não sei" ele liga o som, e começa a cantar uma música qual jamais ouvir na vida.

(...)

Passo o resto do dia na maior adrenalina possível, aconteceu tanta coisa. Mas realmente me sinto viva depois de tudo. O jeito que aquele homem me olhou, parecia que seria capaz de descobrir todos meus segredos só com o um olhar. Penteio o meu cabelo recém lavado e enfim ponho uma calça jeans e camiseta branca, o meu melhor.
Acabamos de jantar, sem a presença do Olli o que deixou a minha extremamente chateada. Parece que ele está em uma reunião demorada em seu escritório. Agora estou aqui no quarto, tentando entender o que fazer para passar o tempo nesse lugar.
Vou até a janela, arrasto as cortinas e abro as janelas respirando o ar puro da noite. Encaro o andar de baixo e... meus olhos encaram aquela figura logo abaixo, as mesmas botas, calças e jaquetas. Seu olhar encontrar o meu e respiro tão pesado que é capaz de ouvir. A íris dos seus olhos tem um tom avermelhado. Ele me encara tanto o quanto. Dou dois passos para atrás, perdendo o campo de vista da janela. Ao voltar, ele não está mais lá.

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