Gisella.
"Tomou o remédio?" Volto a si com a voz doce da minha mãe ao meu ouvido "Você sabe que precisa tomar" Ela mostra o frasco amarelo a minha frente. Levanto da pequena cadeira de madeira, que range ao chão de taco.
Puxo uma xícara e encho de água, o que faz a minha mãe revirar os olhos por não tomar água em um copo, afinal, tudo não é pra líquidos? Observo mais um pouco a minha mãe, amontoada em uma pilha de caixas, empilhando livros e livros dentro delas, junto a uma pilha de jornais.
"Ele não é rico? Ou coisa do tipo?" Pietro, meu irmão gêmeo e terrivelmente idiota puxa uma caneca de dentro de algumas caixas, olhando para ela com confusão nos olhos. Ele tem os cabelos cacheados cor de mel, quais puxou de nossa mãe. Já que os meus são lisos. Junto a pequenas sardas no rosto e olhos verdes, esses sim iguais os meus que faz nos lembrar que partilhados o mesmo tempo nessa terra. "Eu aposto que ele não vai precisar de livros e canecas na mansão dele" ele me mostra a caneca, e ao mesmo tempo me olha em repreensão "Você..." ele caminha ao meu encontro e aponta o dedo para o meu rosto "... está horrível" e em seguida lança um sorriso de lado.
"Pietro!" Minha mãe enfim levanta do amontoado de caixas com o seu tradicional vestido verde musgo de tricô "Se não vai ajudar, por favor não atrapalhe" obviamente, repreender meu irmão não me teria como motivo. Ela volta a fazer o que fazia antes, falando a todo momento ao Pietro que ele deve tomar conta da casa na nossa ausência. O que me faz lembrar o motivo de eu ter que ir com ela.
Hoje fazem dois meses desde a minha vigésima quinta crise.
Desde os meus dez anos de idade, até os meus atuais dezoito. Enfrento diversas crises de ansiedade e pânico. Tudo aconteceu desde a trágica morte do meu pai. Qual talvez, eu nunca irei superar.
Meu pai morreu aos meus braços, depois de um ataque cardíaco. Estávamos em um belo dia de pai e filhos. Andando de patins no ginásio recém lançado de gelo na cidade. E de uma hora pra outra, tudo acabou. Lembro de está com os joelhos naquele chão de gelo frio, tentando carregar o peso três vezes maior que o meu. Gritando por socorro e vendo meu irmão cambalear pelo gelo tentando chegar até a gente.
Me assusto com o toque de celular do meu irmão. Que fala estridentemente com alguém. Olho para ele e tento entender, como as nossas vidas se tornaram totalmente opostas? Ele sempre fez isso tão bem.
Foi capitão do time de futebol americano na escola, namora a líder de torcida da mesma, e recentemente ganhou uma bolsa de estudos na faculdade. E posso apostar que malmente ele sabe o que é uma hipotenusa. E por esse motivo ele terá a casa toda para ele. E eu? Bom. Talvez eu tenha que depender da minha mãe para sempre. Mas se isso a deixa feliz, eu realmente não me importo.
Lavo a xícara qual acabei de tomar água e a ponho no armário, fecho e meu reflexo na porta qual tem um pequeno espelho do mesmo, me assusta. Meus cabelos por si pedem socorro, em um dread quase natural. E minha blusa azul bebê de algodão, dez vezes maior que meu corpo tem amarrotados."Eu acho que vou tomar um banho" falo em um tom mais alto. A minha voz depois de tantos remédios tem um grave mais baixo.
"Você arrumou suas malas?" Minha mãe diz, colocando mais algumas coisas em suas caixas.
"Vamos sair em meia hora."Na verdade as minhas malas já estão prontas a três noites atrás. Por conta da ansiedade, as fiz e refiz. Apenas sinalizo que sim, e subo em direção ao banheiro.
(...)
"Pietro! Eu vou repetir mais uma vez..." minha mãe fala mais uma vez as trocentas mil recomendações quais acabou de dizer ao meu irmão. Quais, eu sei que ele vai fazer questão de não seguir. Enquanto eu termino de fazer uma pequena trança no meu cabelo, sentada em uma das caixas da minha mãe depositada na calçada de casa. Na minha cabeça percorre mais uma vez a questão de: será se coloquei tudo na mala?
"Gisella... você vai acabar quebrando alguma coisa" minha mãe puxa um dos meus braços, fazendo com que eu levante. Dessa vez visto calça preta e blusa branca.
"Você entendeu, não é?" Minha mãe volta a direção ao Pietro mais uma vez, qual revira os olhos e faz menção que sim "Ótimo, agora pegue essa caixa e ponha no porta malas" ela orienta meu irmão que assim faz. "Arrume esse postura" ela ergue meus ombros.Entramos no carro, a sua savero ano 2015. E seguimos a direção do pequeno povoado a três horas daqui. Minha mãe buzina ao meu irmão que lhe dá um pequeno tchauzinho. E um dedo do meio a minha direção quando ela vira pra frente. E então, enfim, ela acelera.
20:00
A placa de bem vindo a "Hughs" aparece no para brisa fazendo a minha mãe distribuir pulinhos de felicidade. O que eu agradeço, pois assim ela é interrompida do seu discurso de como a nossa vida seria diferente naquele lugar. Quando a minha mãe conheceu Olli, em uma das reunião da empresa do meu pai. Eu me assustei pelo seu entusiasmos e a capacidade dela largar tudo, em tão pouco tempo.
Olho para a janela e vejo uma movimentação a frente qual me faz abrir um sorriso, está bem escuro mas posso ver luzes assinalando o que parece ser uma pequena praça. O barulho estridente de uma moto me assusta, olho diretamente para o lado, através da janela ainda fechada enquanto a minha mãe grita e xinga o motoqueiro que acaba de passar ao nosso lado. Observo melhor a moto, e não consigo ver bem quem seja por baixo de roupas pretas. A moto cruza a nossa frente e entra em uma curva de terra no meio da mata, e some em direção da mesma.
Observo o rosto rosado da minha mãe ao xingar até a décima geração daquele pobre homem.
Comentamos mais sobre as casas que estão ao nosso redor. E procuro no gps qual seria a casa do prefeito, sim, a minha mãe namora o prefeito do lugar. Recém eleito."Aqui!" A minha mãe freia e me assusto olhando-a "É aqui" Realmente é aqui, como o gps mostra.
Estamos na frente de um portão de ferro, qual parece ter origem inglesa. Os muros estão cobertos de folhas e galhos misturados a flores rosas. Assim que os faróis batem nos ferros, o portão se abre. Fazendo a minha mãe gritar um grande "uau" dentro do carro. A medida que adentramos o lugar, podemos ver flores em todos os ambientes. Junto a uma grande fonte de água, jogando água através da boca de um peixe feito de pedra. E na escadaria, está Olli junto a um homem de paletó preto falando com alguém por um fone. Mal vejo que estamos estacionadas logo à frente. E minha mãe salta do carro dando um grande abraço em seu namo... marido? Eu nem sei bem como me referir a essa altura. Olli enfim me olha quando já estou fora do carro e o olho para sua aparência esguia em um jogo de terno e calça cinzas, que contrastam com seus olhos azuis e cabelos grisalhos.
"Ahhh, oi Gisella. É um prazer enfim conhecer você" ele diz ao estender sua mão em minha direção.
"Olá, prazer é todo meu" estou mostrando todos meus dentes, da forma mais amigável do mundo. Como a minha mãe me ensinou.
Caminhamos para o que parece ser um tour, pelo grande lugar. Qual eu posso apostar que irei me perder algum dia.
"Enfim chegaram" uma voz masculina nos faz virar para trás e encarar o dono em questão "Prazer, Daniel May" o rapaz, que está no auge dos seus 20 anos nos estende a mão.
Olho para a minha mãe um pouco confusa, qual me olha como se tivesse escondido algo.
"Se você não apertar eu realmente vou ficar sem graça" ele diz com um sorriso lateral."Ah não, me desculpa" aperto sua mão "Você é o filho dele?" Pergunto como se isso saísse direto dos meus pensamentos. O mesmo faz que sim com a cabeça. Os olhos são realmente bem parecidos com o pai. Mas diferente, ele veste um a camisa manga comprida branca e calças jeans, junto a tênis, tem cabelos curtos loiros e um jeito meio egocêntrico.
Ele agora nos acompanha.(...)
Estou em um quarto com uma cama de madeira europeia, cortinas de rendas brancas parecidas com a colcha de cama.
Junto a minha mala tento entender, como vim parar aqui? E o que vou fazer pra esse quarto ser tão parecido comigo? As cores são frias, sem vida algumas. Já jantamos, e agora todos estão em seus quartos. Começo a olhar para as paredes e aquilo tudo vai me dando uma grande agonia."Não... não... não" seguro as mãos entre o peito e tento respirar da forma mais calma possível. Tropeço um pouco até tentar achar um jeito de abrir a janela do quarto e esperar o vento gelado da noite entrar pela narinas. Abro os olhos e encaro o andar de baixo, qual é direto para outro jardim. Dou um passo atrás ao perceber alguém atravessando o mesmo e entrando na casa. Não consigo ver quem seja, mas seja quem for, não queria ser visto.
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Atenção, perigo!
RomansaGisella Hastings é uma menina calma, e capaz de esconder suas maiores fraquezas pela felicidade de sua mãe Megg, que começa um romance com Olli May, prefeito de um pequeno povoado chamado "Hughs". As duas passam a viver na alta sociedade do lugar...