O ar gélido bate em meu rosto, fazendo as maçãs dele queimarem. A medida que ele acelera. Ele tem um cheiro tão bom... Não!
Abro os olhos, me afasto um pouco mais do seu corpo. Isso é a última coisa que pode acontecer agora. Eu já me envolvi com caras, não como o Michael, eles me levaram pra um fundo de poço ainda maior. Josh, quando eu tinha doze anos foi meu primeiro amor, eu imaginei até o meu vestido de noiva para casar com ele. Tinha cabelos ruivos, sardas no rosto, óculos de armação quadrada, e era um gênio. Fomos vizinhos por toda a vida. Nunca passamos de apenas um amor platônico, e esse totalmente da minha parte. Já Ioan, tinha 14 anos, talvez ele tivesse 16, não sei ao certo. Conheci na igreja, sim, na igreja. Quando meu pai morreu, minha mãe tentava de várias formas encontrar algo para confortar nossos corações, o que obviamente não deu certo. Ioan tinha cabelos castanhos, pele preta, e um sorriso encantador. Era o típico menino perfeito, filho do pastor, planeja fazer intercâmbio, encantava a todos. Ficamos amigos, o pouco período que íamos até a igreja. Demos o nosso primeiro beijo atrás da igreja, quando pegamos algo para seu pai. Lembro-me da sua cara de assustado, e como ele dizia que isso era impróprio. Depois disso, nos afastamos.
Tive vários encontros, várias conversas, e uma primeira vez extremamente horrível. Na formatura, não sei bem o que foi aquilo, mas é algo que não gostaria de repetir. Malcom, amigo do meu irmão, que levou um belo soco dele quando o mesmo revelou para todos a nossa aventura, só esqueceu deu falar a parte que foi desastrosa.
Mas nenhum deles era como o Michael, ele cheirava a algo... quente? Isso é possível?
Ele tem um jeito de olhar, diferente, de falar. Não que eu esteja gostando dele, ou algo do tipo. Mas Michael Scoot, com toda a certeza, é uma atração inevitável."Você pode descer?" Ouço sua voz, consigo entender aonde estou. Em frente a casa de Olli.
"Gisella?" Maldita voz."Claro..." enfim balbucio. É terrível! O jeito que eu perco as palavras, torna-se patético. Seja como for, da forma que for. Ficarei longe dele, por toda a minha trajetória aqui nesse lugar. Desço da sua moto e não olho para ele, em nenhum segundo.
"Você não costuma agradecer né?" Posso apostar que deve está sorrindo. Ele é previsível.
"O que Olli tem haver com isso?" É normal, as lembranças correm na minha cabeça de uma forma pouco embaralhada. Mas lembro-me bem, um dos homens falou o seu nome no meio daquela conversa o tanto estranha.
"Boa noite" ele volta as mãos em sua moto. Em um movimento rápido estou ao seu lado, seguro uma das suas mãos para que ele não acelere. Seus olhos estão cravados aos meus, suas pupilas dilatam "Pode me soltar?" Ele parece tão... calmo?
"Seja o que for..." o largo e volto a me afastar, cruzo meus braços "Eu vou descobrir sozinha, não preciso de você" tento convencer a mim mesma sobre isso. Observo, o som da sua gargalha e o jeito que ele joga sua cabeça para trás.
"Todo mundo precisa de mim na merda desse lugar" sua voz é como flechas, o jeito que ele parece ser tão dono de tudo. Michael enfim volta a ligar sua moto, acelera e sai daquele lugar.
Vejo sua imagem se fundir na cor escura daquele asfalto.
Michael já esteve aqui, várias vezes. Não sei bem, mas vou descobrir o que ele e Olli falam todas as noites. Talvez isso seja um modo de passar o tempo. E ficar o mais longe possível da sua presença. O que é totalmente controverso, pois ele é exatamente o assunto.
Os portões se abrem, e me fazem levar um belo susto. Ando em direção a casa, esperando o grande sermão qual minha mãe me dará."Gisella?" Sua voz surge de algum lugar "Gisella venha aqui agora" ela parece preocupada. Entro em uma das salas daquele lugar, minha mãe segura dois tecidos em suas mãos. Um azul turquesa, e um verde royal "Quais destas cores você acha mais bonita para o evento beneficente?" Ela diz e me olha sorridente.
Sério? Talvez ela nem mesmo tenha notado a minha ausência o dia todo. Aponto para qualquer uma das cores e saio dali.
Minha cabeça dói, e me sinto tão suja. Caminho por entre os corredores, tentando mais uma vez achar as escadas do lugar. Meu braço é puxado para dentro de algum dos lugares, distribuo um belo soco, seja lá quem tiver feito isso. Talvez não tenha sido um belo soco, visto que Daniel não move um dedo para longe de mim."Eu não falei pra ficar longe dele?" Ele penetra os olhos azuis nos meus "Que merda Gisella, em vês disso. Você ficou a merda do dia todo com ele?" Ele fala tão rápido. Estamos dentro de um armário, que guarda pratas e louças, tem uma pequena lâmpada que está ligada a um fio mexendo-se de um lado para o outro "E você deveria usar isso sabia?" Ele tira o meu celular do bolso.
"Espera... você entrou no meu quarto?" O encaro. Ele entrou no meu quarto? Que tipo de privacidade existe nessa casa?
"É claro que sim" ele está realmente tão estressado "Sua mãe disse que estava no clube, o que obviamente não é verdade, pois eu estava lá" ele me encara mais uma vez "Seja o que for que você tenha feito, fica longe do Michael" ele diz.
"Seja o que for" aproximo meu corpo ao dele "O seu namorado não fica longe dele também" jogo no ar. Sério?
Daniel não fala absolutamente nada, apenas sai sai do lugar soltando fogo.
Ok, talvez tenha passado do limite. Mas é algo extremamente curioso, a forma que Nate e Olli estão envolvidos com tudo isso.
Saio dali, e procuro mais uma vez as escadas. Elas estariam na direita?
Sim, na direita. Ando mais uma vez e enfim a encontro.(...)
Tomei um belo banho, confesso que tive um pequeno medo de um peixe ter pulado da minha roupa, vindo daquele córrego. O que me faz lembra a cena, e o quanto fui idiota. Como eu pude ter puxado ele daquele jeito?
O jeito que seu corpo caiu, quase em cima ao meu. O macio da sua pele... eu vou esquecer ele. São uma da manhã, optei por ficar no meu quarto todo esse tempo. Pois se eu encontrasse a minha mãe mais uma vez, eu não saberia escolher mais cor alguma de tecido. Meu estômago revira de fome. Eu não coloquei uma comida na barriga depois de quase devorar um prato de batatas fritas, entre uma tacada e outra de tênis. Ou seriam raquetadas?
Lá se vai mais uma luta, de como achar a cozinha, mas que devo encarar. Faço um coque no alto da cabeça, junto a um short de seda rosa de rendas. Coisa totalmente comprada pela minha mãe, junto a uma blusa moletom cinza da minha antiga escola. Deveria colocar algum tipo de sutiã que cobrisse mais meus peitos, afinal odeio o tamanho exagerado quais eles nasceram. E por esse motivo, não uso nenhum tipo de decote. Mas estou com fome demais para pensar nisso. Algo que também não gosto são sandálias, caminho sem elas.Percorro alguns corredores. E consigo ouvir algumas vozes, não sei bem de onde vem. Meu lado curioso, obviamente grita mais que a fome. Sigo as vozes, e logo estou a frente de uma porta preta, diferente de tudo. Tem uma fechadura digital. Tento colocar mais o meu ouvido perto, porém ouço passos vindo em direção a saída. Não sei bem para onde ir, estou rodando no mesmo lugar. Existe uma porta pequena logo ao lado, entro e deixo-a um pouco aberta, para que eu possa observar mais a movimentação. Alguém está de costa para mim, com roupas pretas... cabelos pretos.. e a corrente prata. Michael, ele está aqui. A porta bate completamente e perco meu campo de vista.
"Que barulho foi esse?" Olli diz.
"Eu não ouvi nada, seja o que for que ainda quiser me falar. Fale outra hora, estou atrasado pra uma coisa" Michael diz.
Não ouço mais passos, e respiro fundo.
Que droga! O que tipo de coisa Olli tem com Michael? E o que eles conversariam depois. Tento abrir a porta, mas alguém abre antes."Você é extremamente intrometida, e obviamente não consegue ouvir atrás da porta sem fazer barulho" Michael diz e entra naquele lugar comigo, está escuro, ele liga a lanterna do celular abaixo do seu rosto "Eu vou falar só uma vez..." seu corpo empurra o meu que bate diretamente na parede "Fique longe de tudo isso" estou tentando, juro que estou.
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Atenção, perigo!
RomanceGisella Hastings é uma menina calma, e capaz de esconder suas maiores fraquezas pela felicidade de sua mãe Megg, que começa um romance com Olli May, prefeito de um pequeno povoado chamado "Hughs". As duas passam a viver na alta sociedade do lugar...