Obrigada.

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Ele está bem ali na minha frente, dessa vez com camiseta branca em baixo da sua jaqueta preta, calça e bota são praticamente as mesmas por um detalhe ou outro diferente. Seus cabelos estão úmidos e jogados para trás, ao lado da boca tem um pequeno corte e seus olhos estão estranhamente acostumados com aquele lugar.

"Michael né?" O encaro ainda com o braço tapando um pouco da claridade a minha frente. O encaro mais um pouco, e tento entender o que ele quer comigo "Olha eu não sei qual é o assunto entre você, o Nate e o Daniel. Mas eu não tenho nada haver" estou com medo? Estou com medo. O cara tem praticamente um e noventa de altura e posso apostar que se ele quiser me mataria ali mesmo e ninguém daria conta.

"Eu não tenho problema algum com eles" ele se aproxima mais, fazendo eu dar os dois passos de volta ao meu lugar "Ou você acha que eu os convidaria para a minha festa?" Ele sorriu, seus dentes são tão brancos que posso ver até na penumbra da noite "Escuta aqui, ninguém está aqui sem eu ter convidado" ele aproxima seu rosto na direção do meu e coloca seu rosto na altura da minha orelha, fazendo com que eu apoie as minhas duas mãos em seu peitoral na tentativa frustrada de lhe afastar "Inclusive... você" ele tem um timbre de voz, tão diferente. Que foi capaz de fazer todos os meus pelos arrepiarem.

"O que você quer?" O encaro, nosso olhos se fundem um ao outro e o flash de luz é apagado fazendo as pessoas gritarem mais ainda, meu corpo bate em alguma coisa e tateio tentando achar o que é. Logo a luz volta, e ele não está mais ali. Vejo Daniel, do outro lado, me olhar desesperado e me chamar até ele. Obviamente, vou até ele.
Estou queimando, a minha bochecha está em chamas. Meu coração acelerado, diferente de tudo, a adrenalina faz minhas veias pulsarem "Ele estava aqui, ele me chamou sabia?" Minha voz sai tão baixa, tão confusa que ele não consegue entender.

Daniel me puxa pelo braço praticamente a noite toda, falando com algumas pessoas. Nate me encara de um jeito, nenhum pouco agradável. As pessoas estão mais agitadas, e tento a todo momento caçar a imagem de Michael ou Troy pelo lugar.

"Água" falo ao Daniel, que me olha confuso "Eu realmente preciso de água" lhe indago "Eu vou pegar ali" ele tenta falar alguma coisa mas não deixo que termine "É só água, eu só vou pegar uma água ali e já volto. Fique um pouco com o Nate, ele precisa" chacoalho a cabeça em direção a ele.

Me afasto um pouco de Daniel, pego meu celular e reviro os olhos a ver que já está desligado e sem bateria. Vou até um contêiner com gelo, lá tem várias bebidas e um cara cobrando por elas. Eu realmente não tenho dinheiro e nem celular para comprar uma.

"Pode dar uma pra ela" Troy surge ao meu lado com seu bom sorriso. O homem que a vendia faz uma pequena careta e Troy enfia a mão no gelo me dando uma água "Água é o que as pessoas menos bebem aqui" ele sorrir. Quando vou perguntar alguma coisa. As luzes terminam mais uma vez. Diferente das outras vezes, a música também para "Ah droga!" Troy solta no ar e tento achar seu corpo, enfim seguro sua mão "Vem comigo, ele não vai gostar nada disso" ele me puxa e saímos tropeçando em várias coisas.

Corremos tanto, que posso apostar está suada. Pelo caminho ouvimos sirenes policiais, pessoas gritando os nomes umas da outras e até mesmo eu chamei pelo Daniel, em vão. Troy me puxa, por entre as árvores, ele parece saber exatamente aonde vai. Cada vez que andamos mais, tudo fica silêncio. E o pergunto todas as vezes aonde vamos, Troy só repete que "ele iria o matar". Passamos por mais algumas árvores, e o que parece ser um pequeno córrego que molha minhas botas. Na minha frente, vejo sequências de trailers, com luzes penduradas entre eles. Entramos em uma área mais aberta e limpa de árvores.

"Aonde você estava?" Essa voz. Michael sai de dentro de um dos trailers enfurecido e puxa a gola da blusa do menino "Eu falei pra você não está lá? Não me ouviu?" Ele o larga, talvez nem tenha notado a minha presença.

"Eu não sou seu pombo correio tá?" O menino não parece ter medo dele "E a propósito, você se vira com ela" Troy me olha e segue em direção a um dos trailers, nos deixando ali, os dois sozinhos.

"Eu não... eu" estou gaguejando? Sério "Não devia falar assim com ele" cruzo os braços de forma indireta.

"Ele..." Michael suspira e põe as mãos na cintura de forma rápida "Ele é a porra do meu irmão" ele me encara como se tivesse o trunfo em suas mãos.

"Ele só me ajudou tá?" O encaro, ficamos em uns segundos de silêncio "Eu preciso só de um carregador" tiro o celular do bolso e... "Droga... DROGA!" Meu remédio, deve ter caído em algum lugar.

"Eu vou te levar pra casa" ele parece falar sem paciência alguma. Michael vai até sua moto que estava ao lado de um dos trailers e a liga vindo em minha direção "Sobe!" Ele ordena.

"Não obrigada, vou andando" dou meia volta e sigo em direção a mata fechada, serrando os punhos e tentando lembrar de onde saímos.

"Você vai entrar nessa mata e ir pra sua casa que é do outro lado?" Ele fala, então giro meu corpo e o encaro, pelo que ele assinala eu moro na outra direção "Sobe logo na moto" ele diz fechando e comprimindo os olhos a medida que fala "Vamos poupar nosso tempo, é só não falar mais nada, eu te deixo na sua pequena mansão e você só me fala um belo obrigado no final, pode ser?" Ele me encara mais uma vez, dessa vez nos olhos.

"Que seja..." me dou por vencida "Você me colocou nessa merda mesmo" Subo na sua moto, sem o mínimo de contato possível. Posso ouvir sua pequena risada sarcástica. A moto, as vestes... e até o barulho que ela faz quando ele ligou. Era ele, a primeira pessoa que eu vi nessa cidade foi exatamente ele.

Estamos indo de volta a estrada. Apenas com o barulho do motor da sua moto, na estrada de terra e agora alguns respingos de chuva caem sobre a gente. Em uma das manobras, penso que vou cair e seguro forte por volta do seu corpo, ou ao máximo que minhas mão conseguem chegar.
Logo estamos em via asfaltada, e posso agradecer por isso. Em minutos estamos na frente da mansão. Ele estende a mão para me ajudar mas o ignoro descendo sozinha.

"Obrigada" digo sem olhar para ele.

Os portões se abrem e apenas ouço sua moto indo embora. Entro na sala e vejo Daniel com o controle do portão da frente me olhar apreensivo.

"Eu falei pra você atender a droga do celular"ele me abraça. Ele realmente estava preocupado "Que droga! Você veio andando, como chegou aqui?" Ele analisa todo meu corpo.

"Michael... ele me deixou aqui" falo um pouco envergonhada. Daniel larga meu corpo e anda de um lado pro outro.

"Nunca mais fale com Michael Scoot" ele se aproxima de novo "Tá me ouvindo? Nunca mais" ele volta a me abraçar.

Atenção, perigo! Onde histórias criam vida. Descubra agora