Você não entende | Danielle Marsh

584 87 24
                                    

"Maktub, filha! O que for pra ser, vai ser." Minha mãe fala sentada ao meu lado respirando fundo e "conectando nossas áureas". Eu amo esse lado de energia para
minha mãe, todo mês a gente se reune assim para fazer um pedido à Deus e se conectar com o universo.

Eu acho isso incrível, mas ainda sou mais eu, minha energia de desenhar e pintar.

"Talvez se um dia você desse oportunidades a outras coisas, como cantar, dançar, compor, e nunca deixar de desenhar, você ia entender."
Meu pai fala se sentando ao nosso lado e minha mãe afirma cada uma de suas palavras.

Eu fico calada, mas pensativa. Entender o que? Eu não preciso entender nada. Eu já sei que eu não tenho vocação para nada disso, bem, talvez eu tenha em compor, mas em cantar? Dançar muito menos.

Eu queria tanto que Hanni conseguisse algo com Minji...Fico mal por ela. E se eu...E se...Ah vai.

Subo para o meu quarto, pego meu caderno, meu lápis, minha caixa de lápis de cor e começo a desenhar a estrutura corporal das duas garotas.

Um beijo? Brega.

Um abraço. Aceitável.

Término o "esboço", pego uma tela e algumas tintas específicas. Primeiro desenho que eu quero que se torne realidade que eu transfiro para a tela...Tem que dar certo!

Começo a pintar e contornar.

Ficou incrível! Quero ver alguém duvidar de alguma capacidade minha com o futuro!


Danielle Marhs, 8 anos.

"Filha, não podemos ir na sorveteria hoje. Desculpe! Acho que está fechada e já está tarde." Minha mãe fala me fazendo ficar emburrada sentada na porta de casa.

Eu queria tanto tomar sorvete, eu amo sorvete, eu queria tomar, eu quero, eu consigo.

"Mamãe, por favor!" Tento convencê-la mas não dá certo. E se eu fazer um desenho de nós duas indo para a sorveteria? Um sol lindo e todas as pessoas felizes? Será que ela acha lindo demais e se convence...

Fiz! Ficou lindo até demais, isso devia ser uma obra de arte, isso sim.

Convencida, eu vou mostrar para minha mãe.

"Não, mas o desenho ficou lindo, filha." Ela fala e eu me sento emburrada novamente no mesmo local onde estava antes. Que chatisse!

Deixei o desenho de lado e fui entrar em casa para assistir a "TV".

Passaram-se alguns minutos, minha mãe desceu com um sorriso no rosto, o dia se abriu mais, meu pai ofereceu carona e ela disse "Vamos a sorveteria, Dani!" No mesmo instante eu me levanto e calço meus sapatos.

Eu amo desenhar.

Danielle Marsh, 17 anos.

Vamos esperar até segunda-feira.

𝗕𝗔𝗦𝗤𝗨𝗘𝗧𝗘 𝗲 𝘃𝗼𝗰ê | NWJNSOnde histórias criam vida. Descubra agora