De um jeito meio esquisito

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Gamora

A um tempo eu comecei a beber sozinha, na verdade, a uma garrafa atrás, desde que Peter decidiu que estava em seu limite.
Não me importo, eu não me recordo quando foi a última vez que me senti tão bem, tão aliviada e despreocupada. Meu corpo parecia estar anestesiado mas eu ainda estava bem lúcida.

Passei a língua pelo meu dedo indicador quando senti a bebida escorrendo por ele e fitei Peter que me encarava já a algum tempo.

— O que está olhando ?

— Nada.


— Está tarde né ? Melhor eu ir embora. Vim apenas devolver a sua carta, nem deveria ter ficado. — Falei quando a consciência começou a pesar e eu pude ver as horas em um relógio de cabeceira.

— Ou você pode ficar... Quer dizer, já está tarde para você pilotar.

— Eu deixo em piloto automático. — Respondi dando os ombros.

Quill abriu a boca várias vezes, mas nenhum som saiu por seus lábios. Até que ele ergueu a mão indicando que eu deveria esperar e foi para o fundo de seu quarto, mexeu em algumas gavetas e voltou com uma pequena caixa.
Ele colocou a caixa em cima da mesa em que antes estávamos bebendo e soltou um suspiro cansado.

— O que é isso ?

— Olha, eu sei que você acha que você não é a mesma Gamora por quem eu me apaixonei... Mas você não é uma Gamora de uma realidade alternativa ou algo assim... Na verdade, você é até bem parecida com ela... E, — Ele parecia querer dizer mais alguma coisa,  mas nenhum som saiu de seus lábios. Quill me olhou com ansiedade.

Soltei um suspiro cansado e dei alguns passos para trás.  Eu não quero discutir com Peter, não quero ser cruel com ele e por mais estranho que isso possa soar eu também não quero machuca-lo, magoá-lo ou agredi-lo.
Me mantive calada pelos próximos dois minutos, Peter me encarava com expectativa esperando que eu o respondesse, mas não tinha nada a ser dito.

— Eu sinto muito. — Foi tudo que eu consegui sussurar.

— Huh. — Notei a voz de Peter fraquejar porém continuei inexpressiva. — T-tudo bem.

— Eu te disse que não era a Gamora que você... — Minha frase se perdeu em meio a toda confusão em que minha cabeça se encontrava.

— Talvez você seja exatamente o que eu quero.

— Quill, por favor, não faça isso. — Dei mais alguns passos para trás, querendo sair daqui antes que eu desmorone.

A verdade era que eu estava começando a entender o porquê de Gamora ter ser apaixonado pelo Peter, ele é uma pessoa boa, afetuosa, ele é engraçado, ele tem um jeito meio esquisito que o torna único, ele se preocupa com os outros seres e ele é bonito, ele é bonito? É, ele é bonito sim. Totalmente diferente de todos os outros caras com quem eu já me relacionei.

— Desculpa. Me desculpa.

— Tudo bem.

— Olha, talvez você queira voltar para me devolver isso também.  — Ele pegou a caixa e me entregou. — Tem algo aí que foi escrito pela Gamora de 2018, antes de Thanos... Você sabe.




— Tchau Quill. — Eu peguei a caixa, o olhando com pesar, um sentimento estranho me encheu e eu senti vontade de abraça-lo.

— Você quer que eu te acompanhe? Até sua nave ?

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