Capítulo 3 - A Deusa da Encruzilhada

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Escrito por: Flyinsunshine 

Notas Iniciais: Bem vindes a mais um capítulo! Espero que gostem!

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"Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda. - João 15:2"

A neve que caía era densa, transformando o chão em um grosso tapete branco e movediço. Sentia os pés sendo engolidos à medida que andava, mas estava relaxado, ainda com a mesma sensação de conforto lhe cobrindo os ombros.

Para conseguir sair sem ser percebido, pulou a janela e decidiu parar de sentir medo do desconhecido. Ser cuidadoso ou precavido nunca o ajudou, então iria seguir aquelas luzes com receio, mas a cabeça erguida.

Apesar de estar sozinho no meio da floresta e com a visão comprometida pela nevasca densa, algo dentro dele o induzia a seguir em frente. De alguma forma, sabia que aquela trilha de luzes não o colocaria em uma enrascada.

O ar cheirava a café com creme de cravo e canela, uma das bebidas quentes favoritas do príncipe Min. Ele tinha boas lembranças das noites de inverno em que bebia com a senhora Park, Jungkook, os criados da cozinha... Lembranças felizes de conversas, marshmallows e roupas quentes. Quase nenhuma (ou talvez nenhuma) que envolvesse seus pais, já que ambos nunca tinham tempo disponível para ficar com o único filho. Então aquele cheiro lhe acalentava a alma, dizendo silenciosamente que estava indo para um lugar de paz.

Começou a andar em direção às luzes que dançavam no vento. Sempre que alcançava uma, ela desaparecia como fumaça. Parecia estar entrando em uma parte mais arborizada, tanto que uma pessoa claustrofóbica se sentiria sufocada ali. O ar era denso, mas ainda confortável pela energia das luzes. Muitos flocos de neve nem chegavam ao chão, pois não conseguiam infiltrar as copas das árvores.

Yoongi não sabia onde estava. Não lembrava de ter andado por aquele lado antes, contudo não se sentia temeroso, apenas curioso sobre o que o aguardava.

Uma melodia calma guiava a sua jornada, como se passarinhos cantarolassem. Provavelmente não deveria ser o caso, já que o frio intenso espantava os animais. De qualquer forma, era bom e libertador sentir o vento no rosto, a música vibrando-lhe o íntimo, a grama macia e a presença das bolinhas douradas semelhantes a vagalumes.

Apenas seguiu desviando de galhos e raízes expostas e pisando em folhas secas. Uma trilha quase imperceptível se estendia à sua frente, como se estivesse apenas lhe esperando.

Por incrível que parecesse, nenhuma parte de seu corpo doía mais. Os pulmões funcionavam perfeitamente bem, a respiração estava normal (um pouco acelerada, mas era pelo esforço físico). As pernas tremiam um pouco, porque ainda sentiam o peso das semanas de sedentarismo e enfermidade.

De repente, após alguns momentos de escuridão sendo preenchidos pelos feixes dourados, as copas das árvores se abriram, os troncos grossos foram se afastando e o Min finalmente conseguiu se localizar.

Tinha sido guiado até o lago perto do castelo, por um caminho que nunca havia reparado antes. O que mais o surpreendeu não foi apenas o lugar, mas sim a atmosfera que encontrou.

Na noite passada, quando viu o garoto na beira do lago, a água obviamente estava congelada, era temporada de inverno. Logo, nunca esperaria chegar até o local e encontrar a água cristalina, com peixinhos fluorescentes nadando e a vegetação ao redor embelezada por flores coloridas.

Não conseguiu esconder o sorriso instantâneo. O mais singelo e verdadeiro que deu em muitos anos, que brotou de suas entranhas e subiu até as maçãs do rosto. Um sorriso real, assim como a luz lilás que surgia do céu, sendo refletida pela água cristalina.

O fim da inquisição | YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora