Beco Diagonal (part 1)

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Antares olhava para a senhora, batucava os dedos na perna, enquanto esperava ansiosamente a senhora terminar seu chá.
A garota tinha a incômoda sensação de que a senhora bebia chá devagar demais. Alguns pensamentos corriam por sua mente, eram tantos, tantas perguntas a se perguntar, tantas dúvidas para se tirar.
-Senhora, desculpe atrapalhar seu chá, é que esqueci de perguntar seu nome?
A senhora a olhou, com os olhos penetrantes, sob o óculos quadrado.
-Minerva McGonagall, diretora da casa Grifinoria, diretora substituta.
-Minerva, o que seria a casa Grifinoria?
Pergunta a garota confusa
-Mcgonagall, senhorita Black, tente manter a cordialidade. Hogwarts se divide em quatro casas, Corvinal, Grifinoria, Lufa-lufa e Sonserina. Todos os anos acontece um processo seletivo para cada aluno que entra em Hogwarts, onde o chapéu seletor decide, baseado em suas atitudes e personalidade, para qual casa você irá.
-Chapeu seletor? Ele é o quê? Um leitor de ler mentes?
Pergunta com um sorriso, achando que a resposta seria um não
-Sim, na verdade, é um chapéu de bruxo, possui uma forte magia, muito antiga, realmente excepcional

Um silêncio paira no ar por pouco tempo
-Para qual casa a senhora acha que eu irei?
-Muito difícil de se definir assim, se depender do seu histórico familiar sonserina, mas a verdade é que eu não sei
-Sonserina? Parece um nome forte. Isso é bom?
-Alguns bruxos dizem que a sonserina é a casa dos bruxos mal, acredite, bobagem. É uma casa de bruxos poderosos, se eles forem do mal ou do bem, isso será escolha
deles.

Após isso, McGonagall suspirou repousou a xícara na mesinha e se levantou, dando um aceno de cabeça, indicando para Antares a seguir. Ao abrirem a porta, a senhora Brown endureceu a postura, tentando fingir que não estava bisbilhotando pela porta.
-Onde a senhora pensa que vai?
Perguntou com a voz fina irritante e um sorriso falso para McGonagall
-Eu e a senhorita Black iremos dá um passeio por Londres, voltamos antes das nove
McGonagall disse sem muitas explicações, passando pela velha sem dar muita atenção, mas a senhorita Brown a acompanhava logo atrás
-A senhora não pode simplesmente pegar uma de minhas garotas e levar para um passeio como um homem leva seu cachorro
McGonagall vira um pouco sem paciência
-Eu posso, sim, Dumbledore deixou isso sobre minha responsabilidade e eu o farei. Não estou roubando a garota ou algo assim, ela voltará segura para cá assim que terminarmos, então por favor, pare de nos atrapalhar, já estamos um tanto atrasadas, então se nos dar linceça
McGonagall voltou a andar, Antares logo atrás, dando um sorrisinho para a senhorita Brown, que estava cheia de raiva.

Enquanto caminhavam lado a lado após descerem a escadaria, McGonagall voltou a falar
-Temos que chegar a Londres em menos de uma hora
Ela diz assim que olha o relógio de bolso
-Acho que seria um pouco impossível, estamos em Cambridge senhora, acho que fica a pelo menos setenta e nove quilômetros de Londres
-Talvez em modos convencionais, nós iremos pela rede de flú, achei que seria o mais conivente a se fazer
A garota acenou, com vergonha de mais uma vez não entender o que a senhora diz, prefiriu não perguntar, se sentindo burra.
-Pense em um pó mágico que possa te levar a qualquer lugar, usando apenas uma lareira
Explica McGonagall, vendo a confusão no rosto de Antares
-Acho que ainda não entendi, lareira, pó mágico, parece tudo meio confuso
-Flú, é um pó mágico que te leva para onde você quiser. Não é nada muito complicado, você entra numa ladeira, joga o pó e diz o lugar onde você quer ir, é importante mentalizar também, como você nunca foi lá, apenas pense no nome, eu o farei e logo depois você me seguirá, certo?
Antares acena com a cabeça, ainda um tanto confusa.
McGonagall continua a andar, até a sala. A sala era um cômodo grande e empoeirado, com pouca iluminação. Tinha um sofá pequeno e uma televisão dos anos oitenta que ganharam de doação, a televisão ficava em cima de um móvel de madeira longo.

- Dumbledore deu um jeitinho do ministério abrir essa lareira para a rede de flú, apenas por hoje.
Diz ela apontando para a lareira velha que não era usada há tempos, estava suja e com teia de aranha, nenhuma garota tinha coragem de ir lá limpar. Se aproximaram da lareira, McGonagall tirou um saquinho do bolso, o abriu e jogou o pó lá, que com uma pequena explosão se espalhou por dentro da lareira numa chama verde, McGonagall, com cara de costume entrou no fogo, como se as chamas fossem apenas brisas suaves, ela disse num tom calmo: Para o caldeirão furado
e então as chamas subiram, tomando o corpo da mulher que desapareceu.

Antares sabia que era sua vez, parecia tão fácil ver McGonagall fazendo, mas ao pensar em entrar numa lareira pegando fogo o corpo da garota recuava, enquanto sua mente resmungava. Com custo ela entrou e a chama não a queimou, ela respirou fundo e então repetiu as palavras: Para o caldeirão furado
A sua visão embaçou, a chama verde subia, não importava onde olhasse, era apenas um mar de verde-esmeralda, brilhando em seus olhos e então tudo começou a girar, girar e girar, até que ela parou abruptamente, com um estrondo forte

Os olhos da garota, que foram forçados a se fecharem, abriram, eles viram uma cozinha um tanto fora do comum; tinha dois cozinheiros, conversavam, perto da panela que se movia sozinha para virar o bife, as facas cortavam as cebolas sem ninguém a manusear e o pratos se limpavam, Antares riu da cena, sem a garota nem perceber uma mão longa e fria puxou o ombro de sua blusa, tirando a garota da lareira e a puxando para fora daquela cozinha
-Ei, ei, ei! Me solta seu estranho!
Antares tenta puxar seu ombro para fora do aperto do homem que a leva para um lugar que parecia um bar, tinha um balcão com banquinhos e algumas mesas, onde
várias pessoas, cada uma mais diferente que a outra, se sentavam.

O homem a levou até McGonagall, que falava com um cara estranho, gago, que usava um turbante em sua cabeça
-Aqui, senhora McGonagall, a senhorita Black
A senhora sorriu e agradeceu ao homem, que acenou e foi para trás do balcão
-Você demorou, por um momento achei que você tinha errado de lareira
-Eu estava tomando coragem para entrar naquele fogo
Respondeu Antares arrumando o ombro do casaco caído
-Tudo bem. Senhorita Black, conheça o professor Quirrell, que leciona em Hogwarts como professor de Defesa contra artes das trevas.
Antares estende a mão para o homem, que a recua, antes de apertar
-Prazer professor!
-O-o-olá senhorita B-Black!
-Foi um bom encontro Quirrell, eu e a senhorita Black estamos indo, com licença
McGonagall puxa a mão de Elizabeth para longe do aperto e a leva para o fundo do bar, que tinha uns latões de lixo e era cercado por paredes de tijolo.

McGonagall ficou de frente para uma parede num conto, sacou a varinha e a usou para tocar tijolos específicos, como se fosse uma ordem, então um tijolo se sobressaltou para frente, outro mais abaixo também e os tijolos começaram a se abrir, como uma Porã mágica, revelando uma rua que poderia parecer comum de longe, mas de tão perto era uma visão mágica
-Bem vinda ao beco diagonal querida.

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