O expresso de Hogwarts

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Na manhã de primeiro de setembro, Antares arrumava o malão, já tinha colocado os uniformes, os livros, e arrumou espaço para os outros itens, ela estava satisfeita, nunca teve muito e agora tinha tanto que a mala quase não fechara. Algumas garotas se juntavam ao redor dela, a olhavam com curiosidade
-Por que você vai levar uma pena?
Perguntou Vivianne, aguçando o olhar para tentar ler os nomes dos livros
-Para escrever
-E onde é que fica essa escola? Na idade média?
Vivianne riu junto às outras garotas, Antares a olhou feio.

A garota fechou o malão e olhou para o lado, para sua amiga Charlotte
-Você sabe que eu volto no natal e no verão.
Antares sorriu para a garota, que parecia inconsolável
-A Escócia é tão longe... O que há de errado com a escola em que estudamos?
-Não há nada de errado, mas foi a decisão da senhora Brown.
Aquelas garotas não tinham muita noção de algo, elas acreditavam que Antares, desta vez, tinha feito algo realmente horrível e que a única opção da senhora Brown era mandá-la para uma escola que trabalhasse com mal feitores, apenas uma farsa para que nunca soubessem de Hogwarts.

Antares se despediu das garotas, ela deu um abraço na amiga e desceu com o malão até à sala, onde a velha senhorita Brown a esperava.
Não se olharam, não se falaram, apenas seguiram lado lado em direção ao velho carro da senhorita Brown, um Chevy da década sessenta.
Antares, assim que entrou, sentiu o forte cheiro doce e enjoativo, igual à velha sentada ao lado dela.
O carro demorou para dar partida, ele roncava como um touro adormecido, dois minutos depois ele finalmente funcionou dando um ronco mais alto e estrondosos.

A viagem foi silenciosa, nenhuma das duas se gostavam a final. A senhorita Brown, apesar de fazer aquilo a contra gosto, estava feliz por se livrar da garota por um bom tempo, já Antares se sentia igual ou quem sabe até muito mais feliz.
Passaram quase duas horas na viagem de carro até finalmente chegarem a uma grande estação, Kings Cross.
A velha Brown colocou o malão da garota num dos carrinhos e a levou até em frente das plataformas.
-Acredito que aqui seja com você
Ela parou e virou-se de frente para a garota, então estendeu para ela uma nota de vinte euros
-Até o natal, Black
Ela deu um tapinha no ombro da garota, e saiu. Antares olhou para o seu ombro, depois para a mulher e fez isso de novo, até balança a cabeça e ir em direção ao meio entre as plataformas nove e dez.

Antares se lembrava bem das instruções de McGonagall, que detalhou para a garota como ela chegaria até a plataforma 9¾. Ela foi até a barreira com o carrinho, ela tentou tocar com a mão, mas a mão da garota atravessou, ela olhou bem para os lados, enquanto ninguém prestava atenção ela empurrou seu corpo junto ao carrinho para dentro da barreira.

O cenário agora era outro, uma plataforma única com uma grande locomotiva vermelha reluzente, em volta várias pessoas se aglomeram, pais se despedindo de seus filhos. Alguns usavam roupas extravagantes, já outros mais parecidos com os da garota. Pessoas de cada canto da Europa, bruxos de onze a dezoito anos.

Antares começou a andar, até uma das entradas da cabine, escutou um sotaque estranho vindo de uma das famílias, ela tinha certeza de que era escocês. Assim que conseguiu alcançar a entrada, embarcou no expresso. Na ponta direto, entrou na cabine sete, colocou o malão debaixo da janela e se sentou no banco da cabine fazia. A garota olhou para a janela e observou as famílias se despedirem dos filhos, por um momento ela desejou ter uma também, algo que nunca passou pela cabeça da garota, mas agora ela sabia que um dia teve uma, só não sabia que rumo eles tomaram.

Antares abriu o malão, tirou uma história em quadrinhos que ganhou há meses, estava velha e um pouco manchada, Batman, o cavaleiro das trevas. Ela estava imersa na história, até ouvir a porta da cabine deslisar, um garoto magricela, cabelos grandes, com óculos arredondados e olhos verdes entrou, um pouco tímido, disse:
-A cabine está cheia?
-Não, não está
Antares ajusta a postura
-Pode se sentar
Ela sorri tímida para o garoto, que se senta no banco na frente dela.
-Eu sou Antares
Ela se inclina um pouco estendendo a mão para o garoto, que logo aperta
-Sou Harry.

Thought is the slave of lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora