Capítulo 1 - Férias na Mansão Malfoy

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Voltamos para casa e surpreendentemente, meu pai havia feito algo para mim, sempre gostei de ler, passava muito tempo na biblioteca da mansão, mas a maioria dos livros que estavam no acervo, não eram adequados para uma jovem dama da sociedade bruxa (leia com sarcasmo, por favor), o que fazia com que eu me interessasse ainda mais por eles.

Acredito que mamãe esteja por trás dessa pequena extravagância, agora eu possuía minha própria sala de leitura, anexa ao meu quarto, era ampla, tinha uma vista espetacular para a pequena floresta que possuíamos em nossa propriedade, rodeada de estantes com um sofá verde confortável, além de poltronas de couro e tapetes aconchegantes, era moderna, combinava com a estética do meu quarto e não com o resto da casa que era antigo e refletia séculos de história da família Malfoy, tinha a minha cara, era totalmente diferente, como um mundo a parte, só para mim.

No dia seguinte eu já havia encomendado um pequeno acervo na Floreios e Borrões e eles entregariam tudo até o fim da semana, não via a hora de forrar as prateleiras com todo o tipo de aventura possível. Depois das últimas semanas de aula, eu precisava de um refúgio da minha própria mente, mas antes, precisava falar com a Gina, enviei uma coruja quase que no mesmo minuto que me vi sozinha em meus aposentos, ela demorou uma semana para responder, mas respondeu.

Nos correspondíamos com frequência, ela me perguntava sobre minha rotina, mas o que eu responderia? Que passava boa parte do tempo lendo, escondida do meu próprio pai? Que, além de manipular todos a nossa volta, ele ainda encontrou tempo para permitir que Lorde Voldemort ferrasse com a cabeça dela, induzindo-a a atacar nascidos trouxas? Ela precisava tirar essas coisas da mente dela, e não que eu a enchesse de mais detalhes sórdidos do inferno que havia vivido o ano inteiro. Eu podia fazer isso, ajudá-la a colocar para fora, sem expor minha família e me comprometer ainda mais, o que aconteceu na sala do Snape, aquilo foi pura sorte, eu não ia conseguir escapar do meu pai de novo, não tão cedo.

Draco apreciou muito minha sala de leitura, ficava nela tanto quanto eu, aparecíamos só o necessário para não desconfiarem que estávamos nos escondendo deles, não sei por quanto tempo conseguiríamos levar essa rotina reclusa sem mamãe reclamar:

- O que você está lendo agora? - Nem levantei os olhos do livro para responder.

- Como se você se importasse, já ficou entediado, maninho?

- Eu estou sempre entediado, Aly.

- Então vai para o jardim, sei lá, você não tem que treinar exaustivamente para se manter no time de quadribol e derrubar o Potter da vassoura?

- Mas é chato voar sozinho, treina comigo?

- Vai fazer você calar a boca, Draco?

- Talvez. - Ele sorriu maliciosamente, mas eu cedi, qualquer coisa para ele me deixar em paz mais tarde.

- Ok, vamos, mas só por uma hora, depois você vai me deixar ler até o jantar!

- Duas horas e te dou cobertura para você jantar no quarto!

- Feito!

- Você é tão previsível, Alya Malfoy. - Revirei os olhos e me permiti retribuir seu sorriso travesso.

Obviamente, fui enganada, nós treinamos por QUATRO horas e ele não conseguiu me livrar do jantar, acredito que eu possa torturá-los com os diálogos do senhor Malfoy, o que acham? Sim. Com certeza eu não preciso passar por isso sozinha!

- Não sei que tanto interesse essa garota pode ter por literatura, Narcisa, você a mima demais, ela deveria começar a frequentar os jantares conosco, interagir com os filhos dos nossos amigos mais próximos. Ela passou o ano todo embaixo das asas do irmão, que serventia ela tem para a família se não consegue nem socializar para mantermos as aparências?

- Ela recém vai fazer doze anos Lúcio, que serventia poderia ter uma criança para seus esquemas?

- Ela é o futuro da nossa família, precisa fazer bons contatos, agregar valor ao sangue Malfoy, obviamente.

- Você a está vendendo.

- Que exagero, meu amor. - Ele beijou a mão da minha mãe sem tirar os olhos dela. - Só estou pensando no bem da nossa amada família. Nossos pais nos colocaram em contato desde antes de entrarmos em Hogwarts, e olha só onde chegamos.

Eu provavelmente ia desenvolver alguma coisa nos meus olhos de tanto revirá-los, alguém por favor perfure meus ouvidos. Estávamos, Draco e eu ouvindo esse diálogo tentando controlar cada músculo do nosso corpo para não sairmos correndo, mas concordamos que iríamos sobreviver a esse verão, mantendo uma postura mais contida do que o normal, só dessa vez.

Enquanto nossos pais decidiam quando eu deveria começar a socializar para perpetuar, futuramente o legado dos Malfoy, meu irmão e eu, mantínhamos uma conversa paralela por legilimência, só para conservar o mínimo de sanidade mental.

- Eles estão discutindo quando eu devo começar a caçar homens ou estou enganada?

- Definitivamente, acho que você já está até um pouco velha, não foi um dos amigos do papai que o avô se casou com uma estrangeira de onze anos?

- Cala boca, Draco, que nojo! Tenho certeza que isso é crime!

Ele ria tanto na minha cabeça, que o sentimento me contagiou, tivemos que nos esforçar em dobro para continuarmos com nossas expressões impassíveis e sobreviver ao jantar:

- Esta decidido, vocês irão conosco! - Draco interrompeu.

- Desculpe, me distraí por um momento, onde vamos?

- Temos um baile na semana que vem na casa dos Greengrass.

- Por favor, pai, me deixe ficar em casa, preciso me preparar para ser a melhor da turma ano que vem!

- Sem desculpas dessa vez, vocês acham que não notamos os dois se escondendo naquela biblioteca? Não sei o que vocês estão aprontando, mas, enquanto não descubro, vou obrigá-los a frequentar os eventos da nossa comunidade.

- Pai... - Papai interrompeu.

- Não adianta Draco, não precisa vir em socorro da sua irmã, tomei minha decisão. Acredito que tenham roupas adequadas para a ocasião, se não, a mãe de vocês vai providenciar.

- Sim, pai. - Falamos em uníssono.

- Excelente, se já tiverem terminado o jantar, estão dispensados.

- Uma semana, conseguimos uma semana de liberdade nessa casa. Inédito!

- Relaxa maninha, é só um baile, demos sorte de ser na casa da Daph, pelo menos podemos nos esconder em algum lugar e ignorar a existência dos nossos pais e seus amigos insuportáveis.

- Draco, ele estava tentando me vender a trinta minutos atrás para os filhos desses adultos insuportáveis, e meu aniversário de doze anos é daqui a SEIS semanas, escreva o que estou dizendo, nossos dias de conseguir fugir desses eventos de "sangue puro" estão contados, ou você acha que ele já não está escolhendo sua futura esposa a dedo, desde o dia que você falou sua primeira palavra?

- Deixe de ser dramática, Alya, pelo amor de Merlin. E vê se para de revirar os olhos, parece que é só o que você consegue fazer agora.

- Ah claro, perdão vossa majestade, não revirarei mais os olhos em sua ilustre presença.

- Você fica intratável depois do jantar, Aly! Boa noite!

- Você vai dormir no seu quarto hoje?

- Vou, Aly, eu TENHO um quarto!

- Mas, podíamos ver televisão, algum dos filmes de ação trouxa que você gosta? Por favor? - Agora foi ele quem revirou os olhos, mas cedeu, eu odiava pegar no sono sozinha, Draco sempre ficava comigo até eu adormecer, desde que éramos pequenos.

- Ta, mas você precisa parar de ter medo do escuro, bobinha.

- Eu não tenho medo do escuro, idiota! - Joguei uma almofada nele e ele pulou na cama para me atacar com os travesseiros, nos aconchegamos na cama e Draco acenou com a varinha, fazendo a televisão surgir, escolhemos um dos filmes favoritos dele, peguei no sono logo em seguida, não sei bem que horas Draco foi para o quarto dele, mas quando acordei com os primeiros raios de luz da manhã, eu estava sozinha.

Alya Malfoy e o Servo de VoldemortOnde histórias criam vida. Descubra agora