Capítulo 3 - A Marca Negra

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Acredito que a parte de tentar não arrumar confusão com nosso pai nessas férias, ficou para trás, junto com nosso bom senso de não entrar escondidos em uma sala cheia de comensais da morte que por acaso eram alguns dos nossos progenitores.

- Como vamos entrar sem sermos vistos? – Perguntei.

- Tem outra entrada, vamos. – Daph e Tori nos guiaram pelo outro lado da mansão, fora da área do baile até outra porta.

- Como vamos ter certeza que eles não vão nos ver entrar? – Foi a vez de Draco questionar.

- Alguém vai ter que distraí-los. – Sugeriu Blaise.

- Daph e Tori, acho que é com vocês, o pai de vocês também entrou.

- Mas teríamos que ter um pretexto para chamá-lo.

- Vamos botar fogo no salão.

- Alya, você ta maluca?

- Nada muito grande, uma cortina, ou algo assim, que faça as pessoas se assustarem, antes de só tentarem apagar com um feitiço. Se alguém tiver uma ideia melhor...

- Acho que pode funcionar, assim que ouvirmos vocês na outra porta, falem bem alto, vamos abrir essa aqui, tentem chamar a atenção de todos quando entrarem. – Draco se apressou a complementar nosso plano improvisado. – Não temos como garantir que eles vão seguir conversando depois disso, mas para eles se reunirem, deve ser inadiável. Aly, você coloca fogo, Blaise, você tira era de lá o mais rápido possível e venham para cá, eu e Pans vamos estar esperando, assim que ouvirmos as meninas, entramos os quatro, infelizmente vocês não vão poder se juntar a nós. – Ele se dirigiu a Daph e Tori. – Se vocês sumirem, o pai de vocês vai desconfiar, depois que ele dispensar vocês e voltar para a sala, subam para nossas mães não suspeitarem, qualquer coisa, para todos os efeitos, estamos no andar de cima, pois sempre fizemos isso. Certo?

- É o único plano que temos. – As meninas concordaram.

- Eu e Blaise vamos primeiro então, fiquem por perto para ajudar a assustar as pessoas, causando a maior confusão possível. – Daph e Tori concordaram, fomos na frente e ela vieram alguns segundos depois.

Me aproximei da cortina atrás do buffet, tinha bastante gente em volta, mas seria perfeito, a primeira reação seria de fuga e os demais não racionalizariam tão rápido a ponto de tentar resolver. Deixei cair um guardanapo e me abaixei, apontei a varinha para a cortina e sussurrei:

- Lacarnum inflamari (Você deve ter pensado, ela é menor de idade, não pode fazer magia fora da escola e blá blá blá, mas estávamos em uma mansão criada com magia ancestral, rodeados de bruxos poderosos, não existe feitiço rastreador que não possa ser confundido nessas circunstâncias). – Blaise me ergueu e saímos antes da fumaça começar a aparecer, passamos pela Daph e pela Tori e elas já estavam a postos, aguardando o melhor momento para causar uma cena. Assim que chegamos do outro lado da mansão começamos a ouvir os gritos e o cheiro de queimado nos acompanhava. Não sei se foi minha melhor ideia colocar fogo na casa das meninas, mas eles vão apagar, eu espero. Ouvimos as portas da sala se abrirem com violência e apuramos os ouvidos, Draco abriu uma fresta na porta e espiou para dentro, estavam todos prestando atenção na Daphne que parecia realmente apavorada, uma excelente atriz.

Draco fez um sinal com a mão, sugerindo que nos abaixássemos, e o fizemos, passando um por um pela menor fresta possível da porta, Blaise foi o último a passar, fechando a porta atrás de si. Alguns dos presentes, permaneceram, incluindo nosso pai, o que era bom para gente.

Ficamos aguardando que a confusão fosse resolvida pelo Senhor Greengrass, o que pareceu uma eternidade, não estávamos lá muito confortáveis, empilhados os quatro atrás de uma estante baixa que estava localizada ao fundo na lateral esquerda da sala. O escritório do pai das meninas era enorme, e ele possuía uma vasta coleção de artefatos duvidosos e na confusão de estantes, mesas e cristaleiras que abrigavam sua coleção, acabamos ficando pertinentemente camuflados e, por mais desconfortável que fosse, nos garantia uma visão privilegiada dos nossos queridos comensais. 

Já conheci alguns dos amigos do meu pai, muitos eu tinha certeza sobre suas inclinações à arte das trevas e ao extermínio de trouxas, outros foi uma leve surpresa, como o pai de Nott, ele não faz muito o jeito comensal, tem um ar brincalhão e agradável, mas sendo quem sou, não crio muitas expectativas de que papai ande com gente "normal".

O pai de Daphne voltou, garantindo a todos que estava tudo bem, que provavelmente, um dos canapés flambados havia caído no chão (inclusive, podíamos ter pensado nisso) sem ninguém ver, já estava tudo resolvido e os demais voltaram a se divertir, sabíamos disso pela música e as risadas que voltavam a invadir, mas só levou um segundo, ele a fechou e lançou um feitiço, provavelmente algo que impedisse os demais de ouvirem. E para nosso desespero, ele apontou para porta dos fundos, vulgo nossa rota de fuga e a selou.

- Você sempre soube dar uma boa festa, Greengrass. – Foi papai quem falou e todos riram.

- Verdade, Lúcio, e você sempre soube como acabar com elas, agora diga o que você sabe sobre a marca negra, qual a razão de ela ter voltado a mexer depois de todos esses anos? – Nos encaramos boquiabertos, isso não podia ser um bom sinal.

- Sei tanto quanto vocês todos.

- Me custa a crer que o segundo em comando do exército do Lorde das Trevas saiba tão pouco sobre seu paradeiro. (Informação nova para mim, que delícia)

- Todos tivemos que mudar certos hábitos para nos mantermos longe da prisão.

- Muito bem, alguma teoria?

- Não é óbvio? O lorde das trevas, onde quer que ele esteja, esta se recuperando, é melhor estarmos prontos para seu retorno.

- E é de nosso interesse que ele retorne? – Outro comensal que falou, não o reconheci.

- Eu teria mais cuidado com as palavras, Bulstrode.

- Mas, essa é a questão aqui, não acha? Todos nós escapamos da prisão na primeira vez, conseguimos manter nossas fortunas e nossos nomes, alguns, inclusive você, Lúcio, conseguiram mais influência e mais dinheiro, se é que isso é possível. – Nosso pai sorriu maliciosamente, o sorriso que ele dá antes de atacar alguém, mas pareceu se conter antes de continuar.

- Realmente, não é para muitos o que consegui realizar nos últimos anos, mas sejamos práticos, quando o Lorde das Trevas retornar, ou juraremos lealdade a ele ou estaremos mortos, o que precisamos decidir aqui hoje, é como garantir que a segunda opção não se concretize.

Houve uma comoção geral na sala, todos começaram a discutir e a conversa adquiriu um tom mais urgente e, infelizmente para nós, incompreensível, distinguíamos apenas algumas frases soltas, nos faltando contexto, até que o Senhor Greengrass colocou ordem na discussão.

- Sejamos objetivos, temos um salão cheio de pessoas importantes, pessoas que nos devem grandes favores, temos uma excelente rede de informações para tornar nossa antiga causa internacional, tenho certeza que será um presente apreciado pelo Lorde das Trevas, o que precisamos resolver hoje é se vamos ou não ao seu encontro agora ou se aguardamos sua retomada ao poder, sem nossa interferência direta. – Ele encarou a sala, aguardando que todos tomassem uma decisão, nosso pai foi o primeiro a quebrar o silêncio.

- Não podemos agir de forma precipitada, vamos apagar as memórias dessa conversa e criar algumas outras que envolvam a busca pelo nosso Senhor, garantindo um bom álibi e então aguardamos, isso nos dará tempo para colocar os negócios em ordem, no caso, vocês sabem, de mais uma derrota, enquanto isso, estejamos atentos, quando a marca queimar, não se atrasem.

- Todos de acordo? – Houve uma troca de olhares seguido de várias cabeças concordando. – Certo, estão dispensados, saiam aos poucos.

Dizendo isso, ele mesmo desfez os feitiços e saiu, aos poucos a sala foi esvaziando, mas não tínhamos coragem de respirar, quando finalmente não havia mais ninguém, saímos pelo mesmo lugar por onde entramos e corremos para o andar de cima.

- Temos que concordar, o Senhor Greengraas sabe mesmo dar uma festa. - Draco falou enquanto corríamos pelas escadas.

- Se eu não estivesse apavorada, até riria da sua piada, Draco.

- Relaxa, Pans, eles são covardes demais, algum dia, até pode ser, que eles tenham sido alguma coisa, agora? Só vi um bando de velhotes assustados.

- Aly tem razão sobre isso, mas velhotes assustados com um senso grande de autopreservação... – Blaise fez uma pausa dramática. - Podem fazer um estrago. 

Alya Malfoy e o Servo de VoldemortOnde histórias criam vida. Descubra agora