Cinco

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— Você anda bastante pensativo — ela o observa parado na janela.

— Ainda não consigo acreditar, nunca passaria pela minha cabeça, que alguém foi tão sujo com você aos doze anos.

— Isso não me abala mais, eu sou mais forte que isso.

— Você se diz forte, mas no fundo continua com medo, esse trauma nunca te deixou.

— Talvez nem todos os caras sejam ruins, mas todos que roubei eram desonestos.

— Ainda sim essa não é forma correta de resolver as coisas.

— Ninguém nunca conseguiu cuidar de mim, então eu mesma consegui uma forma de me proteger, quanto mais dinheiro tiver mais poder terei.

Ele não fala mais nada, naquele momento ele não estava vendo uma criminosa, ele estava vendo uma pessoa machucada, que buscava de toda forma se sentir segura. Adam retira aos algemas, ele segura aos mãos dela, Nastya o olha confusa antes que ele a puxe para os seus braços. Ela nunca tinha recebido um abraço, pelo menos não sem ser de sua mãe, ela sentia algo diferente nos braços dele.

— Acho que nunca cuidaram de você, não da forma que você precisava, mas você pode vencer tudo isso sem roubar.

— Quem levaria a sério uma garota pobre?

— Eu estou te escutando, e sei que existe uma forma de mudar as coisas.

— Até agora ninguém conseguiu, garotas como eu são vítimas todos os dias.

— Eu nunca me atentei a isso, sei que a justiça deveria fazer algo, esse tipo de homem não pode ficar impune.

— Ainda sim você vai me levar presa, enquanto ele está livre e outros como ele também.

— Ele deve ter muita sujeira escondida, eu vou descobrir e expô-lo — ele se afasta e a olha nos olhos.

— Agora você tem empatia? Antes tinha  asco da criminosa aqui.

— Eu não sabia o quanto você estava machucada, não que seja certo o que está fazendo, mas não acho que apenas te prender seja a solução, esse homem também tem que pagar.

— Ainda sim eu vou ser presa — ela o empurra.

— O que você queria? Eu ainda sou um policial.

— A cadeia só vai terminar de acabar comigo.

— Você procurou isso quando cometeu os crimes.

— Então é melhor eu sair por aí, quem sabe eu não de a sorte de um tronco de árvore cair em mim — ela tenta sair, mas ele a puxa.

— Me solte, você não tem esse direito — ela se debate.

— Você não pode acabar com tudo assim — ele a prende contra o seu corpo.

— Talvez eu devesse ter morrido dezoito anos atrás.

— Seria a coisa mais injusta, você tem que me deixar fazer do meu jeito.

— O seu jeito não me parece tão justo, eu vou mofar numa cela — ela sente as lágrimas molharem o seu rosto.

— O problema é que muito difícil ser totalmente justo, quando o meu cargo me pede para te prender, mas o meu coração diz que você é uma garota que precisa de ajuda.

— Já não sou uma garota tem muito tempo.

— Ainda sim me pareceu uma, principalmente quando quebrou sua armadura.

...

Nastya estava dormindo no sofá, Adam a observa em silêncio, ele estava tentando analisar a situação. No começo tinha outra imagem dela, não que agora ele considerasse os seus crimes algo correto, mas ele enchergava além da Dama fatal, ela era uma mulher machucada, que teve sua inocência roubada ainda na infância, e tentava se vingar daquela forma.

Atração fatal - Age Gap Onde histórias criam vida. Descubra agora