tenho me procurado em outras pessoas, lugares, músicas e gostos.
queria me encaixar em alguém ou alguma coisa, tudo que não fosse eu. queria me achar. menos em mim.
repeti tanto eu que o significado se diluiu nas falas e foi embora com o vento.
obcecada com tudo que não me remetesse segui fingindo que me encontrava enquanto caminhava de olhos fechados para qualquer espelho, não podia me encarar.
a verdade sempre está nos nossos olhos e eu não podia os olhar. eu não aguentaria ver a verdade.
o quanto me maltratei usando desculpa que é altruísmo, que é amor, que é carinho.
fui traçando meu enterro e cavando minha cova. até o momento que uma mão se estendeu, o abraço se abriu e eu pude olhar para o vazio e não fechar os olhos enquanto ele me encarava de volta.
chorei, gritei, me lastimei e senti tudo. deixei tudo sair.
e vejo que a existência as vezes pode não ser dolorosa, fria e vazia.
as vezes a gente precisa que alguém arranque os sentimentos do nosso peito.
mas eu ainda prefiro evitar espelhos por enquanto.