Capítulo 1

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Uma ligação acordou Laura com um sobressalto. Aquela hora da manhã, nenhuma ligação seria tão bem vinda quanto essa. Levantou dançando e comemorando, enquanto seu namorado olhava para ela ainda tentando acordar e entender o motivo da alegria.

- O que houve? Pela sua cara de felicidade, já sei que ninguém morreu. Disse ele esfregando os olhos para expulsar o sono.

- Clara, diretora do Sta. Bárbara acaba de me ligar... Ela quer que eu dê aulas lá! Disse ela contente.

O complexo educacional Sta. Bárbara era simplesmente uma das melhores escolas do Brasil. Em seu campus havia berçário, educação infantil, fundamental, médio e ensino superior, fora os programas de mestrado e doutorado. Apesar de estar em um pequeno interior, ainda era referência e recebia pesquisadores de todo o mundo, interessados nos materiais históricos disponíveis lá. Para Laura era perfeito! Ela ganharia bem, valorizaria o currículo e ainda veria os pais, que se mudaram para lá quando ela decidiu morar com o namorado no Rio de Janeiro há 5 anos atrás.

- E daí? Você pode receber propostas melhores. Ir para uma cidadezinha no interior não é muito bom para profissionais em ascensão. Ele resmungou friamente, se levantou colocando uma camisa branca.

- Está brincando, Júlio? É a melhor oportunidade que eu poderia ter! Posso cursar o mestrado de história lá e participar da academia de museologia, estar entre os melhores do ramo e...

- Laura... eu sei que está entusiasmada com tudo isso, mas não posso ir com você... sabe... tenho meu escritório, meus clientes...

- Não podemos ficar a distância... ela comentou indignada. - E isso é importante pra mim... passei a vida toda sonhando em trabalhar lá. Você pode trabalhar em Home Office!

- De jeito nenhum! Você pode conseguir outra coisa aqui. Não vou pra um fim de mundo só porque você sonhou... não seja egoísta comigo. Ele cuspiu.

- Egoísta? De que vale meus sonhos pra você?

- Laura eu não quis dizer isso.. só quis dizer que em breve você vai cansar disso e vamos casar também. Você vai ser mãe e eu posso sustentar a gente... O meu emprego nos dará mais conforto no fim das contas, temos que ser realistas.

- Quer que eu viva como uma dona de casa? Eu não esperava isso de você.

- Eu não quis dizer isso! Você sempre distorce tudo o que digo!

- Eu entendi exatamente o que você acabou de me dizer! Eu sempre te apoiei em tudo. Saí de casa para morar com você para te ajudar enquanto você se preparava para passar no conselho... Você está sendo injusto comigo...Se não quiser me apoiar nos meus objetivos tudo bem. Acho melhor pararmos por aqui então.

Ela caminhou até o closet e começou a arrumar a mala.

- Agora vai embora? Está esfregando na minha cara que me ajudou... Laura, não seja infantil!

- Sim! estou passando em rosto! E não posso ficar com quem pisa nos meus sonhos... Eu vou segui-los, mesmo que seja preciso abrir mão de você.

Ele assumiu uma postura mais intimidadora e aumentou o tom da voz em fúria.

- Quer ir? VÁ! VÁ EMBORA! E NÃO PENSE EM VOLTAR QUANDO QUEBRAR A CARA NESSE FIM DE MUNDO! Ele andou a passos largos em direção ao banheiro e bateu a porta.

Ela não hesitou. Pegou a mala que não estava tão pesada porque não possuía muitas coisas. Vantagens de ser minimalista. Desceu do prédio pelo elevador e chamou um motorista de aplicativo. Naquele dia, ela preferiu ir para um hotel do que passar o dia discutindo com Júlio sobre seu destino profissional. Ele sempre fora egoísta com ela, mas até então seu egoísmo não a tinha incomodado.

A maldição dos RizziOnde histórias criam vida. Descubra agora