Retirou-se da casa na chuva forte novamente, enquanto os dois homens voltavam os olhos à sua atenção. Daniel ergueu o queixo em uma posição de superioridade e Júlio correu atrás dela por alguns metros desistindo, em seguida.
Andou na direção oposta da casa, enquanto isso, pensava em muitas coisas. No quanto foi ingênua e boba; Como ir embora dali, como fugir para bem longe deles e no quanto não tinha mais coragem para olhar no rosto de Daniel. Depois de algum tempo percebeu que estava novamente no cemitério dos Rizzi. Correu para se abrigar no mausoléu. Sentou-se em cima do túmulo de Lúcia e olhou para a plaquinha com sua foto. Definitivamente era ela no espelho, porém, não estava tão angelical como na lápide. Será que estava ficando maluca? Ou realmente viu Lúcia?
Começou a chorar e apenas o barulho da chuva se ouvia. Seus olhos percorreram todo o mausoléu e então ela se atentou para algo que não havia visto antes. O teto era ilustrado e entre o desenho barroco, composto por nuvens e anjos, uma pequena figura acima do túmulo depredado chamou sua atenção. O anel da família Rizzi estava cuidadosamente desenhado entre uma porção de tesouros e mais curioso ainda era como a tinta estava tão viva, destacando-se do resto da pintura. Ela já havia visto a jóia no dedo de Daniel, juntamente com sua aliança. Ela olhou para a lápide riscada e notou outro detalhe: Havia um pequeno encaixe em formato de hexágono, mesmo formato da pedra do anel. Seria uma chave?
Não! pensou ela. Era hora de parar com aquilo tudo. Não tem subsolo, não tem o que ser feito. Não é da conta dela. Afinal, tudo não passava de uma "obsessão" e estava acabando com sua sanidade. Passou um tempo em silêncio, lutando contra a sensatez e a curiosidade. Resolveu tentar, por fim, mover a tampa do túmulo. Virou-se na direção da porta e começou a tentar afastar para o lado do pequeno corredor, era muito pesada mas estava movendo-se devagar, mais força e conseguiria.
Ouviu passos. Sabia que alguém a seguiria até ali.
- Além de invadir quartos, viola túmulos também?
Ela ergueu-se para encarar Daniel na entrada do mausoléu, segurando um guarda chuva preto e com uma das mãos no bolso da calça. Alternou o olhar entre Laura e a tumba de Lúcia enquanto fechava o guarda chuva e o posicionava ao pé da porta.
- O que quer de mim, agora? Você se sente incomodado com meu interesse pela história da sua família, não quer minha ajuda, não quer contato comigo, não me quer, mas me seguiu até aqui... Por que não me deixa em paz? Juro que não vou lhe dirigir a palavra nunca mais!
- Tenho dois motivos para não te deixar em paz: Primeiro, mesmo que eu não queira, você sempre vai estar no meu caminho. Segundo, está violando o túmulo da minha família.
Ela suspirou e pôs as mãos na cintura. Ele seguiu o gesto com os olhos. O vestido, quando molhado, apresentava um aspecto semi transparente, o que dava a possibilidade de Daniel ver exatamente todo o contorno dos seios dela sem precisar tirar nada. Era tentador e ao mesmo tempo estranho, pois estava vendo o vestido de Lúcia em um corpo diferente e aquilo tirava quase toda a autenticidade do charme de Laura.
-Olhar para este vestido é uma tortura.
falou para si mesmo.
-Então vá embora e não o verá! Te devolvo depois.
Ela disse se debruçando para continuar a mover a tampa do túmulo.
Como não houve resposta por parte dele, ela ergueu o rosto para verificar se Daniel estava se preparando para sair. Ele estava com os olhos fixos nela e Laura percebeu que ao curvar-se o vestido apertava na região do busto, deixando o decote maior e era aquilo que ele estava olhando. Levantou-se rapidamente, colocando as mãos sobre os seios para cobrí-los.
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A maldição dos Rizzi
RomanceApós o término de uma relação de 5 anos, Laura se muda para a pequena cidade de Montenegro a fim de lecionar história no famoso complexo educacional Sta. Bárbara quando a Pequena Lúcia Rizzi chama sua atenção. Intrigada com o comportamento estranho...