No dia seguinte, foi uma correria para Laura. Ela teria que realizar seu exame demissional, assinar os documentos e esvaziar o seu armário na sala dos professores do prédio 2. Para sua infelicidade Clara também estava lá, pelo mesmo motivo. Se cruzaram no corredor mas não se falaram. Lúcia a recebeu com um abraço quando viu a ex-professora passar. A atitude surpreendeu os alunos e professores presentes.
-É uma pena que não será mais minha professora.
-É. Mas estou muito feliz por ter sido, eu pude conhecer você. Agora podemos nos ver de tarde, lá em casa.
A menina sorriu confirmando com a cabeça. Aproximou-se de Laura e pediu para que ela abaixasse, com um gesto manual.
-Eu estou feliz que você será minha mãe.
Sussurrou.
Laura se levantou rapidamente e sorriu, ruborizada, acenando para a menina.
No jardim, e na companhia da caixa com seus objetos pessoais, Laura apreciava a vista. Estava quase na hora do almoço, mas o dia estava nublado então, nada de sol escaldante, se bem que até o momento não havia chovido nada. Aproveitou que tinha o dia livre e resolveu visitar Odete, o hospital era bem próximo ao complexo então iria a pé, mas antes, tinha que dar um jeito na caixa. olhou em direção ao estacionamento a fim de encontrar a Dodge e lembrou-se que ela não estaria ali por um bom tempo. Mas felizmente o Jeep estava.Caminhou até o prédio 3 e encontrou Júlio na biblioteca, trabalhando nos processos. Ele espantou-se em ver Laura mas fez um gesto para que ela sentasse com ele.
-O que faz aqui? Não devia estar dando aula?
-Fui demitida ontem.
-Por que?
-Porque beijei o coordenador da pós...
-Daniel? É sério? Que ridículo! Ele também perdeu o emprego?
Perguntou curioso.
-Não.
-Droga. Motivo idiota para se perder um emprego. O risco não valeu a pena.
-Obrigada pelo apoio!
Agradeceu de forma irônica.
-Preciso de um favor seu.
Ela continuou.
Júlio ergueu uma sobrancelha, desconfiado.
-Que favor?
-Estou indo visitar a Odete, mas essa caixa é um grande incômodo. Você poderia levá-la para casa?
-Claro... Não quer que eu te acompanhe?
-Não precisa.
-Ah, para de me evitar, Laura! Desde que cheguei você faz o que pode para ficar longe. Eu sei que você não gosta mais de mim, mas não precisa tomar atitudes imaturas.
Laura não sabia o que dizer. Como diria a ele que está namorando? Será que estava sendo imatura mesmo ou estava apenas evitando o nascimento de mais um inimigo de Daniel?
-Tudo bem... Vamos.
Caminhavam em silêncio pela calçada do grande muro de tijolinhos do complexo em silêncio. As pessoas que cruzavam o caminho deles, a fuzilava com os olhos. Talvez aquele era o dia D em Montenegro, pelo menos não era a única que estava tendo um momento ruim. Ela não queria conversar com Júlio. Toda conversa que tinham terminava em algum tipo de discussão, já tinha problemas demais.
-Laura.
-Hm?
-Será que um dia, poderemos olhar nos olhos um do outro sem remorso ou pendências?
VOCÊ ESTÁ LENDO
A maldição dos Rizzi
RomanceApós o término de uma relação de 5 anos, Laura se muda para a pequena cidade de Montenegro a fim de lecionar história no famoso complexo educacional Sta. Bárbara quando a Pequena Lúcia Rizzi chama sua atenção. Intrigada com o comportamento estranho...