Capítulo 3

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Após o término das aulas, decidiu ir ao prédio vizinho.

Caminhou até o museu e abordou a recepcionista.

- Olá! Boa tarde!

A moça lhe dirigiu um sorriso.

- Boa tarde! Onde fica o escritório do museu?

- Tem hora marcada, com o Prof.Dr. Daniel?

- É algo urgente, sobre a filha dele... sou professora dela.

Mentiu. Não havia hora marcada, mas precisava vê-lo e verificar se estava bem.

- Posso ver seu crachá?

Perguntou ela desconfiada. Laura entregou o crachá a recepcionista que, hesitante, a permitiu entrar.

- Ele está?

- Final do corredor.

Ela respondeu após confirmar com a cabeça.

Laura agradeceu, caminhou em passos rápidos até o fim do corredor indicado e parou de frente a porta dupla de ébano. Seu coração batia freneticamente, estava nervosa. Deveria realmente entrar? Ou seria melhor evitá-lo? Bobagem! Mesmo que fosse para o Japão não conseguiria esquecer esse homem intrigante.

Deu duas batidas tímidas na porta e a abriu. A sala era grande. Tinha várias estantes de livros nas laterais. Havia uma escrivaninha de madeira de lei escura abarrotada de livros e arquivos, uma grande cadeira de couro preta onde estava depositado um blazer azul petróleo e ao fundo emoldurando tudo, uma grande janela com persianas. O escritório estava frio, temperatura mais baixa do ar condicionado e ele estava lá, de pé. De costas para ela, de frente para a janela. Suas mãos estavam apoiadas no parapeito e sua cabeça estava baixa como se ele estivesse se recuperando de algum tipo de tontura, ou estivesse pensando. Ela entrou e fechou a porta atrás de si e ele não se mexeu.

- Daniel...

- Hmm?...

Gemeu ele.

- Você está bem?

Ele se virou devagar, massageando a região temporal da cabeça.

- É apenas uma dor de cabeça. Desculpe, não te vi entrar.

- Eu... Eu é quem devo desculpas, invadi seu ambiente de trabalho... Mas só queria saber se você estava bem depois de ontem. Ainda não entrou na minha cabeça o que eu vi.

- Lamento que tenha presenciado aquilo. Eu estou bem.

- Como bem? Você levou um tiro, quase à queima-roupa no peito ontem. Como você ainda está vivo?

Ela retrucou indignada.

Ele suspirou, provavelmente se arrependeria depois, rodeou a mesa e escorou-se nela, colocando as duas mãos nos bolsos. Laura se aproximou dele ficando a alguns centímetros de distância.

- Eu estou bem.

Insistiu.

- Mas você sangrou muito...

- Eu sei...

Houve um silêncio massacrante e ela não perdeu tempo.

- Onde está a bala? Você tomou um tiro, sangrou, ficou inconsciente, não foi para nenhum hospital e não morreu... O que aconteceu com ferimento?

- Não há ferimentos.

- Eu não acredito em você.

Ele revirou os olhos e não falou mais nada. Tirou as mãos dos bolsos e sem desviar o olhar dela, com poucos gestos, abriu a camisa social branca, expondo o tórax. Não havia ferimentos. Ela não conseguia acreditar. Aproximou-se mais dele e pôs a mão em seu peito. Estava liso, sem nenhuma cicatriz. Nada.

A maldição dos RizziOnde histórias criam vida. Descubra agora