Capítulo 2

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Naquela tarde de sábado, Laura estava no Complexo para o alinhamento pedagógico. Era estranho ver o ambiente vazio de alunos, mas não estava tão deserto, alguns pesquisadores preenchiam o vazio do prédio 3. Ao finalizar seu trabalho, resolveu visitar o museu. Fazia 2 dias desde que ouviu a assustadora história dos Rizzi, contada pelo velho João e da tal maldição que estava condenando a linda e pequena Lúcia a morte. Não podia negar que também ficou encantada com a história criada pelos moradores e sentiu vontade de conhecer um pouco mais da história verdadeira, com bases concretas.

Havia uma exposição da antiga fazenda, expondo alguns itens antigos como a planta da casa, manuscritos, quadros, roupas, retratos e alguns objetos como cartolas, luvas, bengalas, relógios de bolso e um jogo de castiçais de prata. Suas descrições datavam entre 1790 a 1900. não haviam doações mais recentes.

Caminhou até um dos quadros grandes, onde havia uma pintura realista a óleo da casa, com um casal pra lá de estranho de pé próximo a porta principal. Na descrição, estava escrito em itálico:

" Antony e Amélia Rizzi. por Henry Petra, 1797. Óleo sobre tela."

- Bonito, não é?

Ela se virou para ver a quem pertencia aquela voz masculina que soava de forma tão cativante. Era ele! O rapaz que estava na biblioteca, um Rizzi. Assim como supôs, era realmente muito alto, a altura dela ia somente até seu maxilar. Laura não conseguiu falar, apenas ficou olhando para ele, admirando sua beleza. Se Michelangelo estivesse vivo, provavelmente iria querer eternizar esta arte da natureza.

- Soube que chegou há poucos dias... Minha filha falou de você. Sou Daniel Rizzi, o pai da Lúcia.

Ele estendeu a mão para apertar a dela. Laura demorou um momento para corresponder o cumprimento.

- Laura.

Ela finalmente disse algo.

- É um prazer!

- O senhor é o pai da Lúcia? Ela perguntou com surpresa.

- Sim. Ela tem se envolvido em algum problema?

Perguntou ele semicerrando os olhos e esfregando lentamente as mãos, como se estivesse as aquecendo.

- Ah, não! Ela é uma gracinha! É que... Eu gostaria de falar sobre o comportamento dela... Sabe, ela fica muito isolada, não faz as atividades, não tem amigos e recentemente eu pego ela falando sozinha... O senhor notou algo estranho com ela?

A expressão do pai da garota foi de uma leve preocupação para algo mais sombrio, que Laura não conseguiu exatamente decifrar o que era. Será que pôs a garotinha em perigo?

- Não percebi... Acho que ela sente falta da mãe...

- Eu acredito que sim... Aliás eu sinto muito!

Laura havia esquecido que Lúcia era órfã de mãe e, se a teoria do velho estivesse certa, o que ela duvidava veementemente, ficaria órfã de pai também.

- Obrigado!

Daniel deu um meio sorriso abatido.

-Com Relação a Lúcia, não se preocupe, irei conversar com ela e tentar descobrir o que a incomoda.

- O senhor não precisa se incomodar, foi apenas uma observação...

Ela se prontificou a evitar quaisquer problemas para a menina. Se foi orientada por Clara a deixar Lúcia em paz, há mais um motivo.

- De forma alguma! Eu me preocupo com o bem estar da minha filha.

Ele insistiu, franzindo o cenho. Laura calou-se, não queria dar continuidade e tentar agravar a possível situação delicada da vida pessoal de Lúcia. Sua visão correu para mais um quadro, uma fotografia antiga, retratando uma espécie de festa.

A maldição dos RizziOnde histórias criam vida. Descubra agora