04.

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Maya Sanches. 🕸️

Nós chegamos no baile, e Camila segue do meu lado, me deixando mais segura. Eu to apertando tanto a mão dela que consigo ter a certeza de que vão ficar algumas marquinhas.

Eu queria me divertir, tentar deixar os problemas de lado, sabe? Pelo menos por uma noite, eu mereço isso.

Mas eu estava me sentindo ansiosa, era um lugar basicamente novo, com pessoas assustadoras e mulheres que pareciam me olhar com ódio profundo.

— Tudo bem amiga? Você ta gelada. — Ela pergunta demonstrando preocupação. — Olha, se você quiser voltar, a gente volta. Eu só te chamei porque achei que seria uma boa você vim pra' cá, se aproximar mais do lugar que você vai morar a partir de agora pô, e das pessoas também. Além de que sempre te chamava pra' colar aqui na nossa adolescência e você nunca podia, só aproveitei a oportunidade agora. — Ela me encara mostrando que tudo bem se a gente quiser voltar.

— Aham, tá' sim amoreco, só tô' nervosa. Cê' sabe que eu sou assim, quando eu beber eu vou começar a me soltar. Mas não precisa se preocupar.

— Então tudo de boa, sem neurose, vamos rebolar essa bunda, porque isso eu sei que tu sabe fazer bem, dona Maya. Vamos curtir! — Ela murmura toda animada, me contagiando também.

Eu segui ela, e enquanto caminhava senti uns olhares em mim. Sabia que eu tava' gostosa, então, apesar da ansiedade, os olhares não me intimidam nem um pouco. Ergo minha cabeça e passo por todo mundo tentando demonstrar confiança, sei que aqui isso é uma coisa que não pode faltar.

Eu fui pegar uma bebida. Só assim pra' eu conseguir me soltar e dançar.

Eu sabia dançar, sempre gostei de balançar a raba', mas não saía para bailes e festas, eu ficava horas no meu quarto só dançando, com o funk no talo. Bateu mó saudade disso agora,
meu pai ficava louco.

Tomei um gole da vodka forte e vejo uma pessoa se aproximando.

— E aí parceira, tu é nova aqui né? — Ele diz, parecendo interessado.

— Me conhece? — Falo com toda a minha desconfiança. Camila disse pra' mim ser aberta pra conhecer gente nova, mas meu receio continua tão grande.

— Desculpa aí dona, tenho um lance com tua amiga. A Camila. Sou o Zolão. — Ele fala, me fazendo perceber que podia ter sido meio rude.
Não me admira, vejo as tatuagens, piercing na sobrancelha, fuzil nas costas. É, esse é o tipo de homem da Camila. — Ela mandou a ideia pra mim pô, disse que tu chegou aqui agora, vim ver se tu tava' precisando de alguma parada. Conhecia teu pai, sinto muito por ele aí mermã, ele deu mó força pra' nóis.

O que? Meu pai deu força pra eles? Eles quem? Como ele conhecia meu pai? Meu Deus, eu esperava poder me livrar desse assunto só por essa noite, mas parece impossível.

Acabei deixando a conversa estranha de lado, não quero ficar me envolvendo nessas coisas, passado é passado.

Depois de viajar pelos meus pensamentos percebi que tinha sido completamente ignorante com ele. Mas não tenho culpa, eu sou medrosa porra.

— Ah sim, me desculpa, sou a Maya, eu não sou exatamente nova aqui, morei aqui a uns anos atrás, voltei hoje cedo.

Olho para o lado e vejo Camila encarando ele de uma forma que me deixou até assustada.
Ele encara de volta, depois olha pra' mim de volta e coça a cabeça.

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