❝I let it burn
You're no longer my concern
Faces from my past return
Another lesson yet to learn❞
- No Time to Die, Billie Eilish
- ☕🤍 -
Cellbit abriu os olhos lentamente, a cabeça parecia pesada demais e suas mãos estavam amarradas para trás. Com a sua visão ainda borrada, olhou ao redor tentando identificar onde estava; o que demorou um pouco, mas quando reconheceu, sentiu o seu sangue ferver de raiva. Ele se lembrou de quando estava ali anteriormente, se lembrou da sua antiga face de vilão, fingindo ser da federação para conseguir informações e libertar o amigo. E estar ali novamente, não era uma sensação boa.
Ele também se recordou de cada momento antes da pancada que levou na cabeça, ele sabia quem havia o levado para esse lugar. Era sempre ele, sempre o urso branco. Da última vez aconteceu do mesmo jeito, a mesma pancada na cabeça e a mesma sala.
— Aparece Cucurucho, eu sei que você vai entrar aqui e fazer o seu discurso idiota, igual da última vez — Cellbit sorriu, tentando se soltar da cadeira.
Como havia dito, Cucurucho entrou na sala branca. Carregava um carrinho de hospital, em sua superfície havia uma maleta branca e suas costas estavam retas, em uma postura que até mesmo Cellbit sentiu inveja. Ele caminhava calmamente e em silêncio, seus passos nem barulho faziam naquela sala branca. Seu sorriso rasgava o rosto que, agora, parecia perturbador demais.
Ainda em silêncio, Cucurucho parou o carrinho na frente de Cellbit, abrindo a maleta - mas, acabou tampando o seu interior. O híbrido de gato sentiu seu coração acelerar e a sua respiração ficar rasa. Da última vez que esteve ali, o urso branco havia falado um mini discurso e havia o levado para outra sala, mas suas mãos estavam desamarradas. Daquela vez, Cellbit havia escolhido estar ali. Agora, ele não sabia o que esperar.
Cucurucho tirou de dentro da mala um estetoscópio, colocando-o no ouvido e aproximando-se do loiro na sua frente. Cellbit franziu a testa, tentando entender o que estava acontecendo e o por que do urso branco estar fazendo isso.
— O que está fazendo? — Cellbit olhou nos olhos do urso e abriu um sorrisinho irônico. — Se formou em medicina?
"Silence, please"
— Ok, perdão doutor Cucurucho! — O loiro disse rindo, observando cada movimento que o urso branco fazia na sua frente.
Ele agia como se realmente fosse um médico, medindo a pressão do loiro, verificando os seus reflexos e analisando suas orelhas felinas. Ele fez tudo no completo silêncio, o que Cellbit não sabia se o aliviava ou não. Ele não aparentava estar sendo perigoso no momento, parecia apenas... curioso sobre a saúde de Cellbit.
Quando aparentemente havia acabado tudo, Cucurucho guardou as coisas dentro da maleta e se preparou para sair, o que deixou Cellbit mais confuso ainda.
— Ei, espera, onde você vai? — Cellbit mexeu as mãos, indicando que estava preso. — Me deixe sair, não precisa me deixar aqui.
"No"
— Não? Não o que, me deixe sair — O desespero voltava, ele tentava se soltar mas parecia que cada vez que mexia a mão, a corda apertava mais.
"No. Your time has come" (O seu tempo chegou)
— Olha eu não estou te entendendo Cucurucho. Da última vez você nem me deixou preso, apenas fez aquele discurso e me mandou para outro lugar. O meu tempo chegou, mas tempo para o que?
Então, Cucurucho saiu da sala, sem dizer mais nada ou fazer qualquer outra coisa. Quando a porta fechou com um estrondo, Cellbit se assustou. Suas orelhas levemente sensíveis a barulhos altos, doeram, fazendo com que o loiro desse um pequeno gemido de dor.
Agora a sala estava um silêncio, assim como estava quando chegou, antes do urso entrar e brincar de ser médico. Cellbit bufou, já impaciente para sair dali. Ele começou a analisar a sala, mesmo que fosse tudo branco e apenas ter ele lá dentro. Não tinha relógio na parede, nem pinturas, nem janelas. Apenas uma porta de ferro que parecia ser pesada e, é claro, ele lá dentro. Não tinha o que fazer ali.
Ele começou a pensar sobre seu marido e seu filho, em como eles estariam. O que será que Roier tinha pensado após Cellbit não voltar com as madeiras que havia dito que ia buscar? Será que ele tinha continuado a dormir na areia, sem perceber que o híbrido não havia voltado? Roier tinha o sono pesado, ele demorava para acordar, mesmo que o mundo caísse ao seu redor. A chance dele ter continuado no seu sono era grande.
E o seu filho, Richarlyson? Será que ele percebeu o sumiço do loiro? Sua mente rodava diversas perguntas, as quais ele tentava pensar positivo. Não podia ser tão ruim estar ali, certo? Da última vez ele conseguiu sair, foram resgatar ele e Felps. Assim que percebessem o sumiço dele, iriam atrás e resgatá-lo novamente. Era só questão de tempo, e então, ele voltaria para os braços de Roier e tudo estaria bem.
Pelo menos, era assim que ele queria que fosse.
O tempo foi passando e parecia que Cellbit estava ali faziam horas. Ele havia tentado dormir, mas o seu sono não chegava nunca. Pela primeira vez, desejou que não tivesse tomado café antes de sair com Roier e Richarlyson. O híbrido até mesmo tinha cantado algumas músicas, apenas para passar o tempo. E além disso, havia gritado para o nada, chamando Cucurucho várias vezes. Mas, nada parecia funcionar.
O silêncio parecia ensurdecedor e as paredes totalmente brancas, sem nada para chamar atenção, o faziam ter vontade de gritar de frustração. E também havia o fato de suas mãos estarem amarradas, o que o atrapalhava de fazer qualquer coisa. Nem mesmo de pé ele conseguia ficar, seus braços estavam prendendo a cadeira no seu corpo.
Quando Cucurucho abriu as portas pesadas e entrou no cômodo, Cellbit sentiu um pouco de alívio. Finalmente o urso havia voltado, o que poderia significar várias coisas, mas era alguma coisa com que Cellbit poderia se distrair.
— Olá doutor! Veio para o segundo check-up? — O híbrido sorria de lado, esperando alguma reação do outro que havia parado na sua frente.
"Follow me"
— Ahn, eu faria isso, com certeza faria. Mas, minhas mãos estão amarradas e eu não consigo- — Sua frase foi cortada ao meio quando Cucurucho, numa velocidade impressionante, simplesmente desamarrou as mãos de Cellbit. — Ah, muito obrigado doutor!
Assim que as cordas caíram no chão, Cellbit olhou para a porta aberta e viu uma possibilidade. Ele se levantou lentamente e, quando ia começar a correr, Cucurucho segurou seu pulso com uma força sobrenatural. O sorriso do urso aumentou ainda mais, inclinando a cabeça para o lado lentamente.
"Don't try to run away, or you will suffer consequences." (Não tente fugir, ou você sofrerá consequências.)
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Manipulation - guapoduo
FanficMesmo após todo o fim da confusão com a federação, q!Cellbit ainda tinha assuntos pendentes com o Cucurucho a resolver. E mesmo que ele não queira, ele precisa fazer as suas obrigações como parte da federação, o que resulta em manipulação e tortura...