𑁍 Morena Tropicana 𑁍

1°

11 anos antes

Mandacaru quando fulora na seca
É um sinal que a chuva chega no sertão
Toda menina que enjôa da boneca
É sinal de que o amor já chegou no coração
Meia comprida não quer mais sapato baixo
O vestido bem cintado, não quer mais vestir timão🎶

Quando acordo a primeira coisa que escuto é o Gonzagão de Mainha tocando alto no rádio velho da cozinha, e isso significa uma coisa

-OLHA A HORA DE ACORDAR, DONA MARIA MADALENA! - ouso os sons dos passos dela vindo pro meu quarto- BORA BORA QUE ISSO NÉ HORA NÃO - a cortina do quarto abre e eu fecho o olho- Eu vi tu com o olho aberto, levanta e vai tomar um banho pra ir pra escola vai, vou sair mais cedo pra levar Luiz na casa de Mãe e depois vou passar na feira antes de ir pra casa de dona Helena, não quero você andando sozinha no caminho de terra.

Nós moramos afastados do centro da cidade, na casinha que meu avô deu pra minha mãe quando meu pai sumiu no mundo com uma rapariga que ele arrumou enquanto trabalhava de caminhoneiro, deixando eu, minha mãe, e meu irmãozinho Luiz Henrique de 8 meses, na época minha mãe tava grávida perto de ter ele, bom que agora ele não faz falta, sofremos muito no começo, minha mãe principalmente e muito mais, por que não sabia como iríamos nos manter, se viu sozinha com nós dois, mas meus avós sempre nos ajudaram, e depois de 6 meses que Henrique nasceu ela conseguiu um emprego de diarista na casa de dona Helena, a viúva do Coronel da cidade, as maioria das vezes ela leva meu irmão pra lá, ou deixa na casa dos meus avós.

- A benção, Mãe -minha voz sai roca e dou um sorriso pra ela

- Deus te abençoe minha filha -ela sorri e vem me dá beijo na testa, minha mãe é a mulher mais linda do mundo todo, Dona Açucena é bonita por dentro e por fora- agora levanta e vai tomar banho pra não se atrasar

Corro pro banheiro, faço minhas necessidades e já tomo um banho, depois de colocar a farda do colégio eu penteio o cabelo fazendo duas tranças no cabelo e vou tomar café da manhã, fico brincando com meu irmão enquanto minha mãe termina de se arruma pra nós sairmos.

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Assim que chego no colégio passo pelo portão cumprimentando seu Beto o porteiro e vou sigo calada até minha sala, quando chego na porta Lucas tá em frente com os amigos dele, tento passar despercebida mas a mão no meu ombro me prova que eu não tive sucesso.

- Bom dia, Mada. -um sorriso cheio de dente é a causa do meu suspiro, sinto coisas por Luquinhas que ainda não sei explicar.

-Bom dia, Luquinhas - sorrindo toda coisada eu aceno pros outros meninos que tão sorrindo pra mim e vou para minha carteira, e abaixo minha cabeça nos braços para pensar o porquê sinto essas coisas que não entendo, tenho que falar com Mainha.

Passou um tempo e aqui estou eu fazendo o que eu amo fazer, criando estórias com minha imaginação.

- Eita que hoje ela tá pensando mais que o pensador viu - escuto a voz de Luana e levanto o olhar sorrindo pra ela- achava que só dormindo que se sonhava mas tu tá sonhando acordada quase todo dia.

- E quem é que ta sonhando aqui? -eu, mas ninguém precisa saber disso, e se souber deixe quito, oxe pode nem mais criar imaginar me paz - eu só tô imaginando histórias porque fugir da realidade e imaginar histórias incríveis e desbravar mundos só com a imaginação é muito melhor pra mim -tem diferença na minha cabeça.

- Mas a gente já tá crescida pra viver dentro da nossa cabeça como criança, já tá no tempo de nós virarmos mocinhas -fala a última parte susurrando- agora nós tempos que agir como moças direitas e se aquietar pra ter um bom casamento no futuro