Medo

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As  lembranças  que eu tenho da minha mãe, são de uma uma mulher, sentada, com olhos azuis frios, olhando  para a TV, o cigarro entre os lábios e uma garrafa de cerveja na mão, lembro dos seus gritos, enquanto meu pai colocava eu e Jason dentro do quarto, para ela não acertar a gente com algo, já que ela estava sempre quebrando as coisa, e batendo em mim e no Jason que ainda era um bebê de um ano. Não fiquei triste quando ela morreu,  mas meu pai ficou triste, seu enterro foi um dia ensolarado e com pássaros cantantes, acho que o universo estava comemorando. Só penso que ela demorou de mais para morrer, ela fez nossas vidas um inferno passar minha infância e adolescência  tendo que engolir a vontade de esmagar a cabeça  dela com uma pedra.

Mas não foi só ela que morreu.

Talvez não  seja nada decente estar apenas com uma toalha em volta da cintura, enquanto tem uma mulher desconhecida na minha frente, mas em minha defesa ninguém  falou que tínhamos visita, ainda mais uma tão exótica, seu longo cabelo cacheado  e sua boca carnuda entre aberta de surpresa, só esperando alguém para suga-los, sorri com meus pensamentos me aproximo mais dela, colando nossos corpos ouvindo seu suspiro.

—Tudo bem eu só mordo um pouquinho. —Digo com minha voz em um tom mais sexy em seu ouvido.—Não  tenha medo.

A cada passo que dou ela se afasta para trás, até estar encurralada na parede, pego uma mecha de seu cabelo escuro, por  entre os dedos e o cheiro, sob o olhar chocado dela. Isso é tão divertido.

—Por favor afaste-se.— Ela pede educamente.

—Não,  está é minha casa, e afinal quem  é  você princesa! Aposto que é uma puta do meu velho, ele gosta de garotinhas como você.— Respondo com tôm sarcástico.

—Não, eu sou Laenna,  Slade disse que eu poderia ficar, ele é seu pai? Fala rápido, ainda me encarando.

—Wow, puta merda, você é uma noiva presente! Falo surpreso ao ver a marca na pele dela.

Seus olhos se arregalaram  e sua boca abre e fecha, sua mão  tampou rapidamente o marca na lateral do pescoço, quem diria uma noiva presente, elas são tão difíceis  de conseguir, muitas nem sobrevivem até o fim do treinamento, e as que sobrevivem não passam  de dois anos na mãos de seus mestres, e pensar que meu pai conseguiu uma tão  pequena e bonita, meu sorriso  deve estar tão aterrorizante para ela,  já que a mesma está tremendo e palida.

—Eu não sou um presente.— Responde baixinho olhando o chão.—Você é  muito rude.

—Olha sua marca prova que você é uma p-r-e-s-e-n-t-e vadia. Faço questão de soletrar a ela o título que a mesma possui.

Sua boquinha treme de raiva, lágrimas grossas escorrem em seu rosto, e seus soluços me fazem bufar irritado. Movo minha mão em direção ao topo da sua cabeça, e dou uns tapinhas de leve, para acalmá-la e faze-la parar de chorar, os livros que eu tenho sobre noivas presentes finalmente serão  úteis.

—Ei, tudo bem estrelinha, vêm.— Falo docemente, abraçando seu pequeno corpo.

Seus tremores e soluções  pararam, pego seu queixo, erguendo seu rosto para cima, seus olhos estão escuros e brilhantes e parece distante, eu consegui deixar  ela em um estado catatonico, não consigo esconder meu  sorriso cruel, isso é perfeito.

—Que merda você está fazendo? A voz irritada do meu irmãozinho  me faz suspirar em frustração.

Olho em direção a um Jason molhado e com um olhar furioso, sua mão esquerda está  fechada em punho e a outra segurando uma mochila marrom, o cabelo loiro está bagunçado, seus lábios estão tremendo de irra, e sua pele palida está vermelha.

—Oi, olha só o que o papai trouxe para casa. —Digo soltando o rosto dela é a virando em direção a ele.—Uma presente.

—Solta ela agora Abaddon, ela não é uma presente, muito menos do pai.— Ele gospe as palavras com nojo em seu tom de voz.

—O que vocês dois pensam que estão fazendo. —A voz  do pai e seguida por um trovão  alto.

Seu olhar confuso em minha direção, ele passa por Jason e caminha até mim, parando na minha frente, com uma sobrancelha arqueada como se pergunta-se o que estava acontecendo.

—Eu quero foder a presente é o Jason está dando um show.— Falo  baixo sem desviar o olhar do dele.

—Laenna, a chame pelo nome Abaddon,  ela não é sua, é uma convidada  minha e do seu irmão, mantenha suas mãos longe dela.— Ele fala irritado, retirando minhas mãos dela.

—Tanto faz,  Foda-se  vocês e a "presente".— Respondo irritado, dou as costas a ele e vou para o meu quarto.

Vadia idiota.

—Aqui está pequena. —Slade fala sentando perto dela na cama.

—Obrigada. —Ela o agradece.

Com cuidado ele pega uma colher com um pouco de sopa,  assoprando e levando em direção  aos lábios dela, que se abrem e come o conteúdo  quente, o mais velho observa o rostinho  delicado dela, ele sabia que ela é uma noiva presente, viu a marca quando deu banho nela, mas vê-la naquele estado de total submissão  foi de mais até para um monstro como ele.

—Jason está bravo comigo.— Fala com tristeza, olhando Slade com receio.

—Não, ele só estava chateado com outra coisa, não  se preocupe pequena, vamos cuidar de você. Salde explica com a voz mansa.

A pós  ela terminar, ele colocou o prato na mesa de cabeceira, e voltou as mãos enormes  dele  para a coxa nua dela, esfregando a grande mão  contra a pele macia dando uns apertos e se aproximando  de sua intimidade, não foi surpresa  para ele quando ela gemeu, e seus olhos ficaram mais escuros, quase entrando   em  estado catatonico,  a mão dele se aventurou mais fundo, tocando  na calcinha dela, esperou qualquer reação  de recusa da mesma mas ele não teve, retirando as mãos do corpo dela. Ela o olhou com olhos brilhantes cheios de medo, e segurou o pulso  dele.

—Não fique bravo, eu nunca  quis isso eu juro.— Ela tentou se explicar com a voz de choro.—Eu posso partir se acharem melhor.

—Não  bonequinha, e muito perigoso para você lá fora, nos vamos protegê-la.— Tentou acalmá-la.

Anos  atrás o mundo que eu conheci desmoronou, começou  com a lua de sangue um fenômeno  raro, que ocorreu no dia vinte e cinco de janeiro de dois mil e vinte cinco, lembro de olhar admirada, e ter feitos tantas fotos da lua naquele dia, mas o vermelho sangue não  saiu. A primeira mulher a ficar doente que eu conhecia foi a Beth Barbosa, travalhavamos juntas no café.

—Vou sair mais cedo, estou com dor de cabeça. —Beth comentou.

E ela foi, mas não voltou  no outro dia e nem nos outros que vieram, na realidade ninguém achou estranho o número de mulheres procurando uma unidade de saúde, mas então  elas começaram  a morrer, algumas mais rápidas que as outras, horas ou dias não  importavam se uma mulher ficar doente ela logo iria morrer, dos mesmos sintomas, dores, sangramentos internos  e morte. Teorias surgiram, mas não  passou disso, não  importava a idade elas morre, logo o luto paralisou tudo, a economia  entrou em crise. Os crimes começaram a aumentar, sequestros, estrupos, violência  doméstica etc... Até  hoje me pergunto se não  foi só o número de testemunhas  denunciando estes crimes que aumentou.

Eu acordei com dores no corpo, as notícias não eram nada boas.

" Se você  é uma mulher fiquem em casa, procurem não sairem desacompanhada,  e procure uma unidade de saúde se tiver alguns  dos sintomas".

Mas mesmo assim eu tive que ir trabalhar, o café não teve muito movimento naquele dia, por.mais fraco que meu corpo está a ficando consegui ficar até o fim do expediente, ao sair em direção ao metrô, tudo que eu me lembro é daquele homem parado na minha frente, o medo e a dor no meu rosto quando ele me deu um soco, depois tudo ficou escuro.

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