Nota: Quem é vivo sempre aparece né 🤡🤡✊🏻
Pior que já tava tudo escrito, mas fiquei sem tempo pra revisar 😔Qualquer coisa podem me cobrar no Twitter: @guaramme 😭
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Goiás
Uma sombra penetrou cedo no dormitório, junto com o visitante inesperado. Me senti perturbado mesmo antes de ver quem era.
Era madrugada, todos já tinham ido para seus aposentos após horas de conversas fúteis jogadas fora.
Ele entrou no quarto, carregando algo em mãos. Parou na beira da cama, com a respiração tão pesada que me dava arrepios. O reconheci antes mesmo de levantar a cabeça.
Aquele que me deixou esse silêncio que a madrugada trás consigo, junto com a solidão de presente. Tudo que me restou dele.
Desde que MS se mudou para o dormitório do Minas no outro bloco, aqui está praticamente vazio. Afinal, a representante geralmente está ocupada, e curiosamente costuma passar muito tempo na enfermaria com Santiago. Já Matinha, nem mesmo olha pra mim quando topamos no corredor.
— Acho que peguei pesado com você... — Suspirei ao ouvir isso. Não é um "desculpa por ser um babaca, Goiás!", mas é melhor que nada.
— Você nunca mais voltou. — Tentei esconder a tristeza na voz.
— Você teria voltado?
O tocantinense é tão esperto quanto afiado, a língua é uma lâmina, um chicote que poderia me destruir a qualquer momento. Mesmo sem entender direito as palavras, ele compreendeu o tom firme de quem faz exigências. Percebeu que a forma respeitosa que usava de nada servia, um disfarce mal feito. Diante de um poder silencioso e determinado, as barreiras do ambiente cediam.
Um mau pressentimento tomou conta de mim, como no dia em que nos separamos, como qualquer outro dia. Um fim trágico para uma amizade que jurava que nunca acabaria.
A sensação de voltar à infância: o amargo gosto do desenhos coloridos em tons cinzentos, uma vez que os lápis coloridos fugiam do orçamento da mamãe. Se não fosse ele, sempre teria sido tudo cinza, assim como voltou a ser no dia que ele foi embora. Como digo isso a ele? Como digo que ele transformou minha vida em cinzas? Éramos tão novos...a vida foi tão injusta com nós dois.
Já tive essa sensação vezes o suficiente para saber que não devo ignorá-la. Más notícias mudam o mundo em um segundo. Mudam o ar. Meu coração é humano, tal qual pressente que o sofrimento está chegando com tanta certeza quanto um cavalo percebe uma tempestade que se aproxima.
Só agora consigo notar o violão nas mãos dele. Essas memórias que me invadem, o dia que entrou no meio daquele brutamontes horripilante para me proteger.
O instrumento está em bom estado, mas as cicatrizes que um dia partiu-se ao meio estavam lá.
— Eu-
— Me desculpe. — Ele me interrompeu com a frase.
Sei que nunca vou me esquecer o que nos trouxe aqui.
Quero aproveitar a tranquilidade que meu coração sente, bem agora, nesse momento. Longe daquela angústia que me acompanhava durante todos esses últimos anos, mas a ideia me fugiu da mente por causa das lágrimas.
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Eu vim do interior
FanfictionProvocações, indiretas, ofensas, apostas... o vaqueiro faz de tudo para chamar atenção do quieto e calmo mineiro, que nunca entende o motivo dos chiliques e ataques de raiva do cowboy. Disseram que seria bom dar um chá para ele se acalmar um pouco...