O silêncio entre os dois colegas na enfermaria era incômodo. A maioria acharia estranho estar numa ala hospitalar com seu "ficante" segurando sua mão.
Isso se sequer pudessem rotular desta forma.
A relação entre o mineiro e o sul-mato-grossense nunca foi das melhores. Diego constantemente tinha seu ego ferido e se via na obrigação de provar a sua capacidade. Já o outro, sequer se importava com as diversas apostas que ganhou de lavada.
Sendo assim, foi estranho terem acordado na mesma cama numa certa manhã qualquer. Apesar que Diego era o único a pensar dessa forma.
A despreocupação de Minas o fazia acreditar cada vez mais teve significado algum pra ele.
Odiava sentir que era o único que teve o coração roubado naquela história. Por isso continuava a negar incansavelmente a si mesmo que não sentia-se dessa forma.
A raiva percorria seus músculos e os tensionavam, bem mais quando soube que tinha a hipótese de ter que rapar a lateral de sua cabeça caso precisasse de pontos.
Contudo, o principal motivo de seus nervos estarem a beira de estourar, era a mão quente de Minas apertando a dele, enquanto tinha aquele olhar preocupado nos olhos de quem espera o pet sair da cirurgia.
Pensava quieto no motivo de agir assim. Para Diego, não faria sentindo preocupar-se uma pessoa dessa forma se não gostasse dela.
"Talvez, ele esteja apenas com dó de você."
"Ele só está brincando com sua cara."
"Pobre Diego...olha como está patético."
"Você tem medo, não tem? Medo que te abandonem mais uma vez."
Diego ainda não falara um "a". Os pensamentos em sua cabeça martelavam consecutivamente cada parte do seu coração, que parecia gritar por ajuda..
— Ei...'cê tá bem? — Minas tomou a iniciativa.
Diego não pareceu escuta-lo. Apertava o punho acima do peito, como se doesse duma forma que nem os melhores dos médicos poderiam lhe curar.
Angustiado, o mineiro assistia sem poder ajudar. Doía saber que não importava o quanto estendesse a mão, o vaqueiro iria negar seu altruísmo. Ainda assim, não deixaria de tentar.
O elegante e charmoso enfermeiro, Santiago, voltou com com um sorriso tranquilizante nos lábios. Presenteando os dois com a maravilhosa notícia que havia sido apenas pequeno corte, e não iria precisar de pontos.
Não teria necessidade de tirar os fios do cowboy para tratar a ferida.
Diego relaxou gradativamente o corpo rígido, disfarçando o alívio com uma tosse forçada, que não passou despercebida por Minas. Confiava no enfermeiro. Já escutara diversas vezes da representante que o tal tinha graduado-se com êxito em uma das melhores faculdades de Buenos Aires. A mesma sempre enchia a boca para falar de como o mais velho era excepcional.
Minas agradeceu a Santiago, que sorriu ajustando seus óculos no rosto, saindo após dar a liberação aos dois.
— Diego...'Cê gosta de mais do seu cabelo, né?
O peão sentiu seu coração errar uma batida, arregalando os olhos na direção de Minas quase instantaneamente, falhando miseravelmente ao tentar disfarçar a reação que acabou ter. Seu rosto vermelho entregava completamente seu nervosismo.
Sequer sua irmã havia reparado nisso antes, para ele, Minas só podia ser uma espécie de mago.
— ...Não. — Virou a cabeça pro lado oposto.
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Eu vim do interior
أدب الهواةProvocações, indiretas, ofensas, apostas... o vaqueiro faz de tudo para chamar atenção do quieto e calmo mineiro, que nunca entende o motivo dos chiliques e ataques de raiva do cowboy. Disseram que seria bom dar um chá para ele se acalmar um pouco...