𝑟𝑜𝑐𝑘 𝑛' 𝑟𝑜𝑙𝑙

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Desde que se lembra, Sirius odeia seus aniversários.
Não que ele seja vaidoso demais e não goste de se lembrar que está ficando mais velho. Nada disso. Ele odiava por todas as vezes em que Walburga, sua mãe, o lembrava em como ele era um fudido. Um erro. Não devia ter nascido.

Por muito tempo, Sirius acreditou nas coisas que sua mãe dizia. Passou 11 anos odiando tudo sobre ele mesmo. Seus olhos azuis cinzentos, seu nariz perfeitamente reto (mesmo que seu pai, Orion, o tenha quebrado mais de quatro vezes depois que descobriu que seu primogênito era gay), seu corte de cabelo alinhado, sua postura impecável.

Era um herdeiro aristocrata, não podia ser diferente. Era um Black puro, não podia ser uma aberração.

Mas Sirius era.

E hoje em dia, Sirius se orgulha disso.

Desde que Sirius pisou pela primeira vez na estação 9/¾, ele decidiu que seria tudo que os Black's odiavam.

Sirius seria Rock n' Roll.

Sirius acordou com seus amigos em cima dele desejando um desajeitado e sonolento "Feliz Aniversário Six!".

Ele não sabe como, mas, abre um sorriso que em dias normais não existiria antes das onze da manhã. Porém, é seu aniversário e estava com seus amigos James, Peter e o motivo dos seus mais sinceros e felizes sorrisos, Remus.

- Vamos, vamos levantando. Temos que organizar a festa mais badalada que a Grifinória terá esse ano! - Prongs exclama, gesticulando para Sirius, que está rindo de alguma coisa que Peter disse.

- Exatamente Prongs! Não é todo dia que nosso Padfoot faz dezesseis anos. - Monny diz puxando Six para fora da cama.

- Porra, eu só queria mais cinco minutinhos Monny! - Sirius se arrasta para o banheiro, com a coluna curvada, os braços soltos e o cabelo na frente dos olhos, parecendo um morto vivo que eles viram em um filme trouxa uma vez.

- Problemas da maioridade, meu bem. - Ele escuta Peter falar assim que fecha a porta do banheiro do dormitório.

As aulas passaram vagarosamente naquele dia e os Marotos se encontravam na última pior aula do dia: Poções.

A sala foi dividida em duplas e Sirius era dupla de James. A aula estava tão entediante que logo Black estava totalmente alheio às palavras do professor, tanto, que não percebeu quando começou a olhar para Remus, do outro lado da sala, sentado ao lado de Evans.

O professor vira as costas enquanto se dirige a frente da sala, quando um pedaço de papel aparece em sua frente.

"Encarando demais Black, desse jeito vou achar que está apaixonado por mim :)
R.L."

Ah, se Monny soubesse... Se ele soubesse que Sirius é perdidamente louco por ele desde o segundo ano.

Quando na manhã de seu aniversário de doze anos, Sirius recebeu no dormitório, um berrador de sua mãe, dizendo coisas absurdas demais para uma criança escutar.

Não que ele nunca as tenha escutado, mas ser chamado de "bichinha traidora" na frente de seus melhores amigos (que nem sabiam sobre a sexualidade de Sirius ainda) lhe causou a maior crise de pânico que ele se lembra de ter tido.

Porém, Remus subiu em sua cama, o abraçou e sussurrou em seu ouvido "está tudo bem Pads, não há nada de errado com você."

Ele ficou ao lado de Sirius. James e Peter também. Eles prometeram que nunca tratariam Six diferente por ele ser gay.

"Eles amavam Sirius fosse ele o que fosse!" Palavras de Potter.

Ah, se Monny soubesse... Mas, ele não sabia. E ele não gostava de Sirius 'desse' jeito.

Entretanto, quando se está brincando com seu melhor amigo, a verdade pode ser facilmente camuflada como 'parte da brincadeira'. Ele escreve e aparta o papel para a mesa de Remus.

"Como se fosse difícil se apaixonar por você, Lupin.
S.B."

"Haha, engraçadinho. Preparado para mais tarde?
R.L."

"Seu engraçadinho ;) Não sei não hein, devo me preocupar com essa pergunta?
S.B."

"Tire suas próprias conclusões. Agora presta atenção na aula, o professor está desconfiado de nós, haha.
R.L."

"Okay pai. Até mais tarde!
Seu S.B."

"Sirius Orion Black!!!
Seu R.L."

Ah, se os dois garotos soubessem...

Remus não se lembra de quando exatamente começou a notar Sirius Black de um jeito diferente.

Para ele, o Black mais velho sempre chamou a atenção de todos ao redor por sua beleza e seu elegante sotaque aristocrata. E com ele não seria diferente. Mas era.

Sirius não era só beleza externa e lábia convencente. Ele era gentileza e compreensão também.

Ele foi o primeiro a saber da licantropia de Remus e quando soube, ficaram horas abraçados enquanto o de olhos azuis fazia cafuné nos cabelos loiros. Desde então, Sirius se transforma em Padfoot para lhe fazer companhia na Casa dos Gritos. É ele que cuida das feridas no dia seguinte. Era ele que comprava sapos de chocolate e os colocava todos os dias debaixo do travesseiro de Lupin.

Uma coisa que Lupin notou depois de alguns anos é que Sirius fala sobre tudo, menos de seus sentimentos. Principalmente se envolver sua família.

Ele sempre aparenta estar feliz e completamente bem. Mesmo que não esteja.

Sirius era escrito em entrelinhas e não podia ser somente lido. Precisava ser desvendado, como um código.

Remus era uma pessoa observadora, e por isso, decorou suas manias e os mínimos detalhes. Sabia que Sirius sabia mentir como ninguém e se sentia mal quando não conseguia dizer o que sentia para seus melhores amigos. Sabia que ele tinha pesadelos frequentemente com os pais e quando aconteciam, ele se esgueirava para a sua cama e colocava a cabeça em seu peito, dando a desculpa que gostava de ouvir o coração de Remus.

Sabia que ele mexia nos anéis quando estava ansioso e mexia no cabelo se estivesse desconfortável com algo. Sabia todas as bandas favoritas dele e sabia sobre seu nariz quebrado mais de uma vez. Sabia também que o garoto amava o seu jeito de pronunciar seu sobrenome.

Remus poderia fazer um pergaminho maior do que os de Poções só listando as coisas que sabia sobre Sirius.

E foi assim que ele descobriu que ele estava se apaixonando.

Tentou de todas as formas de livrar-se do sentimento, usando o corpo de outras pessoas, mas, em sua cabeça era sempre Sirius.

Sirius. Padfoot. Black.

𝐾𝑖𝑛𝑔 𝑂𝑓 𝑀𝑦 𝐻𝑒𝑎𝑟𝑡 Onde histórias criam vida. Descubra agora