professora

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Volteiiii

Derrubamos (garganta abaixo) a garrafa de vinho italiano, disse ela que era um dos seus preferidos, e concordamos muito sobre o tipo do vinho: seco, nunca o suave! Até que tínhamos muitas coisas em comum! Ela era fã de Sheldon Cooper, eu também, ela gostava de muitas músicas que eu também gostava, não é porque disse a ela que curtia samba que só curtia samba. Ela disse que sabia cozinhar e fiquei curiosa em saber como ela vivia. Será que morava num lugar pé de chinelo? Não que o meu apartamento no Bangkok fosse alguma coisa extraordinária, mas era um dos antigos e era bem amplo.

Quando dei por mim estava analisando o cabelo dela e não resisti em perguntar, porque havia pintado.

- Você é curiosa... Bem, na verdade estava pintado antes, de castanho escuro, essa é a cor natural dos meus cabelos.Dourado. 
- Seu cabelo é lindo.

- Obrigada, o seu também é, gosto do jeito como fica quando seca ao natural.

Ela estava me sacaneando com certeza, meu cabelo, loiro escuro em camadas, só ficava legal com uma boa escova!

- E você... faz o que durante o dia? -

- Durante o dia? Como assim? Oque imagina que eu faça?

- Sinceramente, não consigo definir uma imaginação fixa, até de professora já te imaginei.

Engfa deu uma risada dessas que vira a cabeça pra trás.

- Professora? Puxa vida, eles são muito mal remunerados, pra você pensar desse jeito...

- Não foi por eles ganharem mal, foi pela forma como se expressa.

- Hmm, entendi. Você faz uma ideia bem preconceituosa dos acompanhantes, não é Charlotte Austin?

- Claro que não! Ou acha que estaria aqui?

- Não sei. Acho que acima do seu preconceito, está seu orgulho ferido.

- Pode acreditar, é só o orgulho ferido mesmo.

De repente ela ficou quieta, pensativa.

- Charlotte, vou precisar da cópia da chave. Tudo bem?.

A cópia da chave do meu apartamento??? Ai Jesus, estou mesmo certa disso? Dei uma última golada no vinho e sorri, balançando a cabeça em afirmativo. Estava confiando cegamente numa garota de programa! Uma mulher que mal conhecia.

***

Quanta estupidez! Foi estranhíssimo olhar todos os dias daquela semana para os objetos de Engfa, parecia mesmo que ela estava morando comigo.

E que mulher cheirosa.

Depois que ela saiu lá de casa na terça-feira, fui fuxicar as coisas dela, cheiro gostoso, perfume, loção, shampoo... Até as roupas dela, foi quando vi meu reflexo no espelho acima da cômoda. Deus. Estava com a roupa dela nas mãos, inalando seu perfume. Apertando-a entre os dedos. Coloquei de volta, imediatamente.

Meu Deus!

Meu Deus!

Meu Deus!

Eu estava mesmo apaixonada por Engfa.

Ela não deu sinal de vida desde o momento que saiu do meu apartamento. Passei a semana praticamente em prantos. Nudee, ficou comigo no banheiro do escritório, a maior parte do tempo. Estava com tanta raiva de mim.

Mais uma vez estava fadada a sofrer por um amor mal resolvido, mal escolhido, mal intencionado, mal tudo.

E foi quando resolvi que ela jamais poderia saber o que estava sentindo por ela. Com certeza iria se aproveitar pra tirar todas as minhas economias.

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