Been não gostou muito da ideia da separação repentina. Porém, ele teve que aceitar e lidar com isso. Expliquei que estava muito cansativo, não estava mais me sentido feliz nesse relacionamento e ele entendeu ou ele escondeu muito bem.
Consegui tirar um ano sabático, trabalho com TI e muitas das vezes trabalhava em casa, porém como sou uma pessoa muito importante na área, pude dar uma "pausa" e voltarei em julho do ano que vem. Se gostar de Califórnia, vou pedir transferência para cá.
— Lia, papai e mamãe ligaram.
Diz Otto aparecendo na porta me dando um susto, preciso deixar a porta fechada sabendo que nem na porta ele bate. Otto é meu irmão mais novo: adotado. Ele é japonês, costumava ser muito tímido e introvertido, o mesmo me lembra eu quando estive todos esses anos em Nova York. Agora Otto parece diferente, mais feliz eu diria. Espero que ele tenha amigos, Otto sempre teve dificuldades para criar relacionamentos, já que todos o excluíam por ser adotado e japonês.— O que eles disseram? Por quê não ligaram diretamente pra mim?
— Depois que você decidiu morar com Been, você mudou bastante, por isso mamãe nunca te visitou ou ligou pra você. Eles ligaram pra saber se você tinha chegado e esperam fazer uma visita aqui em breve, já que eles continuam morando em Los Angeles também.
— Tudo bem. Esqueci que não tinha mais o contato deles, lembro que fiquei com muita raiva por eles terem discutido comigo por eu ter ido morar com Been..
— Agora você vê o quanto você foi idiota.
Jogo uma almofada nele e o mesmo sai e fecha a porta. Porém ele abre de novo como se estivesse esquecido de algo – Chamei uns amigos para vir pra cá hoje, toda sexta à noite fazemos uma noite de jogos. E eu cheguei a comentar que minha irmãzinha chegou hoje e eles estão super ansiosos pra te conhecer, não me faça passar vergonha Lia, por favor. – continua. Otto da uma piscadela enquanto ajusta seu boné azul.— De boa, acho que ainda sei ser legal e conhecer pessoas novas. Estive muito sozinha em NY e parece que desaprendi muita coisa..
— Estou vendo, digo pelas suas roupas.
Ele me olha de cima a baixo fazendo uma careta e logo olho para minha roupa: estou usando uma calça social e blazer preto, uma camisa de botões branca por baixo, e uma bota de coturno preta também. Uns acessórios um pouco exagerados, banhado a ouro.— O que tem com as minhas roupas?
— Elas são chiques demais para Los Angeles, bota algo mais praiano, está quente hoje.
Claramente podem ver que eu sou uma garota de cidade grande. Era.
— Tudo bem.. mas acho que vou precisar comprar roupas novas.
— Quer meu cartão? – pergunta ele
— Nossa eu te amo. Não sabia que sentia tanto sua falta - digo pegando o cartão dele – obrigada irmão.