Parte Quatro: junho de 2001 (ainda) (18)

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Harry gemeu ininteligivelmente no travesseiro de Charlie, de bruços e completamente vestido em cima das cobertas.

"O que é que foi isso?" Charlie o cutucou gentilmente.

Harry levantou um pouco a cabeça. "É ruim."

Charlie se sentou na beirada da cama, seus dedos nos cachos de Harry. "Você está com dor?"

"Não, não-" Harry bufou, então agarrou a mão de Charlie e a segurou sob seu peito. Seu rosto estava esmagado contra o travesseiro. "Eu não. Draco."

"O que há de ruim?"

"Draco. Quando ele faz isso-" Harry acenou com sua mão livre livremente, "-sabe. Educado. É ruim."

"Eu sei", disse Charlie com um suspiro. "Mas ele virá esta noite, não é? E podemos conversar sobre isso.

Harry olhou para ele com um sonolento olho verde vitrificado pela poção.

"Que grifinório insuportavelmente otimista você é, Weasley," ele disse, em seu melhor esforço para disfarçar o sotaque chique de Draco, que ainda era muito bom, mesmo com as poções atrapalhando suas palavras e o travesseiro abafando sua voz.

Ele adormeceu menos de dez segundos depois. Charlie encantou uma nota rápida para enviar a Kit, pedindo-lhe que assumisse as tarefas do dia.

A mão de Charlie estava presa, então ele se deitou ao lado de Harry, observando-o dormir, acalmado por sua presença e perturbado pela ausência de Draco.

***

Quando Harry acordou algumas horas depois, as poções haviam passado completamente, e ele estava com tanta dor que Charlie teve que ajudá-lo a rolar e sentar.

"Sabe, ninguém me disse com o que você foi atingido," Charlie disse, entregando-lhe um copo d'água, uma mão em seu ombro para mantê-lo firme.

Harry fez uma careta e virou o copo inteiro.

"Sectumsempra," ele murmurou, tossindo um pouco enquanto devolvia o copo vazio. "Porra, eu sinto como se tivesse sido atropelado por um caminhão." Ele estremeceu novamente enquanto tentava e não conseguia girar seu torso. "Um muito afiado. Carma, suponho.

"Carma?" Charlie perguntou, dirigindo-se ao banheiro para começar o banho.

"Para quando eu usei em Draco," a voz áspera de Harry flutuou através da porta, e Charlie quase tropeçou na banheira com pés.

"Oh," Charlie disse, lembrando, enquanto sua mente era bombardeada com culpa e vergonha, raiva e tristeza. Ele levou um momento para si mesmo enquanto a banheira se enchia, respirando o vapor, tentando clarear a cabeça.

Harry reclamou enquanto Charlie o ajudava a tomar banho, mas com aquele sorrisinho carinhoso no rosto, aquecendo o peito de Charlie. Charlie arrumou todas as garrafas coloridas de poções no balcão de mármore, franzindo a testa para as instruções do Curandeiro.

"Primeiro o reabastecimento de sangue", disse Charlie, pegando uma garrafa de fluido vermelho, "depois o verde para a dor..."

Harry gemeu. "Ainda não."

"Harry-"

"Eu vou... eu vou tomar, Charlie, só... ainda não. Quero alguns minutos com a cabeça limpa.

Charlie suspirou, largando as garrafas e indo até a banheira, onde se sentou ao lado dela, descansando os braços na borda, lembrando-se fortemente de estar nessa mesma posição menos de vinte e quatro horas atrás.

Os óculos de Harry estavam um pouco embaçados pelo vapor. Ele colocou a mão molhada no antebraço de Charlie, apenas para tocá-lo, e encostou a cabeça na banheira, afundando um pouco mais na água.

Licurici  (Charlie Wesley/Harry/Draco)Onde histórias criam vida. Descubra agora