Lee Minho
Reprimi um sorriso quando saí do banheiro e encontrei Jisung sentado na cama.
Seus olhos se arregalaram e suas bochechas coraram ao que seu olhar se demorou no meu torso nú e eu me virei em direção ao guarda-roupa.
— Eu disse que conversaríamos depois, Jisung. — Murmurei e coloquei uma camiseta e uma calça de moletom ao lado dele na cama.
Sequei meus cabelos com uma toalha enquanto outra envolvia minha cintura, tentando ignorar seu olhar preso em meus movimentos.
— Mas agora já é depois. — Suspirou derrotado e brincou com os próprios dedos, parecendo ansioso e agoniado. — Estou me sentindo culpado. Quer dizer, você me acolheu em seu apartamento quando me viu desmaiado na estrada. Me deu comida e me arranjou um emprego. Sem contar que estou saudável, e isso não seria possível sem você. A essa hora eu poderia estar vagando sem rumo ou até mesmo morto. Esconder algo tão importante não foi uma forma de agradecimento.
— Não estou bravo quanto a isso. Estou bravo por não ter prestado atenção nos mínimos detalhes e o cheiro. Um alpha consegue identificar quando o ômega pertence a outro ou quando está grávido. — Passei as mãos pelo rosto. — É lógico que esconder algo importante assim não é uma forma de agradecimento. Mas não estou com tanta raiva quanto deveria estar.
— Eu não pertenço a ninguém, nunca pertenci. — Suspirou e se ajeitou no colchão. — Eu estava chateado pois havia acabado de descobrir uma traição. Meus amigos me chamaram para uma festa e eu pensei "Por que não?" — Umedeceu os lábios e soltou uma risada fraca. — Eu sei o que você está pensando. Eu não estava bêbado e não fui forçado. Não me arrependi até o momento que descobri a gravidez. Não fui atrás do alpha porque senti muitíssima vergonha. Usamos camisinha mas ela devia estar furada ou coisa assim e também... Não é como se eu me lembrasse do rosto ou do nome. Não achei que algo assim aconteceria comigo.
— Eu não estou te julgando, quero deixar bem claro. Você estava se divertindo e aconteceu. As chances eram mínimas mas não nulas.
— Eu tive tantos pensamentos... — Fez uma pausa enquanto cobria com as mãos o próprio o rosto. — Acho que por isso demorei tanto para contar aos meus pais. — Franzi o cenho confuso. — Eu pensei em ir atrás de alguma forma de abortar. — Suspirei sabendo que não poderia julgar.
— Eu acho que se fosse comigo eu não conseguiria pensar em algo como isso, mas eu entendo que a escolha é de quem carrega e não de quem está de fora. — Abaixou a cabeça, parecendo envergonhado. — Eu trabalho em um orfanato e fico pensando que... — Soltei o ar pela boca e me sentei ao lado dele. — Muitas crianças são abandonadas a todo momento. Não teria sido melhor ter impedido o sofrimento? Não há apenas uma visão da situação, e eu consigo entender isso.
— Eu não penso mais nisso. Acredite, isso só passou por minha cabeça quando fui posto para fora de casa. Qualquer um em meu lugar teria cogitado esta alternativa, então não me sinto péssimo por isso. Tanto que tentei ao máximo adiar esta conversa, tive medo de ser rejeitado outra vez. Tive medo de fazer algo por impulso e me arrepender.
— Eu nunca rejeitaria ou condenaria... Até porque não tem nada a ver comigo, não tenho direito algum de me meter na sua vida.
— Como eu poderia ter certeza? Eu não te conhecia direito.
— E agora conhece?
— Na verdade, eu não sei. Nos conhecemos a pouco tempo mas de alguma forma... Confio em você. — Não consegui reprimir o sorriso que se abriu em meus lábios.
— Meu pai nunca esteve totalmente presente em minha vida por conta do trabalho. — Abaixei minha guarda. Me arrastei para mais perto dele e o ofereci um sorriso pequeno. — Minha avó que ia em todas as minhas reuniões escolares, era a única que se esforçava para estar presente. — Ri sem humor. — Eu não precisava de uma figura paterna que tivesse laços sanguíneos, apenas uma figura paterna. Gemma teve e eu só conseguia admirar. A mãe dela escolheu um excelente alpha e ele a tratava como filha. Eu queria ter tido isso. — Notei que seu semblante se entristeceu e ofereci um sorriso. — Eu acho que é por isso que o orfanato é tão importante para mim. Minha avó não me levou com ela mas ofereceu um pouco de seu tempo e sua preocupação. Tenho a vontade de fazer o mesmo.
— Você é um homem bom. — Passou seus dedos por minha face, ainda hesitante, e eu apenas fechei meus olhos, apenas aproveitando o carinho.
— Pelo menos eu tive uma figura alpha na minha vida. — Sorri grande. — Não posso reclamar de tudo. Não foi um ótimo pai mas uma ótima figura alpha, apenas um pouco egocêntrico. Seu filho talvez não tenha a mesma sorte. — O encarei por alguns segundos. — Não vai ser fácil mas estou disposto a te ajudar de verdade, Han Jisung. Talvez não como uma figura alpha e paterna propriamente dita, mas semelhante ao papel que minha avó desenvolveu na minha vida. — Senti seu toque se afastar bruscamente e me arrependi da minha sinceridade desmedida.
— Esse foi o meu erro, não o seu. — Se levantou e caminhou em direção a porta do quarto.
Abri e fechei a boca várias vezes, tentando absorver sua atitude. — Não trato isso como erro e não seria nada demais assumir tal papel. Não seria muito diferente do que faço pelas crianças do orfanato.
— Não nos conhecemos direito, Lee Minho. Você está disposto a tanta coisa que realmente me assusta. Agradeço por querer me ajudar mas vamos manter um limite. Sinto que estou me aproveitando de você.
— Posso estar sendo precipitado demais mas eu quero fazer isso. Estou disposto a isso. Não é tão diferente do que faço pelo orfanato. E bem... Somos amigos, não?
— Minho...
— Me deixe provar que posso fazer isso e que tudo ficará bem. É como ser um padrinho ou um tutor. Não é como se eu fosse adotá-lo... — Engoli em seco.
— Não é seu filho, não é seu problema.
— Você enxerga as coisas mais complicadas do que elas realmente são. Não consigo entender o problema de uma ajuda de um amigo.
...
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Eu modifiquei essa parte todinha hahah E estou pensando em adicionar alguns capítulos que eu gostaria de ter adicionado quando escrevi essa fic, lá em 2016 :) Me incentivem a melhorar essa fic ❤ Comentem :)
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Lightning | Versão Minsung | M.Preg ✔
FanfictionO raio cortou os céus e iluminou tudo ao meu redor. Vi o homem correr até seu carro e ligar os faróis, me cegando por alguns segundos. Eu apaguei diante de seus olhos. Ele me salvou. Ou, Em um dia chuvoso, Han Jisung é expulso de casa após descob...