A única exceção

E se sairmos em um encontro?

O pátio da universidade era grande, cheio de árvores altas, bancos de concreto para os universitários passarem o intervalo entre as aulas interagindo, mesas que cabiam grupos de três estudantes e grama verde e aparada por praticamente todos os lados. Era comum ver pessoas lendo um livro ou mangá, compartilhando lanche, pegando Sol, passando um tempo com os amigos ou apenas observando o ambiente ao redor.

Quanto a Jeongguk, ele gostava de fotografar, fossem os seus colegas ou o céu azul, em especial durante a primavera, época em que as árvores floriam e a natureza ficava ainda mais bonita. Não que não gostasse das outras, mas aquela era sua estação favorita. Ao contrário de Jimin, que preferia o outono – perguntou para ele quando se conheceram no inverno e ele disse que não gostava tanto assim do período frio.

Naquela terça-feira, Jeongguk aproveitou o horário livre que teve às 10 horas e 45 minutos para fotografar um gatinho que, de algum jeito, se enroscou entre as flores de uma cerejeira. Ele não estava preso – fez questão de garantir isso – e estava dormindo tranquilamente naquele lugar nada convencional. A sua pelagem era laranja e branca e o sorriso que enfeitou a boca de Jeongguk enquanto tirava várias fotos em inúmeros ângulos diferentes foi automático.

Sem perceber, há alguns passos dali, era observado por Jimin, que encostou na parede do bloco B, os braços cruzados em frente ao peito.

Ele vestia um suéter leve e fino na cor creme em conjunto a uma calça jeans folgada de lavagem clara e aos seus All Star pretos. Os cabelos estavam presos e algumas mechas caíam ao redor do rosto bonito, porque eram curtas para ficarem dentro do prendedor. A mochila pesava em um só ombro e Jimin fingia que não tinha uma aula para assistir às onze horas. Um sorriso encantado enfeitava os seus lábios quase que inconscientemente.

Tinha passado boas horas do fim de semana com Jeongguk, porque, depois de toda aquela conversa que os levaram a conhecer um pouco mais um sobre o outro, eles se beijaram mais vezes, se tocaram nem tão despretensiosamente assim – o que fez Jimin ter uma ereção, mas Jeongguk se livrou dela usando a boca com rapidez e agilidade – e dormiram abraçados. Mesmo assim, não conseguia tirar os olhos dele, vendo-o alegre e satisfeito ao tirar fotos bonitas de um gatinho que ninguém mais parecia prestar atenção. Era como se nunca fosse se cansar de admirá-lo.

Naquele instante, Park Jimin teve certeza que gostava de Jeon Jeongguk mais do que gostava na época em que somente sentou com ele por várias noites e conversou sobre os diversos assuntos que vinham nas suas mentes.

– Você deveria chamar ele para sair logo – Taehyung disse ao surgir do completo nada, se prostrando ao lado de Jimin, os braços também cruzados em frente ao peito ao notar para quem o amigo sorria tão afetuosamente.

Ele se assustou minimamente e desmanchou a expressão encantada. Olhou para Taehyung e ergueu o dedo do meio, o que fez ele rir e se afastar um pouquinho, porque o chute de Jimin era realmente doloroso e ele era rápido quando resolvia bater em alguém.

Não queria protagonizar uma cena e aumentar os boatos – podiam ser piores caso vissem aqueles melhores amigos brigando –, mesmo que poucas pessoas caminhassem pelo pátio naquele horário.

– E você deveria estar na aula.

– Eu estava indo quando vi você olhando para ele como se nenhuma outra pessoa existisse no mundo inteiro – alfinetou e sorriu de forma provocadora.

– Vai se danar. Eu não estava olhando para ninguém! – Jimin disse, emburrado, e olhou outra vez para Jeongguk, que agora fotografava o céu azul, os cabelos enrolados e pretos caindo graciosamente ao redor do rosto que encheu de beijos durante o sábado à noite. A franja esvoaça, dando um charme a mais ao momento, como se estivessem em uma cena dos dramas que Taehyung gostava de assistir. Inevitavelmente, sorriu pela milésima vez.