Capítulo 4

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"Mas... e se as coisas de fora forem importantes também? [...] Quero acreditar que você pode amar alguém com tanta força que nada disso importe. Mas e se importar?"

—     Outro Dia, David Levithan

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Na semana seguinte, a rotina que sequer teve tempo de ser uma rotina voltou. E Soraya, sendo completamente paparicada de uma forma até desconfortável, voltou as aulas usando uma moleta para o tornozelo torcido. Então, até a aula de literatura inglesa, ela não conseguiu um momento para sair de fininho para conseguir conversar com Simone, quem ela já havia visto que estava na faculdade.

Quando ela finalmente foi deixada em sua carteira habitual - Dessa vez por Guilherme e Pedro - Simone já estava lá.

E pela primeira vez eles realmente teriam aquela aula juntos.

- Olha, eu vou estar bem aqui atrás, e qualquer coisa que você quiser é só me chamar - Pedro falou de forma solicita, mas o tom era como se estivesse falando com uma criança.

Soraya queria dizer que só havia torcido o tornozelo e não o cérebro, mas achou que pareceria grosseira, então deixou para lá e apenas sorriu, assentindo.

- E a minha sala é aqui do lado, eu saio há qualquer momento para você - Guilherme acrescentou, entrando na frente de Pedro, que não gostou nada.

- Bom, eu vou estar aqui, na sala com você, então não vai ser necessário chamar ele para nada - Pedro murmurou.

Guilherme abriu a boca para retrucar, mas Soraya levantou a mão.

- Entendi. Muito obrigada, de verdade. Mas eu só vou assistir a aula mesmo agora, okay? - Ela falou.

Os dois saíram resmungando um com o outro, e Soraya suspirou.

Homens...

E então ela sentiu finalmente a tensão, aquele comichão estranho em seu corpo toda vez que até pensava em Simone, e de repente ela estava ali ao seu lado. Tão, tão perto. Soraya tentou identificar o cheiro do perfume, mas não era nada como ela já havia sentido antes. Era fresco e lembrava árvores, ou grama, mas também havia algo gelado no ar.

- Oi - Ela cumprimentou baixinho, entrelaçando os dedos um no outro de uma forma nervosa.

Simone apenas assentiu com a cabeça e se virou para a janela, com uma forma educada em responder quando não queria de verdade.

Ela quis se virar e falar com ela, mas a aula começou no mesmo instante e a coragem foi embora. E Simone só ficou lá, como se ela sequer existisse ao lado dela.

O professor deu os últimos vinte minutos de aula livre, que na verdade eram para organizarem o trabalho em dupla que deveria ser entregue dali duas semanas.

Em dupla. Com sua parceira do lado.

E a parceira de Soraya só salvava a vida dela, ela não falava com ela.

Irritada, a garota se virou para confronta-lá , mas mais uma vez foi interrompida. Soraya reprimiu a vontade de xingar alto.

— Acredita que a Keila convidou para o baile - Pedro chegou dizendo, sentando na beira da mesa.

Haveria um baile beneficente no fim do mês, e como uma espécie de "coisa divertida", ficou decretado que as meninas deveriam convidar os meninos. Para Soraya era tudo uma palhaçada de ridículo, mas as pessoas de cidade realmente pareciam se empenhar naquelas coisas.

— Isso é legal - Ela disse, tentando parecer o menos interessada possível para que ele saísse logo. - Você vai se divertir muito com ela.

— Bem... - Pedro gaguejou enquanto examinava o sorriso dela, claramente descontente com sua resposta. - Eu disse a ela que precisava pensar.

50 Tons De Um Crepúsculo ( Versão Simoraya ) PAUSADAOnde histórias criam vida. Descubra agora