Capítulo 2

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As três irmãs e o cunhado sentavam-se na grande mesa de jantar que já tinha sido utilizada para grandes festas quando o Sr. e a Sra. Gray eram vivos. Era um assunto delicado, Wendy quase nunca tocava nele.

- Caleb, querido, alguma novidade? - Amelia perguntou enquanto cortava a carne em seu prato.

- Os nazistas estão avançando cada vez mais, Adolf Hitler está sendo muito abusado em avançar suas tropas. Estamos monitorando da forma que conseguimos, se ele continuar assim acontecerá uma segunda grande guerra. - O homem colocou um pedaço de carne na boca, falava sobre estratégias de guerra como se não fosse nada.

- Ele não seria tão doido a ponto de tentar burlar as sanções que a Inglaterra fez, seria? - Wendy perguntou preocupada enquanto deixava seus talheres no prato.

- Seria e já está fazendo isso. Não me surpreenderia se ainda esse ano iniciássemos uma guerra. - Ele mastigou enquanto apontava para a cunhada com o garfo.

- Mas o primeiro ministro disse no rádio que isso não irá acontecer. - A irmã do meio limpou a boca com o guardanapo que estava em seu colo - E eu acredito nele.

- Wennie, escute seu cunhado. Os nazistas estão se espalhando e avançando cada vez mais, não escute Chamberlian ele é um frouxo! Precisamos de alguém que lidere nosso país com pulso firme. - Bateu de leve na mesa indignado com o líder da Inglaterra.

- O rei George já está sabendo disso? - Amelia apoiou o antebraço na mesa.

- Já, Deus salve o rei!

- Deus salve o rei! - As três irmãs repetiram em uníssono.

Pela primeira vez Celina estava quieta sem encher o cunhado de perguntas. Ela refletia seriamente sobre o que ele falou, tinha apenas dez anos mas sua cabeça funcionava muito melhor do que muitos adultos.

- Será que papai vai finalmente voltar?

Todos ficaram quietos. Amelia e Wendy nunca tiveram coragem de contar a pequena Cel o que havia acontecido com seu pai, para ela, ele era um espião inglês que estava em missão durante todo esse tempo. Mas a verdade é que Charles, o pai delas, estava morto a três anos. Ele foi assassinado cruelmente enquanto viajava a trabalho para a Irlanda.

- Ele não irá voltar pequena Celi, Charles ainda tem que resolver muitas coisas como espião, ele mandará uma carta em seu aniversário como sempre. Agora coma sua comida. - Caleb apontou para o prato da pequena cunhada após contornar a situação.

- Obrigada. - Amelia sussurrou para o marido enquanto segurava sua mão.

***

- Caleb, obrigada por responder a Celi por nós, eu não saberia o que dizer. - Wendy agradeceu-o.

- Fique tranquila Wendy, somos uma família e família se apoiam. - Ele colocou a mão no ombro da cunhada.

- Celina já está dormindo, ela sempre demora para pegar no sono? - Amelia perguntou para a do meio enquanto servia uma dose de whiskey para o marido - Aqui querido.

- Só quando conversamos sobre o papai ou sobre a mamãe, por isso tento não falar sobre eles. - A jovem sentou-se na poltrona vazia - Annabeth que a coloca para dormir quase todas as noites mas quando ela fica quietinha eu que coloco, canto a música que mamãe cantava.

- Coitadinha. - Ela suspirou enquanto apoiava-se no piano - Tão novinha e não tem pai nem mãe, obrigada por cuidar dela Wennie e me desculpe por não ter vindo antes.

- Tudo bem. Eu disse que estávamos bem, que eu sei cuidar da minha irmãzinha. - Cruzou os braços.

- Celina é uma menina esperta, não acham que quando for mais velha ela irá descobrir que o pai foi assassinado? - Caleb cruzou as pernas.

- Mas este será um problema para nós do futuro, meu amor. Por enquanto não vamos deixá-la órfã, pelo menos não na mente dela. - Amelia deixou um carinho no ombro do esposo - Estou preocupada com ela quando a grande guerra estourar.

- Você ficará aqui com ela, mandarei protegê-las a todo custo. - Caleb segurou a mão da mulher - Eu te amo.

Apesar de ser frio quando o assunto era guerra, assassinatos e torturas, Caleb era amável, respeitoso e apaixonado por Amelia. Namorou-a durante quatro anos antes de casar-se com ela e a presenteava todos os dias com um cartão com declarações de amor. Wendy queria um relacionamento assim, ela tinha um pretendente na casa ao lado mas tinha receio. Receio de ser machucada pelo amor novamente.

***

- Então, qual são as novidades? - Ethan perguntou enquanto seguia Wendy pelo trajeto até a padaria onde comprava pães fresquinhos todos os dias.

- Não posso te contar em alto tom, mas sussurrarei para você. - Ela se aproximou do rapaz - Haverá uma grande guerra, Caleb tem quase certeza disso. Os alemães estão sendo muito abusados e se continuarem assim, não haverá outra opção a não ser guerrear.

- Desde que eu case com você no final de tudo, eu aceito passar por qualquer coisa. - Ele sorriu tentando aliviar a tensão do assunto.

- Você não casaria comigo. - Ela deu de ombros e pegou a sacola de pão - Obrigada.

- Wennie, pare de se fazer de boba, óbvio que eu casaria com você! - Ethan apressou o passo para alcançá-la - Preciso ir para a faculdade, vejo você mais tarde?

- Claro. - Olhou-o.

- Amo você Wennie. - Ele beijou-a na bochecha e saiu correndo com sua pasta preta na mão.

Wendy achava engraçado o jeito que ele corria com aquela pasta, parecia uma criança novamente sempre tinha a lembrança quando corriam cada um para um lado com suas grandes pastas já que estudavam em colégios diferentes.

Ela caminhou de volta até sua casa onde suas irmãs estavam à sua espera.

- Trouxe meus pãezinhos favoritos? - A caçula perguntou ansiosa.

- Claro Celi, com açúcares por cima. - A irmã do meio falou enquanto sorria colocando a sacola de pães encima da mesa - E para a minha irmãzona, pães ao leite, eu sei que são seus favoritos.

- Obrigada Wenny. - Amelia beijou a cabeça da irmã e sentou-se para tomar uma xícara de café.

- Annabeth, venha comer conosco. - Celina disse enquanto sentava-se.

- Obrigada senhorita, mas já tomei meu café. - Ela fez uma reverência em sinal de respeito e agradecimento.

- Ethan disse que quer se casar comigo. - Comentou enquanto bebia um gole de seu café.

- Mas isso é ótimo! - A mais velha levantou os braços em alegria - Quando irá fazer a corte?

- Amy, acalme-se. Ele apenas comentou que queria se casar comigo, nem somos namorados. - Ela passou a manteiga no pão - Mas teríamos que esperar ele terminar a faculdade para casarmo-nos.

Ethan e Wendy não eram namorados, nunca tinham rotulado o que tinham, eram amigos que se amavam e se beijavam quando sentiam vontade.

Com amor, EthanOnde histórias criam vida. Descubra agora