Capítulo 11

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Às 5h30 da manhã do dia 16 de dezembro de 1944, Adolf Hitler, diretamente de um de seus abrigos subterrâneos, deu a ordem para o início do ataque a Ardenas. Foram enviados 300 mil soldados alemães.
O ataque alemão iniciou-se a partir do 6º Exército Panzer da SS (divisão dos blindados), que atacou as tropas aliadas com 1.900 peças de artilharia, abrindo fogo simultaneamente e causando grande confusão entre os Aliados. O ataque alemão pegou as tropas americanas e britânicas de surpresa, sobretudo porque haviam ignorado os sinais do ataque alemão.
O ataque dos alemães sobre as Ardenas espalhou boatos e pânico por diferentes partes da França. Como os Aliados foram pegos desprevenidos, não se sabia ao certo a extensão das forças inimigas e, assim, espalharam-se boatos de que os alemães atacariam Paris novamente, e outro boato levou as autoridades francesas a autorizar a evacuação de Rennes, na região da Bretanha.

- Que porra está acontecendo? - Ethan gritou enquanto vestia seu uniforme, não muito preparado para o frio.

- Os alemães estão nos atacando, Ethan se apresse! - Bennett gritou.

Os amigos corriam na neve, não tinham roupas preparadas para isso, mas correram mesmo assim.

- Explodam a cabeça daqueles filhos da puta! - O capitão gritou enquanto entregava armas a todos, inclusive aos médicos - Precisamos de todos, nossas tropas estão diminuindo.

- Eu sou um médico, eu não sei estratégia de guerra! - Estava desesperado.

- Olha aqui Ethan, confia em mim que você sabe! - Ben segurou o rosto do amigo - Eu confio em você.

- Eu sou a porra de um médico Bennett! - Than gritou nervoso.

- E eu sou a porra de um advogado, então vamos calar a boca e lutar por nossos países!

Ethan concordou com a cabeça enquanto arrumava a mochila nas costas.

- Se Deus quiser será nossa última batalha, você vai voltar para Wendy e eu me mudarei para Londres para ficar perto do meu irmão inglês. - Segurou os ombros do rapaz.

- Faço questão de morar perto de você, meu irmão americano.

Os dois se abraçaram durante alguns segundos, parecia um abraço de despedida. Ethan abriu o medalhão e viu a foto de sua noiva, ele a beijou enquanto sussurrava um "Te verei em breve".

- Vamos encher a cabeça desses filhos da puta de bala! - Ben gritou enquanto corria em direção ao exército alemão.

O rapaz inglês guardou novamente o medalhão dentro de seu bolso, colocou seu chapéu e correu em direção ao exército alemão que os atacava.

Durante o dia todo, sem parar, o exército dos Aliados lutou contra o exército alemão.

Era o final da tarde do dia 16 de dezembro de 1944, os Aliados acharam que os nazistas iriam recuar. Ethan e Bennett caminhavam cansados, no meio da neve, com fome, com frio e com a vontade de voltar para casa.

- Eu vou voltar para casa. - Than andava mancando.

- Estava pensando em abrir um escritório de advocacia em Londres. - Ben mudou de assunto.

- Serei seu cliente. - O rapaz suspirou, ele estava com o rosto e roupas todas sujas - Eu estou cansado.

- Irmão, vamos voltar para casa, é questão de tempo! - Bennett passou o braço por cima dos ombros do amigo tranquilizando-o - Ainda serei seu padrinho de casamento!

- Com toda certeza você será meu padrinho de casamento, Ben. - Ele riu enquanto andava.

Em um milésimo de segundo, a risada do rapaz parou e ele estava no chão. Ethan havia tomado um tiro. Em um ato desesperado Bennett começou atirar para todos os lados até ver um alemão cair morto de cima de uma árvore. Ele agachou ao lado do amigo que gritava agonizando de dor.

- Me diz o que eu posso fazer por você? - Ben gritou enquanto apoiava a cabeça do rapaz.

- Me diz onde a bala está. - A voz de Than estava fraca.

- No meio da costela... você está sangrando demais. - Bennett respirou fundo e gritou - Alguém me ajude!

- Não vou conseguir Ben, vou morrer de hemorragia antes de chegar ao acampamento. Preciso que faça uma coisa por mim. - Ele colocou a mão no peito onde guardava seu medalhão - Entregue todas as minhas cartas para Wendy e cuide dela por mim, meu irmão americano. Faça-a feliz por mim.

- Pare com isso Ethan, você vai conseguir e vai casar-se com Wendy. - O rapaz que estava fraco fechou os olhos - Abra-os agora! Ethan Hicks, não durma, abra esses olhos!

Bennett pegou o amigo no colo usando toda a força que tinha, que naquele momento não era muita. Ele correu com o rapaz no colo, correu mesmo sentindo que suas pernas poderiam falhar a qualquer momento.

- Senhor, por favor ajude o doutor Hicks, ele levou um tiro de um alemão que estava escondido! - Ben colocou-o na maca.

Ele fechou os olhos colocando as mãos no rosto, não queria chorar na frente de todos mas não conseguiu evitar, em um segundo estava banhado em lágrimas desesperado por perder o homem que considerava irmão.

- Senhor Dean, sinto muito, o doutor Hicks não sobreviveu aos ferimentos.

Bennett sentou-se no chão com as mãos no rosto e chorou como se uma grande parte de si tivesse ido embora. Seu irmão de coração estava morto.

Historiadores afirmam que as batalhas travadas nas Ardenas foram uma das piores experiências de batalha da Segunda Guerra Mundial e eles estão certos, essa cena nunca sairia da mente de Ben.

- Estou com uma sensação estranha. - Wendy comentou enquanto arrumava sua cama.

- Será que foi algo que comeu? - Grace perguntou enquanto sentava-se no chão.

- Não sei, sinto uma angústia. - Ela colocou a mão no peito - Talvez seja saudades de Ethan.

- Talvez! Seu aniversário está chegando, será daqui a um mês, o que pretende fazer? - A amiga levantou-se após vestir suas botas - Irá mesmo para Londres?

- Irei, pedi transferência para o hospital de Londres para ficar mais perto de minha família. - Ela tocou no ombro da moça - Você poderia vir comigo.

- Por enquanto, permanecerei aqui Wennie. - Sorriu - Mas em breve estarei em Londres, sentirei sua falta.

- Não arrume outra melhor amiga! - Wendy abraçou-a.

- Não irei! - Grace sorriu retribuindo o abraço - Me mande um telegrama quando chegar.

- Gostaria que me acompanhasse até o trem.

- Também gostaria de acompanha-lá mas infelizmente tenho de trabalhar. - Ela sorriu de forma triste - Já está tarde, você irá se atrasar!

- Estou indo. - A jovem pegou a mala que estava no chão e abraçou mais uma vez a amiga - Vá para Londres!

- Irei, lhe prometo.

Em um último adeus, Wendy acenou para a amiga que fechou a porta logo em seguida. Partiu para a estação de trem onde pegaria o veículo para voltar a Londres com a esperança de encontrar Ethan.

Com amor, EthanOnde histórias criam vida. Descubra agora