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n/a: por algum motivo pareceu estranho escrever Bárbara e não colocar o acento quando traduzi. mas aqui está. essa fanfic é minha, originalmente escrita em inglês e postada em outro site, mas quis trazer ela pra cá também. é bem curta e já tá toda pronta, mas vou soltar em partes. mundinho gloria/barbie. quem quiser me fazer uma capa eu aceito. boa leitura!!

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"Cartão de crédito." Bárbara repete, imitando o movimento da boca de Glória para melhor exibição. "Cartão de crédito?" Ela está feliz por receber um aceno de cabeça, um olhar simpático de olhos amendoados. É uma agitação genuína de realização. Sasha chama isso de ser um manequim que se alimenta de aprovação. Não é inteiramente culpa de Bárbara. É difícil tirar os elementos-boneca de uma Barbie assim. "Aonde isso vai?"

"Ele paga pelas coisas." Gloria explica a ela, estendendo a mão para abrir a porta do lado em que Bárbara senta. "Agora você vai lá e compra o seu próprio café."

Sua voz se eleva um tom acima, hesitantemente, segurando o cartão na altura do nariz. Ela olha para a calçada, a loja quase vazia pela vidraça. "Você deveria vir comigo."

"Não posso ir com você. Não faça isso. Lembra do que conversamos?" Gloria dá a ela um olhar que é em parte de advertência, em parte de pena. "Quanto mais rápido você aprender a sair por conta própria, melhor. Agora é só café. Amanhã pode ser você no volante. Você pode dirigir para qualquer lugar. Praia de Venice, loja de conveniências. Você adora o suquinho rosa da máquina."

"E o cartão de crédito funciona para isso também?"

"Sim?" Gloria cruza os braços, coloca-os sobre o torso bem vestido, um ar sério de mãe adicionado a um blazer azul turquesa, e Bárbara desiste de olhá-la nos olhos. Em vez disso, ela olha fixamente para a paisagem à sua frente. Gloria a deixa nervosa às vezes. "Eu sei. A primeira vez é um pouco assustadora. Mas você precisa começar de algum lugar. E se alguma coisa der errado, você vem até mim."

Um ronco em seu estômago vazio a faz suar frio. Talvez seja uma coisa da Mattel, e a folga que deram a Gloria para ajudá-la a se acomodar em uma casa. Talvez seja o pai de Sasha pedindo o divórcio uma semana depois de ela chegar. Talvez as razões as tivessem aproximado, ainda outras razões as aproximaram muito mais, e agora ela achava difícil pensar em afastamento.

Dividir uma cama, dividir o mesmo assento no sofá, o mesmo café. A um custo razoável, Bárbara se apega às mãos que lhe deram uma alma e lhe deram um coração que bombeia sangue à maneira humana. E ela acha difícil fazer as coisas sem Gloria por perto. Mas ela precisa disso. Ela sente que está piorando. E se essa for a maneira sutil de Gloria dizer que precisa de espaço? E se ela já estiver cansada de tudo isso?

Ela inclina a cabeça de um jeito que espera ser convincente, do jeito que os humanos fazem tanto. "É só café."

"E você vai ficar bem." Gloria encoraja. "Vá em frente, pode ir."

Fora do carro. Isso não deve ser tão ruim. Bárbara sai de tênis e jeans e ainda assim, o que mais aperta e aperta é a garganta ao entrar no grande espaço com pouquíssimos clientes. Não olhe para trás. Ela continua dizendo isso a si mesma. Os olhos de um homem idoso alcançam-na através de uma tela de computador, e seus óculos são ovais, engraçados e fofos. Ela sorri para ele. Ele não sorri de volta. Ela fica surpresa com o quão crônica é a falta de simpatia por aqui.

Em seguida, para o balcão. É uma menina. A garota usa um avental azul que chama a atenção de Bárbara para os broches presos a ele, e Bárbara percebe que ela está encarando. Ela não deveria encarar. Sasha diz que olhar fixamente não é legal. "Eu gostaria de pedir um café."

"Ah. Calma. Um café? Só isso?" A garota morena pega um pedaço de papel e olha para ele como se o destino da raça humana dependesse de Bárbara e apenas de Bárbara. "Desculpe. O sistema está fora do ar. É meu primeiro dia aqui. Isso é o que temos agora, eu acho, pedidos manuais. O café ainda está ótimo. Que tipo você quer?"

"Existem tipos diferentes?"

A garota interrompe a tomada de notas desenfreada, olhando para cima. "Que engraçado."

O que é engraçado? Barbie oferece a ela um pequeno sorriso, o rosto educado de confusão que ela aprendeu para as interações humanas. "Que tal, hum. Apenas me dê o melhor café que você tem. Eu tenho um cartão de café."

"Você é um membro afiliado?"

"Um o quê?"

"Você gostaria que eu verificasse se você tem algum desconto?"

Estas são muitas perguntas. Ela não sabe nada sobre café ou descontos. Por cima do ombro, Barbie olha para o carro estacionado do lado de fora. "Eu não sei. Aqui, pegue meu cartão."

A garota estende a mão para pegar o cartão que Bárbara deixa sobre o balcão, apavorada, com uma sensação estranha no peito enquanto seu coração bate mais rápido e sua respiração estala em baforadas nítidas de ar. "Senhora, você está bem?"

"Eu acho que sim."

Apesar de parecer descrente, a menina aceita a resposta. "Sente-se aí, vou pegar seu café. Quer mais alguma coisa?"

"Apenas café, obrigada." Bárbara vira, os olhos escolhem para ela um assento e lá, ela cutuca a pele do pulso com uma unha quebrada. Ela precisa refazê-las, a cor está descascando. E Sasha consertou todas para ela na semana anterior. Por que tudo aqui parecia acabar tão rápido?

Afastando-se, Barbie pula de seu assento, deixando escapar um pequeno som espasmódico quando a xícara de café é colocada na mesa para ela. É apenas a garota do café.

"Oh meu Deus, eu não queria te assustar." A garota parece quase que mortificada. Barbie sabe que é culpa dela por estar tão longe na lua o tempo todo. Ela faz uma cara de quem sente muito, puxando o café parcialmente derramado mais perto. "Deixe-me pegar outro."

"Não há necessidade."

"Tem certeza?" A garota pergunta, tocando seu ombro enquanto analisa o jeans de Bárbara em busca de manchas, uma vez que ela está firme em seus pés novamente. "Estragou sua calça, me desculpa. Não posso ser demitida no meu primeiro dia."

É um peso de culpa que Barbie não quer que ela carregue. "Você não vai, não fez nada de errado. Você foi educada e atenciosa o tempo todo. Acho que está indo muito bem no seu primeiro dia."

"Oh. Obrigada."

O sorriso que surge nos lábios de Bárbara é genuíno, sabendo que ela ajudou pelo menos aquela garota hoje, e ela se vira para sair pela mesma porta por onde entrou. Com café agora. E sua barriga está perfurada por zangões zanzando na boca do seu estômago no segundo em que Gloria olha para ela de dentro do carro, orgulhosa e radiante. É café. É só café.

Um café de cada vez.

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odeio admitir mas pode ser verdade (barbie/gloria)Onde histórias criam vida. Descubra agora