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voltei!! tem alguém lendo? se sim, boa leitura!

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"Como foi?" Gloria dispara a pergunta, lançando um rápido olhar para o copo em sua mão trêmula. "Como foi, querida?"

Barbara dá de ombros, falsa presunção fazendo seu trabalho. "Tipo, bom? E normal?" É um alívio estar na mesma cúpula de espaço que Gloria, e Barbara inala seu perfume enquanto é ajudada com o cinto de segurança. Glória, que a encanta com seus níveis de animação, aproveita para olhar dentro da xícara enquanto se inclina sobre o corpo de Bárbara. "Isso é meu."

"Não existe essa coisa de divisão com você, hein?"

"Bem, eu mereço." Ela dá apenas um gole para descobrir que bem, esse não é um prêmio muito bom. "Não gostei, pode ficar com ele."

A mulher lhe concede um revirar de olhos escuros e divertidos, e Gloria está passando por ela para olhar algo logo atrás. Bárbara olha a tempo de ver a garota do café correndo em direção ao carro estacionado com um cartão balançando no ar. Ela se aproxima então. Bárbara pode senti-lo antes de vê-lo quando a mão de Gloria se estende para pegá-lo da garota que o entrega. Gloria agradece. Tudo naquela comunicação faz com que uma segunda cabeça brote nela. "Você não precisa devolver. Isso é para o café."

A garota balança a cabeça abalada por uma risada. "Ela é engraçada."

"Você não tem ideia. Mas nós já vamos agora. Se ela ficar mais engraçada que isso, a dor de cabeça irá comparecer à festa." Gloria diz com um sorrisinho educado do qual Bárbara mal consegue desviar o olhar. Ela liga o carro, acenando para a garota um adeus civilizado.

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A primeira vez que ela vê aquilo, ela está na festa do pijama da noite das meninas, o que significa que ela está debaixo de uma espessa camada de cobertores no quarto de Gloria, assistindo a um episódio de algo, porque Sasha está assistindo a um episódio de alguma coisa– aconchegando-se ao lado de Gloria a cada segundo. Sasha também faz isso. Bárbara adora quando eles fazem isso e nada mais. Calor corporal, cheiro de loção, óleos doces e pipoca fresca de micro-ondas.

Ela nem se importa com o que está passando na TV na maior parte do tempo. Eles falam coisas, brigam, batem carros e sangram. E de vez em quando eles se beijam. As pessoas na TV. Ela geralmente não olha quando eles fazem isso. Embora nunca tenham sido duas mulheres se beijando na TV.

Isso é novo. Essa é a primeira vez.

Bárbara observa com um tipo de desejo. Não é um desejo, é curiosidade. Fica na língua dela a vontade de dizer alguma coisa, mas o quê? As duas ao lado dela parecem imperturbáveis ​​com isso, então Bárbara armazena a filmagem sem censura da mulher empurrando outra mulher contra a parede. Há um corte de cena e elas estão fora da tela. É isso. "Para onde elas foram? Elas estão se beijando ainda?"

Sasha solta um suspiro. "Elas estão sim."

Gloria boceja, afrouxando o aperto no celular para Bárbara entrelaçar os dedos nos dela. "Eles geralmente pulam o sexo."

Bárbara pisca para a TV, sentindo um nó na parte inferior do estômago. Afinal, o que é sexo? Como ela saberia? Por que pula assim? Gloria continua: "Ei. Não há problema em ficar curiosa. O que você quer saber?"

Duas vezes ao tentar dizer alguma coisa, Bárbara hesita com um nervosismo de uma década. "Isso é... correto para elas fazerem?"

"O quê, sexo?" Ela se vira para Barbie, encarando-a com o familiar hálito mentolado de pasta de dente, olhos que são tudo menos críticos. "Tem que haver um consentimento envolvido, mas desde que sim, não vejo problema."

E o que quer que tenha acontecido com ela, essa curiosidade avassaladora, a que a assombra e a intimida – isso acaba triunfando. "Podemos fazer isso?" É isso que ela pergunta. Porque, ei, talvez o senso de autopreservação não pudesse se manifestar adequadamente se você fosse uma meia boneca, ou Bárbara apenas tivesse um desejo constante e autoconsciente. "Digo, não que devêssemos, mas poderíamos?"

Gloria a observa boquiaberta, sem palavras.

Isso a atinge com a onda boba de calor subindo até o couro cabeludo e a ansiedade, formigando também o céu da boca. "Eu disse algo errado?"

"Não." Sasha eleva seu espírito com um tom monótono. "Mamãe está tendo um despertar gay."

"Ela o quê?"

"Não dê ouvidos a ela." Gloria diz a ela.

"Ok." De qualquer forma, Bárbara não tem ideia do que isso quer dizer, esperando, quieta e quase paciente, por algo que ainda não descobriu.

Glória estremece. "Olha." Parece que ela está tendo dificuldades com isso. E Barbara não deveria ter dito nada. Em seu peito, uma sensação fria e aguda penetra. "Acho que a resposta para isso é sim, teoricamente."

"Ah, não. Você acabou de dizer teoricamente? Não torne sexo gay em algo acadêmico comigo na sala. Eu prefiro morrer." Sasha faz um barulho de reclamação. "Diga a ela para pesquisar no Google. Tipo, não sei, uma pessoa normal?"

"Sasha, seja legal." O tom de mãe de Gloria aparece. É engraçado porque às vezes ela não consegue dizer quando Sasha não está sendo legal, ou quando ela está implicando com ela pelas pequenas coisas, então ter um tom de mãe para resolver isso funciona muito bem em escolher o momento certo para a hora do silêncio. "Ela precisa de orientação. O que eu sempre digo?"

"Todas as perguntas são perguntas válidas." Sasha responde, mas parece uma tortura. "Isso não foi legal. Sinto muito, Barbie."

Perguntas de todo tipo percorrem sua mente inquieta, mas Bárbara deita a cabeça no conforto que o ombro de Glória lhe traz no final de cada dia. "Está bem." Ela se concentra em outra coisa, como no pequeno ritual que elas construíram, porque Bárbara está muito acostumada com rotinas. Isso faz seu corpo arrepiar, a sensação do polegar de Glória esfregando círculos em seus dedos, preguiçosa e estimulando o sono, seus músculos cedendo à fraqueza. "Estou pronta para dormir agora."

Glória lhe dá um beijo no topo de sua cabeça. "Iremos dormir também em um minuto. Boa noite, Barbie."

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odeio admitir mas pode ser verdade (barbie/gloria)Onde histórias criam vida. Descubra agora