[1] Crash

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"Pede-se a todos os o passageiros que desliguem todos os aparelhos electrónicos e que coloquem os cintos de segurança em menos de dez minutos. Iremos aterrar brevemente."

Fi-lo imediatamente que o microfone do piloto foi desligado. Peguei no meu livro e vi o meu irmão aparecer a meu lado. Pousei-o de imediato.

- Elliot, devias estar sentado, vamos aterrar.

- Sim eu sei. Só vim ver como estavas, sei que não gostas da turbulência da aterragem. Nem tu nem a mãe. - sentou-se no lugar vazio a meu lado. Não ficámos juntos a princípio, o que claro tornava tudo mais enervante.

- Eu estou bem, não... não te preocupes. - soluçei ao mentir e tentei não o preocupar. - E a mãe?

- Está a passar-se claro. - riu-se.

Ri-me com ele.

- Então vai lá ter com ela, rápido! - dei-lhe um empurrão para que se levanta-se apressadamente.

Peguei no meu livro de novo e respirei fundo ao tentar concentrar-me nas belas palavras de Mary Higgins Clark. Passados alguns minutos ouço o piloto soar pelos microfones situados em cada lado do avião.

''Comunicamos aos passageiros que o avião sofrerá alguma turbulência, mas não é nada de sério. Por favor mantenham a calma e pede-se mais vez que se certifiquem que os cintos de segurança estão bem colocados. Tenham uma boa aterragem.''

Uma hospedeira passou a meu lado enquanto eu arrumava o livro dentro da mala de transporte que levava comigo.

- Está tudo bem? - perguntou com um enorme sorriso no rosto.

- Sim tudo bem, é só a turbulência mas não é nada de mais. - tentei falsear um sorriso.

- Ah, mas não se preocupe, tenho a certeza que os pilotos iram dar a volta à situação e que não vamos nem sequer senti-la.

Sorri de novo e esta passou para os lugares da frente, repetindo todo o seu discurso.

Enquanto pegava na minha mala e tirava de lá uma garrafa de água ouviu-se um estrondo e toda a gente manifestou o seu pânico de várias formas. Uns gritavam, outros levantaram-se inesperadamente dos seus lugares. Fui uma delas. Soou então o sinal de comunicação do piloto e copiloto.

''Mantenham a calma por favor!'' desta vez a voz deste tentava mostrar mais ordem, mas mostrava também algum pânico ou pelo menos preocupação.

Senti a mão do meu irmão pegar no meu braço e puxar-me para junto da minha mãe. Abraçámos-nos com mais força que nunca.

Não tive coragem de lhes dizer uma única palavra, qualquer quer que fosse.

Olhei o meu irmão enquanto este espreitava pela janela e olhou-me durante o que me pareceu longos segundos. Não me atrevi a desviar o olhar dele. Olhou para ambas com olhos arregalados e correu para os nossos braços.

Lembro-me de ouvir uma criança chorar, misturado com os gritos de desespero de dezenas de passageiros.

Lembro-me de sentir um aperto no coração.

Lembro-me de saber os riscos que corria.

Lembro-me de saber o que iria acontecer.

Lembro-me de me preparar para o impacto, fechando os olhos e apertando a minha família para mais perto de mim.

Lembro-me de me preparar para morrer.


(...)

Vi luzes pregadas ao teto e respirei fundo assim que me apercebi de onde estava.

don't you mind + cthOnde histórias criam vida. Descubra agora