[2] You can cry

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Levei as minhas mãos à cabeça mais uma vez e o choro quis fazer-se notar.

Não queria saber se as pessoas olhavam, apenas não estava interessada.

Recebi vários olhares de várias pessoas naquele corredor, alguns de pena outros de sei lá, estranheza talvez.

Levantei a minha cabeça e suspirei, senti as lágrimas molharem as minhas mãos e os meus braços.

Olhei para o nome uma última vez e por fim dobrei o papel em metade. Levantei-me rapidamente, olhando as pessoas e limpando as lágrimas ao mesmo tempo.

Dirigi-me até ao quarto onde inicialmente fui colocada para verificar se tinha os meus pertences perto de mim, ou se por acaso tivesse essa sorte.

Calum estava com a cabeça pousada nas mãos também. Surpreendeu-se e levantou-se assim que deu pela minha presença no quarto.

Inspirei fundo mais do que uma vez e fungei, contra a minha vontade.

- Então? - Calum parecia interessado em saber a resposta.

- Eu vou ter com o meu irmão. - apenas disse. Não tinha intenções de lhe responder a tal pergunta.

E mais uma vez, assim que saí do quarto, Calum fez questão de me seguir, mas deu-me espaço.

Verifiquei o corredor e a sala onde o meu irmão se encontrava.

Corri, desesperada.

Entrei no corredor e o meu coração disparou incontrolavelmente.

"Sala 36" ecoava na minha mente.

Estremeci assim que encontrei o espaço dos pacientes.

Tive medo de entrar. Eu estava bem, apenas me sentia imensamente mal disposta e o meu estômago não estava a funcionar bem, consegui perceber isso, mas e o meu irmão? Como estaria?

Tinha medo que estivesse seriamente magoado. Tinha muito receio de entrar naquele quarto, mas acabei por o fazer. As saudades e a preocupação que tinha por ele eram superiores à minha falta de coragem.

Os meus olhos percorreram toda a sala e reconheci o cabelo do meu irmão mesmo ao lado da entrada.

Corri até à cama e só a meio caminho é que obtive resposta vinda dele.

- Ella! - gritou, sem querer saber do descanso dos outros pacientes - Ella! Meu Deus, tu estás bem?!

Saltei-lhe para os braços e este abraçou-me durante longos segundos. Queixou-se de algo, mas não consegui entender onde estava magoado.

- Elliot, meu Deus... - apenas sussurrei.

Quebrou o abraço e falou.

- Já viste a mãe? - perguntou entusiasmado.

Não sei como não conseguiu ouvir o meu coração.

- Ah - pausei, pensando no que dizer - a mãe não está aqui.

- Está noutro hospital? - perguntou, achando estranha a situação.

Olhei-o com atenção.

- Não Elliot. - olhei-o intensamente e este retribuiu-me o olhar - Ela não está aqui. - repeti.

A expressão do meu irmão mudou assim que reparou na lágrima que me escapou.

- Não. - os seus olhos ficaram aguados em poucos segundos e levou as mãos à cara, abafando as suas palavras de lamento.

Abraçei-o de novo mas Elliot não se agarrou a mim com a mesma força de antes. Estava muito mais fraco. E eu entendia perfeitamente a sua dor.

Já contra o seu ombro sussurrei mais uma vez.

- Elliot, a mãe está morta. - dei a entender de novo, por mais que magoasse.

O meu irmão soluçou e chorou com mais intensidade agora.

- Podes chorar Elliot. - esfreguei a minha mão nas suas costas, enquanto chorava em conjunto com ele.

As minhas palavras saíam tremidas e enrodilhadas no choro desesperado.

Peguei na sua mão e entrelaçei-a com a minha.

Afastei-me de Elliot e este falou logo de seguida.

- O que é que lhe aconteceu?

- Eu não sei Elliot.

Elliot olhou para trás de mim e eu virei-me imediatamente. Calum estava mesmo a poucos centímetros de distância.

Olhei Elliot e falei.

- Ah, este é o Calum, ele também estava aqui no hopital. - disse, sem ter muita certeza do que afirmei.

Calum não me tinha contado nada a cerca dele e porque estava ali mas não tencionava perguntar-lhe. Estava curiosa por acaso mas não tinha a coragem para tal.

- Elliot. - disse limpando as lágrimas da cara.

Calum sorriu meio com pena do sucedido.

- Já tens notícias dos médicos? O que se passa contigo? O que tens? - perguntei preocupada.

- Não sei, os medicos disseram que ainda tinha que esperar algumas horas ou talvez alguns dias para saber o meu diagnóstico. - assenti - E tu, estás bem?

- Ah sim. - pausei, estava apenas a pensar nele e aquela intervenção deixou-me confusa - Dói-me a perna, só um bocado.

E a verdade era que ninguém me tinha alertado do meu estado, por isso nunca achei que tivesse algo de grave, daí me ter levantado da cama tão cedo.

Elliot voltou a chorar e abraçei-o de novo. As minhas lágrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto. Elas nunca deixaram de lá estar, apenas tinham secado sobre as minhas maçãs do rosto.

- Elliot eu sei que é difícil, mas não há volta a dar. Não há mesmo. - agarrei a sua cara entre as minhas mãos e conclui - Mas temos de ser muito, muito fortes Elliot. - reforcei a minha ideia.

O meu irmão assentiu. Ainda com a voz a tremer.

Os médicos entraram dentro do quarto. Olharam-me relutantemente e esperaram que me apresentasse eu acho, pelo menos foi o que fiz.

Pediram que de seguida, saísse do quarto porque teriam de continuar com os últimos exames do meu irmão e dos pacientes restantes espalhados pelo quarto.

Concordei com eles e despedi-me de Elliot.

Olhei para onde Calum se encontrava e fiquei surpresa por ele não estar lá.

Claro que ele teria mais que fazer mas não sei. Realmente não sei o que tinha na cabeça. Era tudo muito confuso ainda.

Voltei para o quarto onde me tinham hospitalizado para obter mais informações sobre o que realmente aconteceu naquele acidente de avião.

Olhei para o sofá onde Calum estava quase sempre sentado e não o encontrei lá, com uma pose descontraída com sempre.

Franzi as sobrancelhas em dúvida.

Será que tinha família em apuros e decidiu procurá-la?

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Olá!! Foi pequeno o capítulo mas espero que gostem.

Votem e comentem por favooor.

Digam-me o que estão a achar da fic até agora.

Boas férias.

XxSara

don't you mind + cthOnde histórias criam vida. Descubra agora