Occulta Veritas

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CAPÍTULO 2

Sakura Haruno virou a tabuleta de Fechado para Aberto, aproveitando a satisfação que sempre se seguia a isso.

Fora uma luta dura, mas, por fim, o Sakura’s estava indo muito bem e faturando. Colocar seu amado restaurante nas mãos de um chef profissional enquanto fazia um curso intensivo de comida italiana gourmet valera a pena.

O anúncio em um dos principais jornais de Dublin dera um impulso extra para o Sakura’s e fizera com que de metade cheio o restaurante passasse a totalmente lotado com um mês de antecedência.

Carregou o pedestal como cardápio para a calçada, assim que abriu a porta.

Quando se voltou para entrar, uma limusine com janelas escurecidas parou duas portas abaixo. Sakura examinou o veículo. Embora não fosse estranho carros de luxo passarem pelo tranquilo vilarejo onde residia, já que ficava perto do centro de Dublin, a presença dessa limusine causou-lhe uma excitação diferente.

Dizendo a si mesma que estava sendo fantasiosa, passou um pano de pratos por cima do cardápio coberto por um vidro e entrou. Checou a cozinha e a equipe de doze pessoas, certificou-se de que os preparativos estavam sendo executados para a primeira reserva ao meio-dia, e depois foi ao escritório.

Tinha apenas meia hora para verificar as contas do restaurante antes de retornar à cozinha. Assim que se sentou, seu olhar repousou na fotografia sobre a escrivaninha. A onda de amor que a invadiu a deixou sem fôlego. Delineou com o dedo as feições do filho, e sorriu diante da felicidade escancarada no rosto da criança.

Salvatore. A razão de sua existência. O motivo por que as decisões tomadas cinco anos antes tivessem valido a pena apesar de tanta preocupação.

Dar as costas para a carreira pela qual se esforçara tanto não fora fácil. É claro que sentiria remorso pelos pais que a culpavam de ingrata. "Tal mãe tal filha" era algo que sempre iria atormentá-la.

Sakura não planejara engravidar aos 24 anos como sua mãe, porém se recusara a permitir que a culpa a impedisse de amar e cuidar de seu filho.

Desde cedo, soubera que seus pais prefeririam não ter tido a filha, se assim pudessem. Por mais que fosse difícil admitir, tentara aceitar que nem todas as pessoas nasciam para cuidar de crianças. Sem dúvida, seus pais haviam considerado isso um desafio que não desejavam, porque tinham carreiras que ocupavam seu tempo integralmente. Sakura sempre soubera que vinha em segundo lugar quando se tratava das ambições profissionais de seus pais.

Entretanto, desejara Salvatore no instante em que soubera da gravidez.

O que mais desejava era dar o melhor para o menino.

E conseguira dar o melhor.

A eterna pontada de culpa ameaçou invadi-la, mas Sakura a sufocou. Fizera tudo que pudera ao descobrir a gravidez. Até ir contra a intensa desaprovação dos pais sobre a difícil viagem de volta à Sicília. Ela tentara.

Sim, mas tentara o suficiente?

Largou a fotografia e abriu o livro de contabilidade com decisão. Ficar pensando no que poderia ter sido não faria o balanço do restaurante nem pagaria os funcionários.

Sakura se sentia feliz como estava. E, o mais importante, seu filho era feliz.

Voltou a fitar o rostinho com quase 4 anos que já começava a delinear as feições do homem no qual se tornaria. Os profundos olhos cor de piche eram iguais aos do pai. Olhos que lhe davam a impressão de ler sua alma, assim como fora com o pai dele naquela longa tarde e longa noite cinco anos atrás.

Sasuke.

Um nome muito marcante.

Apesar da vida de Sakura não ter acabado em tragédia como na famosa história, conhecer Sasuke a alterara muito. E Salvatore fora a única coisa maravilhosa que resultara do encontro com aquele homem muito sexy, mas muito enigmático, com olhos que refletiam tantos conflitos íntimos.

Amor et Scelus (SASUSAKU x MÁFIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora