Capítulo 2

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Visão de Mariel.

Peguei o pingente e saí correndo com a minha mãe enquanto rezava para que meu irmão não morresse. Depois de correr pelo corredor saímos na porta que dava para uma pequena área atrás da casa.

Quase instantaneamente apareceram dois homens correndo pelas laterais da casa. O que estava na esquerda usava um arco e o da direita uma maça. O homem à esquerda disparou uma flecha. Me abaixando e puxando minha mãe para o chão desviamos da flecha. Logo em seguida nos levantamos e corremos para floresta desviando das flechas e pedras jogadas em nossa direção.

Corremos alguns metros até minha mãe ser acertada por uma flecha na parte detrás do joelho direito. Ela caiu no chão e eu me desequilibrei por segurar sua mão. Eu não sabia o que fazer naquele momento a única coisa que passava na minha cabeça era que não dava pra ir embora sem a minha mãe.

Levantei minha cabeça e vi dois pontos de luz de onde a flecha veio, provavelmente, eram tochas. Pensei por alguns segundos sobre o que eu devia fazer. Com meu estado de quase desnutrição não conseguiria lutar e minhas pernas estavam tremendo de medo então correr era inviável.

- Corre - Diz a minha mãe - pelo menos você tem que sobreviver.

- Mas...

- Não tem "mas"! Isso é uma ordem da sua mãe!

- Sempre ficamos juntos e hoje também vamos ficar!

Minha mãe segurou meu rosto e me deu sorriso carinhoso.

- Você e seu irmão são muito mais do que pensam, principalmente você. Como meu último pedido eu quero que você sobreviva, pegue esse pingente e não deixe ninguém o roubar. Use a cabeça e ajude seu irmão a trilhar o próprio caminho.

Uma flecha atingiu sua cabeça e jogou seu corpo no chão. Eu entrei em estado de choque e meu corpo não respondia. Entre soluços e lágrimas minha cabeça virou automaticamente e vi os pontos de luz se aproximando.

Engoli o choro e me levantei. Corri o máximo que pude até em uma casa de madeira. A casa estava claramente abandonada por alguns anos então entrei para me esconder. A porta quase caiu só encostar nela e o chão rangia com cada passo.

Tudo estava bagunçado ou destruído a única coisa que estava usável era a lareira. Porém, não sabia se aqueles homens ainda estavam me perseguindo e não queria chamar atenção.

- Vou ter que dormir com o frio. Na verdade acho que dormir não é a melhor escolha.

Pensando de uma maneira a priorizar minha vida se eu dormir alguém pode me achar e me matar. Mas, se eu não dormir vou ficar extremamente cansada. Preciso sobreviver a todo custo.

Juntei alguns pedaços de panos e cobertores rasgados para me enrolar. Sentei em um dos cantos da casa e fiquei abraçando meus joelhos com os cobertores ao meu redor. Não era exatamente quente, mas, não estava passando tanto frio.

Cerca de cinco minutos se passaram até ouvir duas vozes graves vindo da floresta.

- Cadê aquela menina ?

- Se você não tivesse parado para mijar a gente já tinha encontrado ela.

- Você erra as flechas e eu sou o culpado ?

- Sim. Vou olhar dentro dessa casa e você fica aqui fora. Aliás, acertei mais flechas do que você acertou ataques com isso aí.

Corri e me escondi onde consegui. Dentro de um baú velho com mais poeira do que a casa inteira. Consegui ouvir os passos do homem que entrou na casa. Ele deu três passos e depois parou. Ouvi uma respiração forte, talvez, de frustração. Mais uma sequência de três passos e então ele disse.

Guerra De Três LadosOnde histórias criam vida. Descubra agora