capítulo 14

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Aidan.

  Acordei já deitado na minha cama, meus olhos não conseguiam distinguir o que estavam vendo. A luz da janela estava quase me cegando, tudo que eu tinha certeza era que tinham duas pessoas no quarto. Uma delas estava sentada do meu lado na ponta da cama e a outra estava de pé mais afastada.

  — Acordou, como se sente?

  A voz vinha da sombra perto de mim, reconheci como sendo da minha irmã mas não respondi em voz alta. Minha cabeça latejava violentamente, então, apenas dei um joinha com a mão e fechei os olhos.

  — Não parece bem, sua cara de sofrencia está me dando dó.

  — Deixa ele se recuperar um pouco docinho. Não é todo dia que se é derrubado pelo raio do Orka, mas não deve demorar muito para se recompor.

  A segunda voz parecia Aria, um tom de incerteza veio junto das palavras dela. Eu nem me lembrava direito do que tinha acontecido, fui derrubado pelo Orka?

  Eu estava correndo rápido, bem rápido, usando a energia que já estava fora do meu corpo para me empurrar. A sensação era incrível, o calor me empurrando parecia um cobertor me escondendo da resistência do ar. A velocidade era demais para conseguir reagir, então eu estava fazendo um caminho pré-determinado.

  A cada curva, cada mini parada para virar, os braços invisíveis ao meu redor me seguravam e guiavam. Até eu notar uma falha, um zumbido irritante que crescia exponencialmente dentro da minha cabeça. Um segundo depois de notar isso ele se tornou um grito e a última coisa de que lembro é uma luz violeta me acertando no peito.

  A porta do quarto se abriu, tentei abrir os olhos para ver quem estava ali, minha visão já estava voltando ao normal. Avani me avaliou e logo tocou minha testa com a mão.

  — A febre está passando, me deu um susto grande garoto.

  — O que aconteceu exatamente?

  Perguntei para nenhuma em particular esperando qualquer informação. Avani resumiu as coisas para mim.

  — Enquato você estava testando a técnica que Orka te ensinou ele notou que sua pedra tinha uma rachadura e estava crescendo. Ele atirou um raio para te parar, infelizmente, o raio foi forte demais e te desmaiou. Ele também disse que viu o calor oscilar para te segurar e começar a fazer uma queimadura leve na sua pele.

  Rachadura? Peguei minha pedra e olhei imediatamente para ela procurando essa rachadura. Encontrei uma linha sentindo com a unha, era pequena, do tamanho da perna de uma formiga. Será que foi isso que eu ouvi, isso causou o zumbido?

  Eu me lembro de ter sentido que algumas vozes estavam falando comigo quando usei magia no hospital. Será que era a rachadura se formando? Mas como? Era uma pedra mais fraca do que as outras?

  — Você já sabia disso? Por isso não me deixou treinar magia a fundo?

  — Quando invocamos a energia dentro das pedras elas passam pelo nosso corpo e realizam o que ordenamos. Uma parte dessa energia se perde e a outra cumpre seu propósito, a que se perde cansa o corpo e a mente. O que notei foi que você parecia se cansar mais rápido, como na luta contra Enki, além de mais energia ser perdida.

  — Não daria pra me avisar? Eu podia tentar melhorar antes de rachar!

  — Conforme aprendesse sim, poderia diminuir a perda de energia, mas a quantidade que era perdida era simplesmente grande demais. Eu ainda estava estudando o que estava causando isso.

  — Tem como consertar pelo menos? Irving tem alguma ideia?

  As três ficaram em silêncio, seus rostos de repente pareciam cheios de... pena? Foi quando eu notei uma coisa, minha pedra não estava brilhando. A de todas estavam, mesmo levemente, mas a minha estava completamente escura.

Guerra De Três LadosOnde histórias criam vida. Descubra agora