capítulo 11

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Mariel

  Os treinos matutinos pareciam se intensificar a cada dia. Quando o assunto era manipulação de energia e uso da magia era algo simples, o tempo no Reino Branco me deixava praticar muito. Ainda mais quando eu não precisava dormir.

  Correção, você precisa dormir. Faz o quê? Três semanas que não dorme? Você chegou na cidade e no mesmo dia já estava praticando magia durante a noite.

  Você que me fez entrar no Reino Branco na minha primeira noite aqui.

  Mas não disse para ficar mais duas semanas sem dormir só para praticar. Magia te sustenta para te manter viva, mas usar ela como muleta para praticar mais é uma auto-sabotagem.

  Meu ponto forte é a magia, preciso ver até onde eu posso chegar ou tudo que posso fazer. Preciso ser forte para poder interrogar os Protetores.

  Não basta criar uma relação de confiança com eles e fazer suas perguntas?

  Esse é o plano A, se falhar vou usar a força.

  Com um bufo mental senti Igni se afastar até sumir dentro da pedra. Era estranho quando conversávamos aqui, parecia uma segunda pessoa dentro de mim. Alguém falando em voz alta dentro da minha cabeça. E bastava que eu pensasse em uma resposta que ela entendia, definitivamente era estranho.

  — Fazendo o quê?

  — Relaxando e olhando as nuvens.

  Meu irmão se sentou ao meu lado debaixo da árvore. Nos últimos dias não conversamos muito, desde que chegamos na cidade não tivemos muitas chances de realmente conversar.

  — Queria falar comigo ontem. Sobre o quê?

  — O lance de virar um dos Protetores. Você quer?

  — Seria interessante ocupar esse cargo e também teríamos poder político dentro da cidade. Você disse que não queria mas não disse o motivo.

  — Parece muita responsabilidade.

  Brincando com uma pequena chama em sua mão meu irmão parecia... diferente. Ele parecia incomodado, deslocado desse lugar. Eu sabia que ele queria falar comigo sobre outra coisa mas não sabia o que era.

  — Aidan, o que está acontecendo? Pode me contar, somos irmãos, querendo ou não vamos viver juntos até morrer.

  O pequeno fogo apagou tão rápido que só percebi quando ele virou a cabeça.

  — Não teve graça.

  — Desculpa, mas pode falar se tem algo te incomodando.

  Aidan olhou ao redor como se fosse um criminoso procurado com a cabeça a prêmio. Depois de se levantar ele estendeu a mão para mim.

  — Quer dar uma volta?

  — Onde?

  — Qualquer lugar fora daqui.

                                ***

  Andar pela cidade era até relaxante, apesar de monótono. As pessoas quase corriam na calçada com uma pressa sem sentido, os prédios faziam parecer que estávamos sempre no mesmo lugar.

  Basicamente andamos sem rumo pela cidade, indo aonde nossas pernas nos levassem. Paramos em alguns lugares como parques ou para ver alguma apresentação de rua.

  — Nem parece que o Palácio fica dentro desta cidade.

  — Ele não fica, a área que ele ocupa é um pouco afastada mas ainda dentro dos muros que cercam a cidade. Na verdade a Cidade Real está mais perto de um país por sua extensão. Os muros foram feitos apenas para delimitar o tamanho dela. O Palácio é mais um símbolo, não precisa ficar dentro do centro populacional em si. Só chegamos tão rápido por usarmos magia para correr até aqui mas–

Guerra De Três LadosOnde histórias criam vida. Descubra agora