Capítulo 8: O Ponto de Ruptura

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Camila chegou em casa com o peso de um dia difícil nos ombros. A tensão que a havia acompanhado durante todo o dia na escola parecia ter se transformado em um fardo insuportável que ela carregava. Ela fechou a porta com um suspiro, os olhos pesados de tristeza enquanto olhava ao redor da sala de estar.

Seus pais estavam lá, imersos em suas próprias atividades como sempre. Seu pai estava sentado em sua poltrona, o jornal espalhado em seu colo, enquanto sua mãe estava na cozinha, ocupada com alguma tarefa doméstica. Parecia que o mundo deles seguia em frente sem se importar com o turbilhão de emoções que Camila estava enfrentando.

Ela engoliu em seco, sua boca seca de ansiedade. Ela sabia que precisava falar com eles, que precisava compartilhar a terrível verdade do que estava acontecendo na escola. Ela se aproximou de seu pai, sua voz um pouco trêmula.

— Pai, precisamos conversar. — Sua voz era um sussurro, mas carregava o peso de sua angústia.

Seu pai ergueu os olhos do jornal, um olhar distante em seus olhos.

— Claro, querida. Sobre o que quer falar?

Camila sentiu um nó se formar em sua garganta, mas ela sabia que precisava dizer as palavras, que precisava que eles ouvissem.

— Eu... estou sofrendo bullying na escola. Julia, Carlos e os outros... eles me humilham todos os dias. E ninguém faz nada. Ninguém me ajuda.

Houve um breve momento de silêncio tenso, e então seu pai abaixou o jornal, olhando para ela com uma expressão confusa.

— Bullying? Isso é coisa de criança. Você precisa aprender a lidar com isso sozinha.

Camila sentiu como se tivessem socado seu estômago. Suas palavras eram um golpe cruel, uma negação flagrante de sua dor.

— Pai, você não entende. Eles estão me fazendo mal, eles estão me machucando...

Seu pai a interrompeu com um aceno de mão displicente.

— Camila, seja mais forte. A vida é assim, cheia de desafios. Você precisa superá-los por si mesma.

As palavras ecoaram em seus ouvidos como uma sentença de solidão. Ela se virou para sua mãe, os olhos implorando por compreensão.

— Mãe, por favor, você não pode me ajudar?

Sua mãe olhou para ela, um sorriso ameno nos lábios.

— Querida, você é forte. Vai superar isso. Agora, se me dê licença, estou ocupada aqui.

As palavras de seus pais caíram sobre ela como um véu de abandono. Ela sentiu como se tivesse perdido a última âncora que a conectava à segurança e ao amor. Ela recuou, as lágrimas começando a escorrer por seu rosto.

Ela gritou, uma mistura de raiva e desespero, suas palavras ecoando pelas paredes vazias.

— Vocês não entendem! Eu estou sofrendo, eu estou sofrendo tanto e vocês não ligam!

Mas suas palavras pareciam se perder no vazio, como um grito desesperado em um abismo sem fim. Ela se sentiu completamente sozinha, como se seus pais a tivessem abandonado em seu momento de maior necessidade.

Com o coração partido e uma sensação avassaladora de solidão, Camila se afastou, suas lágrimas marcando um rastro de dor enquanto ela se dirigia para o único lugar que parecia oferecer algum refúgio: o banheiro da escola. Lá, no silêncio solitário, ela se permitiu desmoronar, a dor emocional se misturando com a dor física e se transformando em um mar de angústia sem fim.

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A cena estava montada no pátio da escola, um público ansioso aguardando o espetáculo cruel que estava prestes a se desenrolar. Camila estava no centro do palco, cercada por uma multidão de estudantes curiosos, cada um deles ansioso para testemunhar a humilhação pública que estava por vir.

A Lenda da Loira do Banheiro: A Origem ObscuraOnde histórias criam vida. Descubra agora