Capítulo 3: Sombras da Crueldade

9 5 37
                                    

A manhã nasceu com um céu cinza e pesado, um presságio sombrio do que estava por vir. Camila chegou à escola, seus passos hesitantes ecoando nos corredores vazios. Ela já estava acostumada com os olhares furtivos e os sussurros que a seguiam, mas algo no ar parecia diferente naquele dia.

Enquanto ela caminhava em direção à sala de aula, as vozes ao seu redor pareciam mais altas, os risos mais maliciosos. Quando ela entrou na sala, o silêncio caiu abruptamente, como se todos estivessem esperando por sua chegada. Camila sentiu um arrepio percorrer sua espinha, uma sensação de inquietação que ela não conseguia explicar.

E então aconteceu. Julia e Carlos estavam parados perto da porta, olhando para ela com sorrisos perversos. Camila sentiu seu coração acelerar, uma sensação de medo que parecia engoli-la.

— Ei, loirinha, você esqueceu alguma coisa? — Julia perguntou, sua voz carregada de escárnio.

Camila olhou em volta, confusa, até que seus olhos pousaram em sua mesa. Seus olhos se arregalaram em horror quando ela viu seus livros e pertences espalhados pelo chão, como se tivessem sido jogados ali com desprezo.

O riso zombeteiro encheu a sala, ecoando em seus ouvidos como uma sinfonia cruel. Camila sentiu as lágrimas queimarem em seus olhos, a humilhação a sufocando como uma corda apertada ao redor de seu pescoço.

Ela abaixou a cabeça, tentando ignorar as risadas e os comentários cruéis que ecoavam a seu redor. Com mãos trêmulas, ela começou a recolher seus pertences, sentindo o olhar de todos sobre ela como um holofote impiedoso.

— Olhem só para ela, tão patética. Como alguém pode ser tão desajeitado? — Julia provocou, suas palavras atingindo Camila como lâminas afiadas.

Camila lutou para conter as lágrimas, sentindo um nó apertado em sua garganta. Ela queria se defender, queria gritar para que parassem, mas as palavras pareciam presas dentro dela, sufocadas pela vergonha e pela dor.

Enquanto a cena se desenrolava, o professor entrou na sala, mas ele parecia alheio ao que estava acontecendo. Ele deu início à aula como se tudo estivesse normal, como se não visse o tormento que Camila estava enfrentando.

As horas passaram lentamente, cada segundo uma tortura silenciosa. Quando finalmente o sinal do intervalo tocou, Camila fugiu da sala, suas lágrimas finalmente escapando e rolando por suas bochechas.

Ela se trancou no banheiro, a soluço engasgado em sua garganta. Ela olhou para o espelho, seu reflexo mostrando uma garota quebrada e humilhada. O eco das risadas ainda ecoava em seus ouvidos, uma ferida aberta que parecia nunca cicatrizar.

Naquele momento, a solidão era avassaladora, a sensação de estar encurralada por uma crueldade implacável parecia esmagadora. Camila se apoiou na pia, suas mãos trêmulas agarrando a borda, e deixou as lágrimas fluírem livremente.

O que mais a esperava naquele lugar que deveria ser um refúgio seguro? Ela se perguntou, uma sensação de desespero a envolvendo como um nevoeiro denso. A jornada de Camila estava se tornando mais difícil a cada dia, e as sombras da crueldade pareciam cada vez mais difíceis de escapar.

﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏

A sala de aula estava iluminada pela luz suave da manhã, os raios de sol filtrando-se pelas janelas e pintando as carteiras vazias com tons dourados. A Professora Marta Campos, uma figura gentil e calorosa, estava de pé na frente da classe, sua expressão atenta enquanto organizava os materiais para o dia.

Os alunos começaram a entrar, conversando e rindo enquanto ocupavam seus lugares. Camila entrou na sala, seus ombros curvados e seu olhar cansado, como se carregasse um peso invisível em seus ombros. Ela sentou-se em sua carteira, olhando para baixo, perdida em seus pensamentos.

A Lenda da Loira do Banheiro: A Origem ObscuraOnde histórias criam vida. Descubra agora