O outro lado da escuridão

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Estava no avião com medo de tudo, era um novo recomeço em um lugar completamente diferente, foi um passo muito grande na minha vida, deixar tudo pra trás e tentar recomeçar. Ainda tava triste, deixar minha família e começar tudo sozinha sem ajuda de ninguém, mais eu tinha que tentar eu tinha que ir e ver com meus próprios olhos o que essa nova jornada tinha preparado pra mim. As vezes o que me faz pensar é que não decide mudar apenas de estado e sim de país, outro idioma, cultura, clima. Estava com medo não  conseguir evoluir ou continuar na mesma bolha de sempre! Mesmo com medo eu tinha espectativa e muita esperança que dessa vez ia dar certo.

Antes de dar esse passo, óbvio que pesquisei tudo, organizei o meu dinheiro e me preparei bastante, queria que tudo desse certo então planejei cada detalhe, pesquisei o país a cidade qual iria morar, se era tranquilo e tinha oportunidade de emprego, tinha uma boa quantia guardada caso alguma coisa desse errado. Não falava a língua nativa do país, mas falava a língua mundial (inglês) onde me ajudou bastante.

Também estava com medo de não ser aceita, sei que o país é bastante conservador e não é muito amigável com estrangeiros.

Enfim o avião pousou depois dois dias de escalas consegui chegar, estava exausta, saí do aeroporto que estava lotado, tinha muita gente tentando pegar um táxi do lado de fora, fiquei quase 1h em pé tentando chamar um pra mim, tinha que fazer o check in até às 19hs e já era 17:49h e levava 40 min do aeroporto até o hotel. Comecei a ficar nervosa porque não me programei se caso o hotel não desse certo. Parecia que estava sendo ignorada, ninguém parava pra mim, até que um táxi parou, e era uma mulher, super simpática.

- 택시가 필요하세요?
- Desculpa, não falo coreano
- Ah desculpa, então é americana?
- Digamos que sim
- Pra onde você vai então?
- Para o Hotel Sol, você sabe onde é?
- Claro que sim

Então ela me ajudou colocar as malas no carro e fomos

- Você veio a passeio ou a trabalho?
- A trabalho, mas ainda não é certo!
- Corajosa, veio de bem longe sem planos?
- Não, tenho planos sim, pesquisei tudo, me organizei antes.
- Então já tem o emprego em mente?
- Tenho sim, na segunda vou fazer uma entrevista de emprego.
- Qual é a empresa?
- Uma multinacional de mídia e marketing

Ela olhou pra mim como é ficou calada por alguns minutos e em seguida perguntou.

- Mais não seria na MCD ( Mídia Center Digital) não né?
- Sim, você conhece?
- Quem não conhece? É uma das maiores empresas de marketing da Coreia, lá fazer marketing pro mundo todo.
-Eu sei!
- Então deve ser muito boa pra conseguir uma entrevista lá, ouvi dizer que é quase impossível conseguir uma entrevista lá, como vc conseguiu?

Apenas fiquei calada e rir.

Chegamos no hotel olhei a hora e faltavam 2 min pra dar 19h, paguei a viagem e sai correndo para a recepção

-Hotel Sol에 오신 것을 환영합니다. 무엇을 도와드릴까요?
- Desculpa não falo coreano.
Então a atendente deu um sorriso e falou
- Eu quem peço desculpas, Bem vinda ao Hotel Sol em que posso ajudar?
- Tenho uma reserva no nome de Sophie Antoniê
- Sim, quarto 304 no 4° andar.

Então fiz o check in peguei o cartão de acesso do quarto e fui para o elevador. Cheguei no quarto, pelo preço da diária o hotel era ótimo, tinha uma ótima vista para um parque e ficava 5 min do metrô. Estava exausta, porém morrendo de fome, na estadia está incluso apenas o café da manhã o almoço e a janta eram por minha conta. Já eram 20:30h consegui localizar um restaurante próximo do hotel com um preço bom e dava pra ir a pé.

Assim que cheguei fui bem recebida, o garçom falava inglês e foi ótimo, sempre fiquei curiosa pra experimentar alguns pratos da Coreia e o primeiro foi kimchi, sempre ficava curiosa para provar. Amo repolho então sabia que iria ser bom. E como esperava, era uma delícia, um pouco diferente do que imaginava, mais uma delícia. Enquanto estava comendo observei que tinha um casal bem na minha frente, eles estavam discutindo, não entendi nada do que estavam falando, mas dava pra perceber que era uma discussão e pra confirmar a moça se levantou e jogou água no rapaz. Todo restaurante parou. O garçom correu até a mesa e foi entregar uma toalha. Nessa hora queria saber coreano pra entender o que tinha ocorrido. O rapaz ficou um bom tempo ainda sentada na mesa, tentei não ficar olhando, mas meu espírito de curiosa era maior que eu. Depois de um tempo ele levantou da mesa, reparei que nem havia tocado na comida. Ele foi pagar a conta e na volta possou por mim, seu olhar era triste, dava pra sentir de longe, de repente ele olha pra mim e eu dou um sorriso grande na tentativa dele rir de volta, porém ele só baixou a cabeça e saiu