capítulo 4

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Eu não estava preparado para ver a garota só de toalha.

Depois de deixá-la na cama, tive que sair. Jamais imaginei que outra mulher me afetaria tanto.

Depois do banho gelado que tomei e ainda assim meu corpo reagiu a ela.
Aqueles olhos tão diferentes. E os cabelos negros. Ela é linda.

Mas ela vai partir em breve. Não a quero aqui. Se em apenas um dia ela me fez sentir assim. Imagina conviver com ela?

Me deito e não consigo pegar no sono. É madrugada quando levanto e passo pelo quarto de Meg.

Ela dorme tranquilamente segurando seu coelho de pelúcia. O coelho que ganhei na feira da cidade quando a mãe dela ainda estava grávida. Eu acertei o alvo. E ela escolheu o coelho.

Lembro como se fosse hoje de Liana dizendo que era o primeiro presente do bebê.

Quando ela segurou Meg pela primeira e última vez ela pegou o coelho e disse que ela sempre estaria com nossa filha.

Um minuto depois todos os meus sonhos desmoronaram. Ela teve eclâmpsia. E o parto em casa não ajudou em nada. Meg nos pegou de surpresa quando voltamos de um jantar na casa dos meus sogros.

Um parto complicado, em um dia que uma chuva torrencial começou de repente. E nenhum carro passa na estrada de chão quando chove forte. O médico chegou quando a bebê tinha recém nascido.

E nada pode fazer. Pois assim que ele pôs os pés no quarto Liana faleceu.
Desde esse dia não consigo conviver com a dor de ver minha filha aqui e a mãe dela não.

Ela se parece demais com a mãe. Para o meu tormento.

Liana e eu achávamos que ela teria os cabelos pretos como os meus. Mas ela é a cópia da mãe e cada vez que coloco meus olhos nela a ferida aberta sangra.

A enviarei para um colégio interno, assim mantenho distância. Não posso amar outra vez. A dor da perda é muito grande. Se eu me apegar a Meg e alguma coisa acontecer a ele? Não vou suportar. Dar a melhor educação e tudo o que o dinheiro possa pagar é o suficiente, meu coração está fechado. E vai continuar para se.pre desse jeito.

Saio para galopar, coisa que faço sempre para me acalmar.

Já é bem tarde quando volto.

-Até quando vai viver assim? Fugindo de tudo e de todos? -Amalia me recebe quando entro pela porta da cozinha.

-Vai começar? Não sou mais aquele garoto que você chamava a atenção Amália.-Coloco meu chapéu no balcão ao lado da porta.

-Nao, não é. -Ela me serve uma xícara de café.

-O que faz ainda acordada?

-Precisamos conversar. A Thalia teve o bebê hoje.

-Isso é uma ótima notícia.

-Sim, meu neto é grande e robusto. Mas ela teve um parto complicado, teve que fazer uma cesariana de emergência, e eu preciso ir cuidar dela. Vou ficar no mínimo uns três meses. Eu já havia comentado sobre isto.

-Sim, Thalia precisa de você. Vou contratar uma empregada para ficar no teu lugar durante este tempo.

-Nao precisa ir muito longe. Marina está procurando emprego. Ela é uma boa moça que veio para a cidade recomeçar a vida. Ela me contou que tinha um noivo e acabou não dando certo por isso saiu de sua cidade.

-Mas ela é uma desconhecida, pode ter inventado tudo isso.

-Meg gosta dela. Sei que para você isso não tem importância, mas para mim tem. Ficarei mais tranquila se a minha menina tivesse uma boa companhia.
Pode contratar alguém para os trabalhos da casa, mas a deixe cuidar de Meg.

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