6-Chamadas

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-Bem, suponho que a tua mulher já te encheu o registo de chamadas.

-É assim tão notório?

-Ora essa! Essa tua pedrada, cabelo esgranhado e roupa amarrotada de à dois dias não é o que te entrega de facto.

As palavras de BangChan tinham ganho forma, passado umas horas da conversa que os dois tiveram no escritório, o telemóvel de Hyunjin fui enchido com um registo de chamadas infinito, tudo da mesma pessoa.

Após ter emborcado um copo de whiskey no escritório foi quando atendeu a chamada à sua mulher querendo tornar tudo rápido.

Inicialmente iria só avisá-la que ia estar fora uma semana e que não iria discutir nada com ela sem ser por meio dos advogados, mas eis que a coisa de estendeu... por horas.

-Duas garrafas de vinho durante a noite e estava pronto para uma terceira, mas parei. -não mencionou Felix como o alterador do rumo da bebedeira e muito menos iria mencionar ao mais velho que se tinham beijado.

-O que é que ela te disse? -sentou-se da cadeira da secretária, encostando-se para trás à espera do longo relatos e as queixas que se iam seguir.

-Comecei por avisá-la que ia estar fora durante uma semana, algo que ela rematou com o facto de ser um pai sem dignidade porque vou faltar ao primeiro recital de ballet da minha filha...

-Ela tem um bocado de razão nessa parte. É um momento importante na vida da Erin e tu vais faltar... -interrompeu, sendo interrompido de seguida.

-E achas que falto de boa vontade? Amo os meus filhos, mas foste tu que me disseste que não podia voltar para casa por questões de segurança.

BangChan encolheu os ombros aceitando só a cota de culpa que o mais novo lhe estava a colocar nos ombros, se o faz sentir-se melhor quem era ele...

-Reclamou sobre como ia aguentar com as crianças com a minha ausência... -prosseguiu a narração. -... como se ela precisa-se de mim para tomar conta dos dois. -bufou. -Depois estendeu a conversa para o divórcio onde ela colocou as culpas sobre eu estar a "afastar-me dos meus filhos" e disse que no mínimo devia de pagar a pensão de alimentos se as coisas fossem ser assim... -revirou os olhos, troçando das palavras da sua mulher.

>Depois falou sobre a guarda, de que ia lutar pela custódia total e que ia expor os meus casos com amantes ao juiz e as dívidas que tive na empresa ao longo dos tempos...

-Pára Hyunjin! Tu ouves-te a falar?

O de cabelos negros paralisou no sofá, não entendendo do que tinha dito de errado para infligir o mau humor do outro.

-Hyunjin! Eles são teus filhos! Estás a descrever-me a conversa como se relatasses uma novela. Onde é que está a tua paternalidade?

Arregalou os olhos e colou-se ao sofá, ainda sem entender o porquê da irritação e de estar envolvido com o facto da sua paternalidade.

-Falas do ballet da tua filha sem tristeza nenhuma de ires perder um momento tão marcante. Não ficas incomodado pelo facto da tua ausência ser tanta na vida dos teus filhos que até usas isso como arma de argumentação contra a tua mulher. Eu se fosse a ti estaria irritado para caralho com o facto de ela trazer ao de cima a custódia dos meus filhos e de me ameaçar de ficar com custódia total.

>Onde está o teu espírito pai? Até me custa mais ouvir-te falar sem emoção alguma sobre os teus filhos do que tu a falares da tua mulher com tanta raiva.

-Eu amo os meus filhos, BangChan! Não acredito que estás a por isso em causa.

-Não coloco isso em causa. Sei que os amas, mas podias demonstrá-lo mais e melhor.

O advogado levantou-se e foi até à mesinha onde encheu um copo com água, bebendo tudo de uma vez.

Afrontar Hyunjin era difícil principalmente porque ele nunca dá ouvidos na hora, ele assimila as palavras, aceita-as mentalmente, mas rejeita-as verbalmente, mais tarde faz uma análise que geralmente tem por resultado não mudar nada, tendo que chegar ao ponto da merda para a atitude mudar.

Apesar disso BangChan continuava firme e na tentativa de ajudar, mesmo que às vezes querendo gritar com Hyunjin e deixá-lo afogar-se na sua própria maré no fim, quando já o tinha avisado daquilo.

-Falas dele com mais emoção. -sussurrou a um nível do qual Hyunjin apanhou todas as palavras.

Cerrou o maxilar, detenedo a língua de defender Felix e o seu comportamento, era a segunda vez que BangChan o ofendia a ambos pela sua ligação.

-Mas o que interessa é que esta manhã descobri que a investigação não vai ser exposta à midea, o que significava que estamos salva guardados, ninguém vai saber de mais nada por isso temos mais uns dias de manobra aqui no Brasil.

Voltou para a secretária focando-se por momentos na sua pasta de onde tirou um telemóvel, colocando-o em cima da mesa virado para Hyunjin.

-O pai dele ligou-lhe. A polícia deve ter comunicado a situação e devem ter tentado saber se ele estava com o pai ou quais serão os possíveis locais, é provável até que tenham sido eles a sugerir para ligar e tentar saber algo.

O pai de Felix era a família mais próxima do menor, a mãe ainda era viva, mas de longe tinha uma conexão especial com o loiro como este tinha com pai.

Era provável que tivessem ligado à mãe, mas não lhes serviu de nada, nem o número do filho tinha, da última vez que trocara de número, Felix esquecera de lhe liga para avisar que este era o seu novo número, era tão rara a vez em que falavam.

-Achas que se ele soubesse de algo ia dizer à polícia? Talvez ele falar com o pai o ajude. -esfregou as têmporas, com dor pelo álcool todo ingerido.

-Não sei até que ponto a relação deles é boa. Como pai nunca o faria, mas é difícil responder pelos outros... Por enquanto acho que isto deve ficar assim, é melhor não lhe contar nada sobre as chamadas e deixar o pai na ignorância até termos mais certezas.

-Se o dizes...

Mentiras...

A este ponto o que
faria de mal mais uma
?

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