King's Landing

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Quando desci do navio para o porto, o sol escaldante de King's Landing fez borrar toda a tintura do pergaminho em minha mão.

— Não me lembrava que aqui era tão quente. — Eu falei.

— Podemos fingir que não recebemos o corvo de sua mãe e voltamos como se nada tivesse acontecido. —  Rhaenys pegou o pergaminho da minha mão e jogou no mar.

Nós sorrimos e caminhamos até a carruagem cercada de cavaleiros que nos esperava.

— O que viemos fazer aqui? — Eu perguntei assim que a carruagem começou a andar.

— Sua mãe quer vê-la! — Rhaenys me respondeu.

— Se ela quisesse me ver, teria ido me visitar em Driftmark como sempre fez e eu não teria trazido todas as minhas coisas se fosse apenas uma visita comum. — Eu rebati.

— Você tem razão, Ametara. Você está aqui por já ter passado da hora de você voltar. De onde você nunca deveria ter saído. Seu verdadeiro lar. — Ela disse.

Eu não a respondi. Fiquei calada todo o trajeto até o castelo. Quando eu saí, a Rhaenyra me esperava.

— Ametara! Perdoe-me por não ter visitado você nesses meses. A gravidez não me deixa colocar um pé em um navio sem vomitar sem parar. — Ela me abraçou.

— Tudo bem, mãe. Eu entendo. Não vejo a hora do meu irmão ou irmã nascer. — Eu a abracei forte e acariciei sua barriga.

— Venha. O Lucerys sentiu sua falta. — Ela entrou no castelo.

— E o Jace não? — Eu perguntei confusa.

— Claro que sim. — Ela subiu as enormes escadas.

Eu ia seguindo ela e observando tudo ao redor. Os servos que encontrava pelo caminho paravam de fazer o que quer que estivessem fazendo para me olhar. Ela abriu a porta e entrou. Era um quarto. Quem estava lá era Lucerys e o Joffrey. Os dois se levantaram do chão quando me viram.

— Ametara. — Luke andou até mim e me abraçou. — Eu estava sentindo muito a sua falta.

— Eu também. Está tão grande quanto eu. — Eu baguncei os seus cabelos e peguei o Joffrey no colo, beijando sua bochecha, e olhei para a Rhaenyra. — Onde está o Jace?

— Foi dar uma volta com o Daemon com os dragões. Mas logo ele estará aqui para o jantar de boas vindas. — Ela pegou o Joffrey e o colocou no chão. — Fique com o Luke. — Depois disso, olhou para mim e entrelaçou seu braço no meu. — Vamos conversar no jardim?

Senti um alívio quando não havia encontrado o Jace. Não por não gostar dele, muito pelo contrário. Ele me fazia ficar nervosa desde criança. Embora depois disso, eu nunca mais o vi. Não sabia como ele estava e nem se o nervosismo ainda existia.

— Pensei que poderia ver meu avô Viserys. — Disse quando saímos do quarto e começamos a caminhar pelos corredores.

— Claro que você pode, mas devemos conversar antes. — Ela falou.

— Vai ter um jantar de boas vindas para mim. Bastante interessante. — Eu disse.

— Um banquete na verdade. Todos estão felizes que você finalmente retornou para casa. — Ela me respondeu.

— Por mim eu nunca teria saído da capital. Morar com meus avós foi bom, mas se fosse para escolher... — Eu suspirei. — Não é a mesma coisa.

— Tínhamos que fazer isso. Para proteger você. — Ela me parou e olhou para mim.

— Eu já conheço essa história. — Eu voltei a andar. — Faz muitos anos que eu sei me defender sozinha. Você vai ser uma ótima rainha, principalmente porque nasceu e cresceu aqui. E quanto a mim? — Eu a olhei. — Não conheço nada daqui. Eles não me conhecem. Por que gostariam de me ter como rainha?

A Rainha Roxa - House Of The DragonOnde histórias criam vida. Descubra agora