Encontrar Taehyun, sem dúvidas, foi a melhor coisa que aconteceu-me após minha chegada no limbo, pelo menos agora eu sabia que não iria morrer, e que eu estava ao lado do meu melhor amigo. O acontecimento da noite passada me fez questionar durante a noite o que eu tinha sentido ao ser beijado por Taehyun, havia sido algo tão.. Doce e suave. Eu nunca tinha sentido algo parecido antes, então, de qualquer forma, era impossível identificar o que eu sentia pelo mesmo. Aquele limbo escasso de qualquer iluminação ficou menos terrível quando o encontrei.
Enquanto andávamos lado a lado sem parar, com nossas roupas batidas de tanto serem usadas, brincávamos um com o outro na esperança de que a energia pesada daquele local se esvaísse aos poucos. Um alto barulho foi ouvido por ambos de nós dois, Taehyun, em uma reação da qual não esperei, apenas revirou os olhos e continua andando, segurando minha mão.
— Taehyun.. Que barulho foi esse? - Adiantei os passos para acompanhá-lo, com medo.
— Não se preocupe. - Ele respondeu-me. — É apenas o Jeonghan novamente, esse cara não dá paz a ninguém.
— Quem é Jeonghan..? - Sussurrei, ficando estático ao sentir uma respiração em minha nuca.
— Olá, meu bem.
A voz rouca que passou por meus ouvidos baixa como um sussurro, me deixando pálido e em pânico. Uma mão tão branca quanto meu semblante assustado tocou-me o ombro, e então, um garoto de olhos negros anda lentamente até seu olhar se encontrar com o meu.
— Taehyun.. - Chamei Kang, em pavor, numa tentativa falha que o garoto à minha frente me largasse.
Minha voz quase inaudível fez o garoto, ou seja lá o que fosse aquela figura sorrir, mostrando seus dentes mais afiados do que os de uma besta.
— Jeonghan, solte-o. - Taehyun disse para o garoto, que somente olhou-o com antipatia em suas expressões.
— Para quê tanta grosseria, Taehyun? Apenas quero conhecer o garoto bonito.
Eu estava sem saber o que fazer, queria gritar, mas a voz faltava-me a garganta, parecia que ele havia sugado toda a minha voz e energia. Apenas engoli em seco e desviei o olhar do garoto, que segurou o meu rosto e fez-me encara-lo.
— Por favor.. Não me machuque. - Eu implorei, com os resquícios de força que existia em meu corpo.
— O quê? Eu te machucar? Claro que não.. - O mesmo sorriu maliciosamente, passando seus dedos com unhas longas e escuras por minha face.
Taehyun tinha um olhar odioso sobre a figura que me tocava, com a mandíbula travada e os punhos cerrados.
— Jeonghan, solte-o agora!
— Cale-se! Deixe-me conhecê-lo.
E apesar do pânico, fiquei perguntando-me em silêncio o motivo pelo qual Taehyun não tentava me ajudar, por mais que talvez fosse óbvio que seria perigoso demais.
— O que é você..? - Perguntei, com os lábios trêmulos.
— Não percebeu ainda, docinho? - Seus dentes amarelados apareceram num sorriso. — Sou um demônio.
— Me solte, por favor.. - Juntei poucas forças para tentar me soltar, apenas sentindo suas mãos agarrarem-me ainda mais.
— Acalme-se, querido.. Conte-me o seu nome. - Sua voz repentinamente tornou-se calma.
E aproximando o seu rosto do meu, tive calafrios de desespero. Permaneci em silêncio.
— Eu disse.. Conte-me o seu nome. - Ele fixou seus lumes negros nos meus.
— Beom.. Beomgyu, Choi Beomgyu.. - Enfim respondi, com os olhos marejados.
— Cacete, Jeonghan! Deixe-o em paz! - Taehyun enfim se aproximou, demonstrando o ódio pelo garoto demoníaco.
— E eu te chamei na conversa? - O outro indagou, com sarcasmo.
— Tsc, você me dá nos nervos.
— Você é belíssimo, Beomgyu.
Jeonghan começou a descer suas mãos por meu corpo, que tremia sem parar, enquanto eu apenas chorava em silêncio, mesmo não sabendo suas intenções, eu sabia que não era nada bom. Taehyun, enfurecido e provavelmente sabendo o que o garoto queria fazer, puxou-me fortemente pelo pulso, me deixando atrás dele.
O olhar vazio das íris pretas de Jeonghan tremeram em ira, seus punhos cerraram-se como armadilhas afiadas, ele estava pronto para me tomar de Taehyun, até o mesmo tirar algo parecido com uma pedra brilhante do bolso, que reluzia um brilho forte, direcionando-a ao garoto demônio, que com as mãos nos olhos, recuou para trás.
— Você e essa sua pedra ridícula mais uma vez?! - Bradou, recuando mais a medida em que Taehyun se aproximava com o objeto nas mãos.
— Vá embora, deixe o meu garoto em paz. - Taehyun respondeu, com uma voz furiosa.
— Espero que um dia você perca essa porcaria. - Jeonghan parecia desaparecer aos poucos no meio de uma fumaça acinzentada que surgiu ao seu redor. — Eu vou voltar.
Ambos se olharam com desdém, até que, num passe de mágica, o garoto sumiu nas sombras do limbo.
— Devemos ficar espertos, a qualquer momento ele pode voltar. - Taehyun suspirou, incrédulo.
— O quê?! - Quase gritei, assustado demais para acreditar nas palavras de Kang.
— Calma, Gyu. Eu nunca vou deixar ele te machucar. - Ele me abraçou, e eu retribui, enfim me sentindo seguro novamente.
— Obrigado, Tae.
— Não há do que agradecer, meu bem.
![](https://img.wattpad.com/cover/340525510-288-k862528.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Neverland
RomanceBeomgyu é expulso da Terra do Nunca após ultrapassar a idade limite dada pelo guardião das crianças da ilha, ou como mais conhecido, Peter Pan, e precisa tentar sobreviver sozinho no limbo, até encontrar um alguém familiar para si, e que mudou etern...