Capítulo cinco.

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Encontrar Taehyun, sem dúvidas, foi a melhor coisa que aconteceu-me após minha chegada no limbo, pelo menos agora eu sabia que não iria morrer, e que eu estava ao lado do meu melhor amigo. O acontecimento da noite passada me fez questionar durante a noite o que eu tinha sentido ao ser beijado por Taehyun, havia sido algo tão.. Doce e suave. Eu nunca tinha sentido algo parecido antes, então, de qualquer forma, era impossível identificar o que eu sentia pelo mesmo. Aquele limbo escasso de qualquer iluminação ficou menos terrível quando o encontrei.

Enquanto andávamos lado a lado sem parar, com nossas roupas batidas de tanto serem usadas, brincávamos um com o outro na esperança de que a energia pesada daquele local se esvaísse aos poucos. Um alto barulho foi ouvido por ambos de nós dois, Taehyun, em uma reação da qual não esperei, apenas revirou os olhos e continua andando, segurando minha mão. 

— Taehyun.. Que barulho foi esse? - Adiantei os passos para acompanhá-lo, com medo. 

— Não se preocupe. - Ele respondeu-me. — É apenas o Jeonghan novamente, esse cara não dá paz a ninguém.

— Quem é Jeonghan..? - Sussurrei, ficando estático ao sentir uma respiração em minha nuca. 

— Olá, meu bem.

A voz rouca que passou por meus ouvidos baixa como um sussurro, me deixando pálido e em pânico. Uma mão tão branca quanto meu semblante assustado tocou-me o ombro, e então, um garoto de olhos negros anda lentamente até seu olhar se encontrar com o meu. 

— Taehyun.. - Chamei Kang, em pavor, numa tentativa falha que o garoto à minha frente me largasse. 

Minha voz quase inaudível fez o garoto, ou seja lá o que fosse aquela figura sorrir, mostrando seus dentes mais afiados do que os de uma besta. 

— Jeonghan, solte-o. - Taehyun disse para o garoto, que somente olhou-o com antipatia em suas expressões. 

— Para quê tanta grosseria, Taehyun? Apenas quero conhecer o garoto bonito. 

Eu estava sem saber o que fazer, queria gritar, mas a voz faltava-me a garganta, parecia que ele havia sugado toda a minha voz e energia. Apenas engoli em seco e desviei o olhar do garoto, que segurou o meu rosto e fez-me encara-lo. 

— Por favor.. Não me machuque. - Eu implorei, com os resquícios de força que existia em meu corpo. 

— O quê? Eu te machucar? Claro que não.. - O mesmo sorriu maliciosamente, passando seus dedos com unhas longas e escuras por minha face.

Taehyun tinha um olhar odioso sobre a figura que me tocava, com a mandíbula travada e os punhos cerrados. 

— Jeonghan, solte-o agora! 

— Cale-se! Deixe-me conhecê-lo. 

E apesar do pânico, fiquei perguntando-me em silêncio o motivo pelo qual Taehyun não tentava me ajudar, por mais que talvez fosse óbvio que seria perigoso demais. 

— O que é você..? - Perguntei, com os lábios trêmulos. 

— Não percebeu ainda, docinho? - Seus dentes amarelados apareceram num sorriso. — Sou um demônio. 

— Me solte, por favor.. - Juntei poucas forças para tentar me soltar, apenas sentindo suas mãos agarrarem-me ainda mais. 

— Acalme-se, querido.. Conte-me o seu nome. - Sua voz repentinamente tornou-se calma.

E aproximando o seu rosto do meu, tive calafrios de desespero. Permaneci em silêncio. 

— Eu disse.. Conte-me o seu nome. - Ele fixou seus lumes negros nos meus. 

— Beom.. Beomgyu, Choi Beomgyu.. - Enfim respondi, com os olhos marejados. 

— Cacete, Jeonghan! Deixe-o em paz! - Taehyun enfim se aproximou, demonstrando o ódio pelo garoto demoníaco. 

— E eu te chamei na conversa? - O outro indagou, com sarcasmo. 

— Tsc, você me dá nos nervos. 

— Você é belíssimo, Beomgyu. 

Jeonghan começou a descer suas mãos por meu corpo, que tremia sem parar, enquanto eu apenas chorava em silêncio, mesmo não sabendo suas intenções, eu sabia que não era nada bom. Taehyun, enfurecido e provavelmente sabendo o que o garoto queria fazer, puxou-me fortemente pelo pulso, me deixando atrás dele. 

O olhar vazio das íris pretas de Jeonghan tremeram em ira, seus punhos cerraram-se como armadilhas afiadas, ele estava pronto para me tomar de Taehyun, até o mesmo tirar algo parecido com uma pedra brilhante do bolso, que reluzia um brilho forte, direcionando-a ao garoto demônio, que com as mãos nos olhos, recuou para trás. 

— Você e essa sua pedra ridícula mais uma vez?! - Bradou, recuando mais a medida em que Taehyun se aproximava com o objeto nas mãos. 

— Vá embora, deixe o meu garoto em paz. - Taehyun respondeu, com uma voz furiosa.

— Espero que um dia você perca essa porcaria. - Jeonghan parecia desaparecer aos poucos no meio de uma fumaça acinzentada que surgiu ao seu redor. — Eu vou voltar.

Ambos se olharam com desdém, até que, num passe de mágica, o garoto sumiu nas sombras do limbo. 

— Devemos ficar espertos, a qualquer momento ele pode voltar. - Taehyun suspirou, incrédulo. 

— O quê?! - Quase gritei, assustado demais para acreditar nas palavras de Kang. 

— Calma, Gyu. Eu nunca vou deixar ele te machucar. - Ele me abraçou, e eu retribui, enfim me sentindo seguro novamente. 

— Obrigado, Tae. 

— Não há do que agradecer, meu bem.

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