Seis.

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No estúdio, naquele dia, Levi retornou a gravar com algum parceiro. Primeiro foi Mike, onde gravou um plot romântico, mas o homem era terrível. Mike era extremamente afobado e não conseguia atuar em nada do gênero, só estava ali por ter o pau acima da média. O outro foi Nile. O homem era talvez um dos mais velhos dali, e gravar com ele também foi péssimo, mas o diretor acabou gostando apenas pela diferença de tamanho, Nile era relativamente baixo, pouco mais de 1,75, e ficava bem por Levi ser bem menor.

Enquanto gravavam, o diretor chamou Erwin em outra sala, estava curioso sobre o comportamento do loiro nos últimos dias, principalmente em relação ao novato.

— Nosso novato bateu mais um recorde. Ele de longe foi a melhor escolha do seu pai em anos. — Confessou o diretor, sentando na mesa. Erwin confortavelmente assentiu, querendo parecer que não sabia d todo aquele sucesso e que não havia se excitado com o vídeo dele.

— Tem certeza que não quer gravar com ele? Posso garantir que vai ser um enorme sucesso. Não que você precise de mais dinheiro, né...

— Não. — Disse simples e seco, o diretor suspirou. — Tenho preferência em gravar com garotas, sabe disso. — O diretor riu, mas não duvidaria da palavra do filho do dono.

— Ele não é muito diferente de uma. É só colocar uma peruca e comê-lo por trás. Mas não vou te forçar, talvez algum dia eu consiga reunir meus dois melhores. — Lançou uma piscadela, decidido em fazer com que aquilo acontecesse e pudesse nadar no dinheiro às custas dos dois. — Bom, eu te chamei aqui para pedir algumas opiniões. Acho que preciso explorar mais o garoto. Fazer umas cenas mais pesadas... — Aquilo não parecia uma boa ideia e deixava Erwin extremamente desconfortável. Ora, Erwin não era nenhum santo, mas algo em Levi simplesmente lhe despertava empatia. Ele não merecia mergulhar às cegas na indústria pornográfica e ser explorado a todo custo. Como todas as outras pessoas, em sua maioria mulheres. Levi parecia inocente e estava ali por outras motivações, não porque gostava de gravar.

— E o que ele acha disso? — Questionou, sentando-se na mesa.

— Você sabe, Erwin... Ele não tem que achar nada, sou eu quem mando enquanto seu pai está fora. — O loiro suspirou. Infelizmente era verdade, e era melhor que ele comandasse, porque seu pai tinha um histórico muito pior. Por isso quis afastá-lo da direção, Erwin não concordava com a maioria das coisas que aconteciam sob as asas do seu pai.

— Ele ficaria ótimo gravando fora do estúdio, um BDSM e com mais de um cara. Eu pensei em dois, pra não assustá-lo. Viu como estou sendo legal com ele? Nile e Mike são minhas melhores opções no momento. — Erwin fez uma careta e o diretor percebeu.

— Tem sugestão melhor? Minha primeira opção era você, e você não quer, certo? Então o moleque vai ter que fazer essas coisas diferentes, já já os caras enjoam dele fazendo a mesma merda, e a gente perde dinheiro. A bunda dele é boa, mas nessa indústria você precisa inovar, se quiser continuar com status. — A fala fez Erwin suspirar novamente. Detestava tanto aquilo que às vezes se arrependia de ter entrado em toda essa merda apenas para afrontar o cuzão do seu pai.

— Está rolando algo entre vocês dois que eu não sei? — Questionou, fazendo Erwin sair de seu transe.

— Não. Obviamente não. Eu só acho que pelo fato dele ser novato-

— Besteira, Erwin. — O diretor deu três tapinhas no ombro do loiro. — Deixe comigo então.

— Espera. — O diretor olhou ansioso. — Me deixe pensar sobre isso. — A fala fez o diretor revirar os olhos, mas se deu por satisfeito. Por hora.

— Se não topar, vou ter que usar o rapaz da minha maneira. Espero que tome a sua decisão o mais breve possível. Você é filho do dono, mas quem está no comando sou eu. — Erwin ergueu uma de suas sobrancelhas grossas. Riu, achando a fala engraçada. Ergueu-se de onde estava, caminhando a passos largos até o homem de estatura média. Ele precisou se inclinar para dizer, aos sussurros e rente a audição alheia. — Tente fazer alguma coisa que não seja do meu agrado. — Erwin finalizou, abandonando a sala.

O diretor grunhiu, provavelmente de raiva, gritando um "maldito".

Erwin com certeza daria trabalho. E além disso, precisava descobrir se estava acontecendo algo que ele não sabia.

[...]

Levi não queria criar vínculos com ninguém da empresa. Não era como se fosse uma pessoa ruim, só julgava ser a atitude mais inteligente, já que aquilo era seu emprego temporário. Ou era aquilo que acreditava.

Gravar tornou-se parte do seu dia a dia. Às vezes, fazia três ou quatro cenas por dia. Era muito para o que precisava fazer. Ficava exausto e no final do dia só queria a sua casa.

Mas pelo menos estava conseguindo custear todo o tratamento de sua mãe e ela estava tendo uma melhora significativa. E assim permaneceu até o próximo mês, quando o estúdio organizou uma festa em comemoração ao lucro do último mês. Erwin e Levi tinham praticamente total pela explosão de inscritos.

Levi, em contrapartida, só queria um aumento em seu salário e só resolveu ir depois de muita insistência. Ele odiava festas, multidões e sobretudo bebida alcoólica. Costumava ser muito fraco e caso se rendesse ao álcool, provavelmente daria trabalho. Ou faria alguma besteira.

Mas havia ficado próximo de Isabel nos últimos meses, e ela estava sempre animada. Naquele dia em especial, a dona dos cabelos ruivos havia escolhido uma roupa apropriada para a ocasião.

— Essa calça não está justa demais? — Ele perguntou, olhando sua bunda no espelho. — Estou parecendo um ator porn- Ah! Esquece, é isso que eu sou mesmo. – Isabel caiu na gargalhada, tanto pela fala inusitada quanto pelo fato de que Levi havia falado sério e não uma piada para descontrair.

— É por isso que eu te adoro, Levi. — Ela disse, enxugando as lágrimas. Levi ainda encarava sério.

– Vamos, antes que eu mude de ideia. —A ruiva prontamente assentiu, e por fim chamaram um uber..

Pouco tempo depois, chegaram à boate que a empresa tinha alugado somente para aquela ocasião. Na verdade, era uma mansão com um enorme pátio e piscina. O lugar era extravagante e luxuoso, mas a decoração era um tanto cafona. Havia muita bebida, mulheres e drogas. Levi ficava um pouco ansioso em ambientes muito cheios, mas Isabel tinha o dom de acalmá-lo. Ela e Farlan, um dos cinegrafistas que acabou se tornando seu amigo.

— Olha a atração da festa como está o homem mais gostoso do mundo. — Disse Isabel, suspirando para Erwin, que para variar, estava cercado de gente. Ele vestia uma roupa branca e confortável, como se estivesse em uma festa na praia. Nem parecia ser milionário. Erwin adorava branco. Segurava consigo uma bebida laranja, a julgar de longe, parecia sex on the beach. Ele estava ao lado do diretor, provavelmente falando sobre trabalho.

— Sem exageros, Isa. — Ela fez uma careta, torcendo o nariz.

— Você sabe que sim. A festa é para ele. — Deu de ombros, pegando uma bebida do a bandeja do garçom, quase derramando em seu vestido. Sempre desastrada.

— Na verdade, para ele e Levi. — Corrigiu Farlan. O rapaz ficou confuso. — Os números de Levi foram maiores que os de Erwin no mês passado, inclusive.

O moreno apenas revirou os olhos e cruzou os braços. Do que adiantava ter batido o record e não ter recebido um aumento?

Naquele mesmo momento, o diretor notou sua presença e caminhou até o trio, Levi já queria desaparecer.

— Minha estrela! — Ele praticamente gritou. Levi suspirou e manteve a mesma expressão, mas tentou forçar um sorriso. — De mãos vazias? Não pode, a festa é para você! — Ele chamou um garçom e pegou uma bebida da bandeja e praticamente forçou Levi a segurar.

— Ah, não... eu não bebo. Mas... eu queria saber se vocês tem chá de pêssego. — O diretor riu de gargalhar, apertando a própria barriga. Levi olhou confuso, novamente. — Você é o cara mais hilário que eu conheço! Toma! — Fez com que ele segurasse. Levi podia sentir o cheiro de álcool de longe. Aquilo acabaria consigo.

Erwin olhava em silêncio, e por alguns segundos, trocaram olhares, ainda afastados. O rapaz engoliu em seco e tomou uma golada daquela bebida forte e doce, que rasgou-lhe a garganta. Ele fez uma carta, o que fez Erwin sorrir.

Aquela noite seria longa.

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