O PESADELO.

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Naquela noite, aos quinze anos, o sono me acolheu de maneira inesperadamente fácil, talvez influenciado pelos novos remédios que estava tomando. Tudo parecia tranquilo até que, no meu sonho, me vi como uma observadora distante, testemunhando uma cena angustiante. Uma jovem de cabelos loiros corria desesperadamente através de uma tempestade, lutando para se manter de pé na lama que ameaçava prendê-la. Ela estava em uma fuga frenética, buscando escapar de algo indefinível que a perseguia implacavelmente.

Com agonia nos olhos, a jovem finalmente encontrou refúgio em uma cabana sombria e deteriorada, uma estrutura de um único cômodo com um guarda-roupa quebrado e uma cama desgastada. Ela se encolheu em um canto, desesperadamente tentando se esconder da presença que a atormentava. No entanto, o terror tomou conta quando a "coisa" finalmente a encontrou, e num instante, eu e a jovem trocamos de lugar.

A sombra, com olhos brilhantes e vermelhos, se abateu sobre mim, agarrando meus pulsos, tornozelos e pescoço com uma força cruel. A intensidade da agonia foi avassaladora, como se cada músculo do meu corpo fosse esticado até o limite. A violência culminou em um ato terrível, meu corpo foi despedaçado em pedaços, e então, num sobressalto, acordei, ofegante e sem fôlego.

Os dias seguintes se tornaram um calvário enquanto uma sensação constante de perseguição se apoderava de mim, sem que eu conseguisse vislumbrar o que estava por trás dessa sombria presença. Uma tarde banal de aula de Biologia se transformou em um pesadelo real quando, desapercebidamente, eu arranhava a ponta dos meus dedos com um estilete. Nesse momento, meus olhos se voltaram involuntariamente para o canto da sala, e lá estava ela: a sombra.

Em um esforço para escapar daquela sinistra presença, tentei sair da sala discretamente, mas o professor percebeu meu estado e me guiou até a porta. Minhas forças cederam, e eu caí. Levada às pressas para o hospital, meu mundo parecia desmoronar quando o médico assegurou aos meus pais que estava tudo bem, alimentando a descrença do meu pai, que novamente presumiu que eu buscava atenção.

No hospital, sozinha na maca, lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto a sombra reaparecia. Tomada pela angústia, lancei um grito desesperado e, num gesto impulsivo e fracassado, busquei cegar-me. Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, os funcionários do hospital intervieram, injetando algo na minha veia, e então a escuridão me envolveu.

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